quarta-feira, dezembro 30, 2009

A irmandade protege-se

“O Presidente do Supremo Tribunal de Justiça criticou o juiz de instrução de Aveiro que terá extrapolado das suas funções…” e a notícia segue os seus trâmites com o despacho e as razões do meritíssimo Noronha para considerar nulas as primeiras seis conversas entre Sócrates e o seu amigo Armando Vara, conversas, recorde-se, que levaram o juiz de instrução de Aveiro à presunção do crime de atentado ao estado de direito. Segundo Noronha do Nascimento o juiz de Aveiro ao retirar consequências de conversas interceptadas em que interveio o primeiro-ministro viola o artigo tal e a alínea tal, etc. etc.…

Hesitei no título, podia ter sido, reveillon com o procurador, ou então, trabalhos preparatórios, enquanto não chega a prometida comunicação de Pinto Monteiro sobre os fundamentos do seu despacho de nulidade relativamente às restantes 'conversas em família'. Ainda não é tarde, ainda falta um dia para o trinta e um, por isso aguardemos. Mas, se houver comunicação, não deve andar longe desta oportuna notícia e da não menos oportuna revelação sobre o despacho do presidente do Supremo – ponderosas razões adjectivas naturalmente. O juiz de Aveiro não podia ter ouvido aquilo que ouviu, ou seja, não podia ter ouvido o primeiro-ministro a relatar (ou combinar) um presumível crime, nem que fosse a confissão de um homicídio! Isso é para outros ouvidos, ouvidos superiores e superiormente treinados a ouvir. É assim que a lei deve ser interpretada.
Que rica irmandade, e que rico país!

Saudações monárquicas

quinta-feira, dezembro 24, 2009

Boas Festas

O Interregno deseja um Bom Natal a todos os que o visitam. E para o novo ano que se avizinha o mesmo voto de sempre: - que o verdadeiro interregno termine o mais rápidamente possível.
Saudações monárquicas.

domingo, dezembro 20, 2009

O arrefecimento lá em casa

Habito uma casa antiga e velha ao mesmo tempo, sinónimo de frinchas nas janelas, ventania pelos corredores, e quando chove, pingadeiras que os telhados já não resolvem! Uma casa onde o aquecimento global ainda não chegou! Então nestes dias frios como o gelo, que desmentem noticiários e conferências (com aquecimento central), eu queria vê-los aqui a rapar… Mas é precisamente nestas alturas que me dá para sonhar! Imagino a verdejante alegria dos vikings ancestrais na ancestral ‘greenland’, hoje glaciar Groenlândia, e não imagino que tenha sido o homem a produzir tais modificações no planeta. Nem me imagino com forças suficientes para interferir na galáxia onde haverá forças mais do que suficientes para esse efeito. Já não falo no plano de Deus para que não me julguem por heresia (ou terrorismo), pois bem sabemos que atrás de um democrata está sempre um déspota, mais ou menos iluminado.
Quem também não acredita nesta história da responsabilidade humana pelo clima em que vivemos é o nosso amigo venezuelano. Chavez já percebeu que lhe estão a ir ao bolso. Por causa dos muçulmanos (e dos longínquos poços, cada vez mais difíceis de defender e controlar) vão querer limitar o poder do petróleo e dos seus legítimos proprietários. É por aqui que entram as energias alternativas, ditas limpas, mas enquanto houver petróleo barato, impossíveis de explorar a um custo razoável. A guerra é esta apesar de reconhecermos que o tema ‘energias renováveis’ é sempre um bom início de conversa. Especialmente para Portugal, que só tem a ganhar com isso, uma vez que não somos produtores de petróleo. Mas éramos, lembrem-se lá…

Saudações monárquicas

quinta-feira, dezembro 17, 2009

Sequência sinistra

Pinto Monteiro hoje em Belém… Ontem, Cândida de Almeida, directora do DCIAP, reconheceu que o Freeport está “muito perto do fim”… A audiência com Cavaco fará com que Pinto Monteiro esteja ausente na cerimónia de (re)tomada de posse de Noronha do Nascimento, como Presidente do Supremo Tribunal de Justiça.

Uma notícia no jornal, em meia dúzia de linhas é difícil juntar personagens tão sinistras! Escolhidas a dedo, colocadas nos lugares certos, dão-nos a garantia que nenhuma eminência do regime será molestada pela justiça, com letra pequena.

Aceitam-se palpites - o que irá fazer Pinto Monteiro a Belém?!
Irá avisar o PR sobre os perigos de satisfazer o pedido da bancada do PSD, que como se sabe, requereu a publicidade dos despachos de arquivamento do PGR?!
Ou irá combinar uma nova dilação, uma troca de prisioneiros, e a possibilidade de fornecer à população, juntamente com a vacina da gripe, um elixir do esquecimento?!

Perante tais eminências até a natureza se revolta – pela calada da noite, desatenta ao que se passa em Copenhaga, a terra tremeu. Como se fora um golpe de vento… ía-me levando a empena!
Epicentro no Atlântico, fico mais descansado.

sábado, dezembro 12, 2009

Excessos dinásticos

Catarina, nome de imperatriz e de rainha, Castro pelo pai, deputado do PS, aparentada ou ligada às melhores famílias de Abril, não conseguiu ser eleita para o ‘tribunal constitucional’.
Indicada pelo partido socialista, com o acordo dos sociais-democratas, faltaram-lhe uns quantos votos para passar! Mas nada está perdido, vai à segunda chamada em Fevereiro, e se chumbar outra vez, aplica-se a norma europeia dos referendos (com excelentes resultados na Irlanda) – Catarina repetirá o exame até que os seus pares pronunciem o inevitável ‘sim’!
Nada disto tem a ver com Catarina, que será uma jurista de mérito, e perfeitamente capaz de desempenhar o cargo com a mesma eficiência que os outros designados. A questão, como já temos escrito, é de outra ordem, ou se quiserem, de outra desordem. Explico: - em primeiro lugar chamar ‘tribunal’ a um órgão maioritariamente ocupado por comissários políticos, ou seja, por pessoal designado pelos partidos, só pode servir para confundir os portugueses ou desprestigiar a independência de juízes e tribunais.
Em segundo lugar e consequência óbvia da desordem instalada é esta proliferação dinástica que enche e preenche lugares e cargos públicos a uma velocidade e com uma desfaçatez nunca antes vista! É a filha, é o primo, é a amiga do primo, o compadre, várias dinastias que se ajustam, que negoceiam, que trocam favores... e lá em baixo está o povo a olhar!
É também por isso que eu sou monárquico - uma dinastia de cada vez.

quinta-feira, dezembro 10, 2009

Malagrida, Pombal e Copenhaga!

Num artigo fantástico Helena Matos desmonta no Público de hoje o histerismo que se vive em Copenhaga (e no mundo) face às diabruras da natureza. Com a devida vénia transcrevo alguns excertos elucidativos: -
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" Nas Igrejas pode estar a diminuir o número de fiéis, mas nas ruas correm multidões de penitentes. Dizem que vão salvar o planeta e sobretudo comprazem-se em anunciar-lhe o fim... Àqueles que ousam questionar tal Apocalipse acusam de incredulidade e casos existem em que tentaram mesmo criminalizar a formulação destas dúvidas que vêem como uma heresia.
E assim, dois séculos e meio após ter sido escrito o 'Juízo da Verdadeira Causa do Terramoto Que Padeceu a Corte de Lisboa', no primeiro de Novembro de 1755, o padre Gabriel Malagrida tornou-se não só uma obra actual como global...
Nesse século XVIII em que Malagrida foi pregador, o terramoto de Lisboa foi visto como um sinal da ira divina. Cabe perguntar porque se teria zangado Deus em 1755 com esta cidade de Lisboa? Depende da fé dos acusadores. Para o jesuíta Malagrida a zanga de Deus provinha dos 'intoleráveis pecados', como a vaidade, praticados nesta cidade. Para os protestantes aquela catástrofe nascia do desagrado divino com esta Lisboa onde se adoravam imagens, existia a Inquisição e se dizia missa em latim, o que, segundo eles, impedia o conhecimento da palavra de Deus e gerava a sua consequente fúria.
O resto da história é razoávelmente conhecido: o padre Malagrida acabou queimado num auto-de-fé e o Marquez de Pombal reforçou os seus poderes...
Aquele espalhafato penitencial da pegada ecológica que esta semana anda por Copenhaga tem de facto muito do palavreado dos pregadores que, como o pobre Malagrida, aterrorizavam os nossos antepassados, associando os seus pecados aos tremores de terra, à perda de colheitas, às secas ou à fúria das águas. As alterações climáticas sempre aconteceram e a instabilidade do clima sempre reduziu os homens, sejam eles das cavernas ou dos arranha céus, à sua insignificância...
Mas não sejamos inocentes: Malagrida não existe sem Pombal. Por Copenhaga circulam os herdeiros do autoritarismo iluminista que em cada catástrofe, seja ela real ou anunciada, vêem uma possibilidade de aumentar o seu poder para níveis que, se não fosse a ambiência catastrófica, não se aceitariam...'

sexta-feira, dezembro 04, 2009

Escutas falsas na net

Ao que isto chegou! É verdade, houve quem se desse ao trabalho de forjar escutas falsas reproduzindo supostas conversas entre Sócrates e Vara tentando assim iludir os incautos. Via internet tive acesso a esses textos/documentos que logo me pareceram falsos como Judas. Mais tarde confirmei o facto no Público on line. Com efeito, o que aí se pretende (entre palavrões e injúrias para despistar) é nem mais nem menos do que ilibar Sócrates sustentando as desculpas de inocência com que se tem defendido. Nomeadamente a tese de que só soube do negócio entre a PT e a TVI pelos jornais.
Enfim, se dúvidas houvesse sobre a importância das escutas reais entre Vara e Sócrates e da importância que a sua destruição representa para os infractores, essas dúvidas ficam agora desfeitas. Como fica desfeita qualquer dúvida sobre a credibilidade deste regime. Estamos no ponto zero ou como afirmou o Duque de Bragança - Portugal está doente.
No meio da confusão tentam linchar Manuela Ferreira Leite (inclusivé dentro do seu próprio partido!) só porque se atreveu a dizer a verdade, que como já escrevi, é a única questão que interessa ao povo português: - saber se existe matéria crime nas escutas entre Vara e Sócrates?! Pergunta que podemos agora generalizar: -mas afinal quem é esta gente que nos governa?! Que manda no país vai fazer cem anos e conseguiu o feito de nos colocar nos últimos lugares da Europa?! Quem é esta cáfila?!
A resposta está nas escutas falsas que no fundo acabam por retratar os seus autores - um diálogo de labregos, imaginado por labregos, que pensam que Portugal é uma quinta onde podem tripudiar à vontade. Porque ninguém se revolta!
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Saudações monárquicas

quinta-feira, dezembro 03, 2009

Ordem do dia

(Manuela Ferreira Leite e a divulgação das escutas)
Goste-se ou não da senhora a verdade é que deu a única resposta que interessa ao povo português. Eu também quero saber das escutas, quero saber se o primeiro-ministro andou (ou anda) a conspirar no sentido de manipular os media. Sobre este tema, (silenciar a comunicação social adversa), o PM não tem conversas privadas especialmente quando fala com o responsável pelo crédito do BCP. Amigos, amigos, negócios à parte. Diz o povo e com razão.


(Vieira da Silva e a espionagem política)
Outro que tem duas caras e mil condições. Para a próxima seria melhor esclarecer (previamente) o jornalista que estava ali na qualidade de cidadão. Porque nessas circunstâncias não seria entrevistado. É que cidadãos há muitos.


(Projecto do Bloco contra a corrupção)
Ninguém de bom senso pode aprovar propostas do BE seja para o que for. Esta gente tem uma agenda própria e tem da democracia uma visão meramente utilitária. Os bloquistas não estão interessados em acabar com a corrupção mas apenas perseguir adversários selectivamente. Se estivessem preocupados em alterar alguma coisa na fonte do poder (e fonte da corrupção) propunham uma alteração constitucional e acabavam com a famigerada ‘forma republicana de governo’, expressão imutável e guardada a sete chaves pelos verdadeiros patrões (capos) do regime. O resto é conversa.

(Balsemão socialista)
Só agora é que Balsemão descobriu que os sociais democratas e socialistas (portugueses) fazem parte do mesmo partido. Que se sentam lado a lado no parlamento europeu. Não obstante diz-se mais inclinado a ser socialista! Enfim, um luxo de quem é rico e usa o nome enfeitado com brasão.

Saudações monárquicas

quarta-feira, dezembro 02, 2009

Ó Portugal, se fosses só isto...

Se fosses só cenário
Comissário, celebração
Nome de rua, tratado
Bolha de ar e bola de sabão
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Se fosses só conversa
Papéis para assinar
Jantares de bricolage
Um lego em construção
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Sem pessoas lá dentro
Sem história lá dentro
Sem nada lá dentro
Apenas invenção!
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Se fosses só isto...
Que passa na televisão
Então já não insisto
Peço desculpa e perdão.
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(Inspirado num poema de Alexandre O'Neill)

terça-feira, dezembro 01, 2009

Outra cimeira

O Rei de Portugal entrou no areópago, disse ao Rei de Espanha que estava sentado no seu lugar, intimou Sócrates a meter os Magalhães no saco, pois não era local nem altura para vendedores ambulantes, e aconselhou o duplicado Cavaco Silva a não proferir banalidades. Já com toda a gente nos seus lugares, o Rei português aprestou-se para abrir a conferência ibero-americana, não sem antes sugerir que se houvesse por ali algum Miguel de Vasconcelos, este deveria retirar-se, de preferência pela janela. E discursou em seguida. Uma breve mas portentosa oração: - Estamos aqui pela graça de Deus e não podemos esquecer que o esforço colonizador dos dois países ibéricos levou sempre a Cruz na dianteira. E olhando para o Brasil reafirmou - a força e a importância de Portugal naquela conferência e no mundo actual, são as suas antigas colónias.
Estava aberta a cimeira e estava definida (e representada) a política externa portuguesa. O resto, inovação, conhecimento, Honduras, vêm por acréscimo.

Saudações monárquicas

sábado, novembro 28, 2009

Juízes não são sindicalizáveis

Assim como lhes assiste a razão quando reagem à instrumentalização da justiça pelo poder político (veja-se a composição do Conselho Superior de Magistratura cheio de comissários políticos designados pelos partidos) também é pertinente reafirmar que os juízes não são sindicalizáveis.
E não são sindicalizáveis porque têm um estatuto de independência que não é compatível com a representação por terceiros. A judicatura ou magistratura é por natureza um cargo singular sem vasos comunicantes. Só vai para juiz quem quer, quem aceita a regra, e neste sentido é uma espécie de sacerdócio.
Os problemas logísticos serão resolvidos pelo órgão hierárquico competente, o tal Conselho Superior de Magistratura, limpo de comissários políticos, e que deve endereçar as suas reivindicações à Assembleia da República, incluindo pareceres sobre a justeza das leis que têm que aplicar. A partir daqui o povo português deve responsabilizar a AR pelo estado da justiça, tendo em conta aqueles pareceres. E nas eleições deve premiar ou castigar os partidos políticos.
Não sendo assim, o melhor é voltarmos a pensar em juízes de fora!

quinta-feira, novembro 26, 2009

Moeda de troca?!

As notícias rolam sobre as cabeças do centrão, enquanto advogados de peso desafiam abertamente as decisões do juiz de Aveiro. Noutra vertente, Mário Soares, pai e padrinho do regime, propôe namoro ao PSD, tudo se conjuga portanto para que o caso BPN sirva de dote e moeda de troca entre esponsais - escutas ao primeiro-ministro destruídas e BPN em banho maria. Veremos se casam ou não.
O discurso inaugural de Manuela Ferreira Leite prometia abrir as hostilidades, mas a frieza que se seguiu, e as intervenções fora do alvo de Aguiar Branco, deixaram um vazio que a proposta 'comissão de acompanhamento' não preencheu. Comissões de acompanhamento soam-me sempre a namoro com pau de cabeleira por perto. Talvez me engane, ou talvez não!

quarta-feira, novembro 25, 2009

Quem são os responsáveis?!

Os verdadeiros responsáveis pelo descrédito do país são obviamente os pais do regime. E quem são os pais do regime?!
Pais e padrastos reconhecem-se pelo fio condutor, pelos objectivos que professam: – a palavra de ordem é desconstruir Portugal. Como?! Pedra a pedra, tábua a tábua, a desagregação seguiu os seus passos - importaram o ideário da revolução francesa, extinguiram as Ordens Religiosas num país fundado por Cruzados, destronaram e liquidaram o Rei, árbitro acima das facções, garantia da nossa independência e liberdade, e não contentes, entregaram a riqueza nacional ao estrangeiro, constituindo-se como os pedintes da Europa!
Foram cento e oitenta anos sempre a perder! Os sucessores desta dinastia obscura prosseguem o seu trabalho de sapa, e Portugal é hoje um estado inviável, sem importância, enquanto eles estão cada vez mais ricos e importantes!
Nesta etapa final houve necessidade de efectivar algumas depurações, afastar alguns descontentes, e celebram-se por isso algumas datas: - o 25 de Novembro de 1975, é uma dessas datas. Vivido com esperança pela grande maioria dos portugueses acabou em desilusão: - o partido comunista, um dos responsáveis pela instabilidade, mentor da ‘descolonização exemplar’, foi poupado e reconhecido como garante da democracia!
A partir daqui a história é conhecida – lenta mas seguramente o regime foi posto nos eixos, a justiça acabou no bolso dos partidos, e a liberdade de imprensa depende dos favores do estado! O estado é por sua vez uma password – serve de cenário às manobras das corporações que se agitam nos bastidores.
A república soviética portuguesa caminha assim alegremente para outra data, outra celebração – o seu centenário! Que há-de coincidir um dia destes (se nada de anormal acontecer) com a anexação pelo reino de Leão e Castela!
Um filme que chegou ao... princípio!

Saudações monárquicas

terça-feira, novembro 24, 2009

Enquanto houver juízes em Aveiro…

Enquanto houver juízes em Aveiro… Sócrates vai continuar no fio da navalha.
Aliás, ao programa de ontem dos prós e contras da televisão pública teria sido mais correcto chamar-lhe – a justiça por um fio. Com efeito não fossem as corajosas intervenções, quer do juiz Graça Cardoso (que literalmente silenciou a falta de educação do bastonário socialista), quer do penalista Pinto Albuquerque (que cilindrou a argumentação soviética do vetusto professor Germano Silva), não fora isso, repito, e o programazinho de encomenda teria redundado em mais um comício de propaganda a favor do governo. Do governo e da nomenclatura que, por trás do biombo, vai ensaiando a marcha fúnebre deste país… por um fio.
Sem argumentos, agarram-se à forma das leis, fabricam leis à medida, e não aceitam ser julgados por ninguém. E cúmulo da desfaçatez, exigem uma justiça independente do poder político e ao mesmo tempo enchem os órgãos judiciais de comissários políticos!
Mas ontem a noite correu mal aos defensores da destruição de provas, e correu mal à própria apresentadora incapaz de perceber aquilo que é elementar: - os portugueses têm o direito a uma explicação sobre as razões que levaram dois magistrados a indiciarem o primeiro-ministro pela prática de crime grave contra o estado de direito. Têm esse direito e o procurador-geral tem esse dever. Tão simples como isso.
Tem a palavra o procurador-geral da república.

segunda-feira, novembro 23, 2009

Portugal arquivado

Assis quer arquivar Portugal. Assis quer pôr o país em segredo de justiça! Assis pensa que arquivar é o mesmo que julgar, que o arquivo é uma certidão de inocência, imagina que assim arruma a questão!
Está obviamente enganado. Mas Assis revela-se, e revela-nos que afinal não acredita na justiça mas apenas no segredo de justiça!
Se acreditasse na justiça, se acreditasse na inocência do primeiro-ministro seria o primeiro a incentivá-lo a defender a sua honra em tribunal. Os tribunais servem para isso, para condenar mas também para absolver.
Mas Assis não arrisca, prefere que Sócrates seja ilibado pela porta do cavalo, sem inquérito, sem investigação, no segredo dos gabinetes, e por decisão exclusiva de um procurador nomeado… por proposta do primeiro-ministro!
E quer que os portugueses acreditem nisto!

Outro que quer fazer batota é o Jerónimo do PCP. Quer as escutas guardadas, em segredo (será de justiça!), longe portanto das vistas e dos ouvidos dos portugueses… para poderem ser utilizadas quando for oportuno!
Não me parece boa ideia. Estou a lembrar-me do que aconteceu com os arquivos da antiga polícia política logo a seguir ao 25 de Abril de 1974. Foram devassados e postos ao serviço da esquerda emergente.

Quem entrou definitivamente em segredo de justiça foi o nosso Presidente! E já não pode sequer contactar com os portugueses. Diz ele que 'está impedido'!
Qualquer dia é arquivado.

Saudações monárquicas

sexta-feira, novembro 20, 2009

Poema em segredo de justiça

Meu barquinho moliceiro
Que fainas trazes na rede?
Trago moliço imprevisto
Um tubarão nunca visto
Em toda a ria de Aveiro!

Ai que bela pescaria!
Uma excelente notícia
Num qualquer país normal
Mas estamos em Portugal
Em segredo de justiça

Por isso toma cuidado
Antes que venha o fiscal
E o juiz procurador
Vai soltar o animal
Pois não é peixe, é doutor.

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.Refrão:
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Ria acima valentão
Ria abaixo moliceiro
Foste atrás de um tubarão
E pescaste um engenheiro!

quinta-feira, novembro 19, 2009

Vara criminal

A "situação"
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Escreve hoje no Público Costa Andrade, Professor da Universidade de Coimbra: “Uma escuta, autorizada por um juiz de instrução no respeito dos pressupostos materiais e procedimentais prescritos na lei, é, em definitivo e para todos os efeitos, uma escuta válida. Não há no céu - no céu talvez haja! - nem na terra, qualquer possibilidade jurídica de a converter em escuta inválida ou nula”. E o reputado penalista prossegue: “Uma vez recebidas as certidões ou cópias, falece àquelas superiores autoridades judiciárias, e nomeadamente ao presidente do STJ, legitimidade e competência para questionar a validade de escutas que foram validamente concebidas". Mas o que Costa Andrade escreve não interessa à situação. A situação não descansa nem descansará enquanto não conseguir destruir umas escutas que devem ser muito, mas mesmo muito explosivas para o actual Poder. E a ‘situação’ vai conseguir destruí-las, qualquer que seja o seu conteúdo. Mesmo que as conversas escutadas configurem, como sustentaram o procurador do caso "Face Oculta" e o juiz de instrução de Aveiro (outros pobres diabos que deverão conhecer a experiência do juiz Rui Teixeira) crimes de atentado contra o Estado de Direito.
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Sou inocente
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Calmex, camarada...as tuas explicações são para o tribunal, não para nós. Tu ganhas 34.000/mês (ainda gostava de saber porque tens apetites diferentes dos nossos) e estás metido em sarilhos! Não era melhor ganhares 1.500/mês, ires ao hipermercado aos sábados (recanto espiritual da maioria do povo), estares na "bicha" à espera de vez, e ao domingo ires à pastelaria do bairro mais a tua Maria e mamarem uns "guardanapos" (vinho branco p'ra ti e uma caneca meia de leite p'ra Maria)? Hum? mas não, mesmo na mó de baixo ( Socrates levantar-te-á, descansa ), tu chegas ao diap de aveiro, 5 minutos antes da convocatória, em carro de classe estacionado pelo motorista, mesmo em frente à porta do tribunal!!! Estavas a gozar, não? És um brincalhão. Já te julgas o Kadafi! Para motorista de PATRÃO cresceste muito!
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No meio de toda esta chantagem politica sobre a justiça - porque é bem disso que se trata, com cassetes que andam de um lado para o outro, deste para aquele juiz, da procuradoria para o Supremo, numa dança de responsabilidades assumidas e não assumidas, tenta-se esconder, para depois destruir o essencial: as provas que incriminam, além de Vara e seus amigos sucateiros, também o próprio primeiro ministro. E a propósito deste cavalheiro, vale a pena recordar as semelhanças deste caso com o Freeport. Será que os portugueses foram tão domesticados e bloqueados pelo Salazarismo que são incapazes de tirar conclusões politicas das trafulhices mais evidentes. Parecem os maridos enganados que nunca querem acreditar que o foram....
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Claro que é inocente, a menos que venha a ser condenado...
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Alguém no seu perfeito juízo acredita que Armando Vara iria dizer que era culpado? Inocente, até ver... Quanto a alguns processos anteriores, podemos garantir que era culpado... Foi condenado com pena suspensa...
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Estranho, muito estranho
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Pergunto-me como será possível que um homem que recebe 30 000 euros mensais de vencimento bruto se "vendesse" por 10 000 euros ou seja pouco mais de uma semana de trabalho! Ainda, mais espantoso me parece que um homem inteligente como Vara usasse o seu gabinete do BCP para "negociar" a seu proveito. De facto, será necessário reconhecer que só um grande idiota ou doido varrido se colocaria a esse nível. Resulta que há algo nesta história que não bate certo. Vara um ex-administrador do maior banco português (CGD) e depois vice-presidente do maior banco privado português (BCP) "cobrar" 10 000 euros por negócios de milhões? Caros investigadores, 10 000 euros cobra um consultor por um relatório/análise de investimento. Sendo essa a prova eventual que possuem, manda o bom sendo que a bota não bate com a perdigota ou se preferem o fato não serve ao guru! Errar é humano, oxalá que também eu esteja enganado, por que se não estiver teremos desta feita um assunto muito sério a resolver.
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Realmente é estranho... no entanto eu não ouvi as escutas, o que veio a público é pouca coisa, mas também sei que os grandes tubarões só são capturados quando cometem um pequeno erro ou deslize. A história das investigações está cheia desses exemplos. De qualquer maneira existe um histórico que permite concluir que a nomenclatura não é julgada em Portugal. Se não é julgada (para eventualmente se defender) nunca pode ser condenada. Mas a questão principal tem natureza política, ou seja, a justiça está no bolso dos políticos e os políticos na teia da maçonaria. Isto é que é preocupante e pouco saudável para a democracia portuguesa - esta sensação (ou suspeita) de que somos comandados por uma sociedade secreta.
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Indagações.
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O Godinho de Matos não é do escritório do Proença de Carvalho? Já o Tiago Rodrigues Bastos não. O Proença de Carvalho é advogado de José Sócrates. Duas sociedades a partilhar o mesmo cliente no mesmo processo ou "damage control" por parte do nosso PM? Os senhores jornalistas que investiguem.
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Colaboremos então !
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Armando Vara diz que promete "colaborar com a justiça", óptimo, pena é a justiça também colaborar com ele.
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A PIADA DO MOMENTO EM PORTUGAL
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A PIADA DO MOMENTO EM PORTUGAL... Um grande empresário português marca uma audiência com José Sócrates, na Residência Oficial do Primeiro-Ministro. Enquanto aguarda, encontra Armando Vara que o recebe com muitos abraços. Quando é recebido pelo Primeiro-Ministro, sente falta da carteira e resolve abordar o assunto com o PM: - Não sei como lhe hei-de dizer, Senhor Primeiro-Ministro, mas a minha carteira acabou de desaparecer! ... E continuou: - Tenho a certeza de que estava com ela ao entrar na sala de espera. Tive o cuidado de a guardar bem, após apresentar o BI ao segurança. Não quero fazer nenhuma insinuação, mas a única pessoa com quem estive depois disso foi o Dr. Armando Vara, que está aqui na sala de espera ao lado. O Primeiro-Ministro retira-se do gabinete. Pouco tempo depois, regressa com a carteira na mão. Reconhecendo a sua carteira, o empresário comenta: - Espero não ter causado nenhum problema pessoal entre o Senhor Primeiro-Ministro e o Dr. Armando Vara. Ao que José Sócrates responde: - Não se preocupe! Ele nem percebeu!...*

Alguns comentários no 'Público on-line' sobre a audição de Armando Vara no DIAP de Aveiro, e que com a devida vénia transcrevo.

quarta-feira, novembro 18, 2009

Opinião Pública

SEGREDO DE JUSTIÇA E SEGREDOS DA JUSTIÇA
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No caso Face Oculta, antes de finais de Outubro não houve fugas de informação para divulgação na comunicação social das notícias picantes que agora se discutem. Se os investigadores de Aveiro tivessem pretendido prejudicar o PS e favorecer outro (s) partido (s), é óbvio que as conversas entre Vara e Sócrates teriam vindo a público antes das eleições legislativas, e dificilmente o PS teria sido o partido mais votado. O mais provável é que a violação do segredo de justiça tenha resultado de alguma falta de cuidado de Pinto Monteiro e/ou de Noronha do Nascimento, ao referirem detalhes do caso a "gente de confiança", insuspeita de interesse em usar essa informação para prejudicar o PS: estou a lembrar-me, p.ex, das várias reuniões de Verão (com jantar incluído) que ambos mantiveram com o ex-ministro Alberto Costa e com o ex-jornalista Marinho Pinto, nos últimos tempos bastonário travestido dos advogados e advogado de defesa de Sócrates (e de acusação aos que ousam investigar Sócrates) no tribunal da opinião pública. Se é esse o caso, a violação do segredo de justiça tem os mesmos responsáveis que o oportuno atraso da justiça até a permanência de Sócrates no cargo de PM estar garantida.

Se for para o demitir, muito bem!
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Se for para demitir o presidente do STJ. Obviamente, que concordo e muito bem. Se for para conversas de amigos, estamos mesmo mal neste pantanal! Deve seguir na mesma linha o PGR, demissão imediata. Por que não se deve brincar com coisas sérias como é o dinheiro dos contribuintes. Todas as investigações no tocante a essa gente toda acaba sempre nos arquivos mortos e sem que tenhamos conhecimento do que realmente se passou? É uma vergonha gastarem-nos rios de dinheiros em investigação, onde alguns polícias arriscam a vida para conseguir descobrir algo, que depois acaba inevitavelmente no meio do lodo do pantanal. É triste e desmotivante que Juizes e procuradores honestos e imparciais trabalhem e no final os seus superiores lhes passem um atestado de estupidez ou incompetência porque não estão de acordo com os desejos do PODER ? Por favor, senhor Presidente chame a si a honra deste país e deste povo! Portugal espera o que o senhor pode fazer por ele!

Manifesta-te POVO!
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Acorda POVO! Ergue-te Levanta-te Sai da letargia em que mergulhaste e onde o escol e os "misticicóides" te querem manter imperturbado, estático. Vem para a Rua e grita bem alto a tua indignação. Acredita, pois eles temem a tua vaga, o teu sobressalto. Pega as rédeas do teu destino. Assume, uma vez por todas, o controlo deste país miseravelmente mediocrizado, permanentemente adiado, imbecilizado, apenas porque assim convém ás "elites" e sempre reverte em teu prejuízo. Aprende a escutar a voz dos teus egrégios avós, apodera-te da sua coragem e assimila a sabedoria que te deixaram. Atenta no aforismo que diz: quanto mais te agachares, mais se te vê o traseiro. POVO, tu não és dinheiro, não és "nata social". Estas componentes até poderão ser partes do teu organismo, mas não passam de apêndices projectados do teu corpo, com funções ambíguas e de duvidosa utilidade. POVO, toma consciências de que tu «...É QUEM MAIS ORDENAS»! Não deixes que a patifaria continue imune e imponha suas leis torpes. Põe termo á senda de vilania, desvergonha e oportunismo, que plantadas de estaca para mal de quase todos e em proveito apenas de uns tantos, imperam na nossa sociedade actual.
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É necessária consciência!
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Este Presidente obedece apenas ás regras, ás leis! Ele mesmo está constantemente a afirmar isso, a afirmar a sua preocupação em cumprir estritamente o que a lei determina, o que a lei lhe manda! O ser humano deve obedecer sempre à sua consciência e não ao que outros lhe mandam, mas há uns seres que, apesar de terem aparência de humanos, obedecem apenas às leis, às regras, àquilo que outros determinaram e não à sua própria consciência que está imobilizada, ou não a têm! O que falta em Portugal é mais humanidade, mais seres com consciência individual, capazes de decidir e actuar por si mesmos, com acerto!
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Quem não deve não teme
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Como disse, ontem, Helena Roseta, quem não deve não teme. E o PM deve uma explicação ao país. Não pode, por um lado dizer à política o que é da política e à justiça o que é da justiça, e de seguida ministros do seu governo dizerem o contrário e até afirmarem que é um caso de espionagem política. E eu digo: Portugal não se pode dar ao luxo de ter um PM constantemente sobre suspeita. Não estamos na América latina. Estamos na Europa. O PS tem gente à altura para substituir o PM.
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VÃ ESPERANÇA?
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Os optimistas dirão que o presidente vai forçar o PSTJ a recuar no seu propósito de negar aos portugueses o conhecimento do que se passa com o primeiro-ministro. Os portugueses têm o sagrado direito político de saber o que ele disse ou não disse, susceptível de o tornar suspeito de crime grave. Não interessa se, criminalmente, é culpado ou não. Isso é com os Tribunais. Politicamente, o povo tem que ter a possibilidade de fazer um julgamento. O PSTJ estará no seu direito de achar que as gravações, em juízo, não servem. Mas não tem o direito de sonegar uma informação política da maior importância ou para, politicamente, ilibar ou o condenar o primeiro-ministro. Duas matérias são particularmente graves: a) Que o primeiro-ministro não exija, ele próprio, que as gravações sejam tornadas públicas (mesmo que editando-as retirando o que, nelas, não é do interesse público), o que o põe sob inevitável e fundada suspeita, uma vez que, se estivesse de consciência tranquila, seria o primeiro a querer revelar tudo; b) Que o PSTJ se ache no direito de proibir a divulgação de matéria de enorme interesse público. Os pessimistas dirão que o PR nada fará. O PR, como instituição, não é prejudicial?
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Evidências
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Pelo facto do presidente não poder demitir (o governo) é que “o polvo”, agarrado ao poder, estrebucha e tenta de todas as formas desvalorizar a corrupção, através de legalidades, para salvar um “governo oculto”. Perante a suspeição evidente o visado, que admite as conversas, deveria apresentar a demissão como fazem as pessoas com alguma dignidade.

QUEM AUTORIZA AS ESCUTAS AO PRESIDENTE DO STJ?
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O PS alterou a lei no sentido de que o Primeiro-ministro, o Presidente da Assembleia da República e o Presidente da República somente podem ser escutados com autorização do Presidente do STJ. Mas, quem autoriza as escutas ao Presidente do STJ? Ele próprio? Deve recordar-se que a lei foi feita à pressa, alterada quando o Presidente Jorge Sampaio foi apanhado numa escuta da PJ/MP a tentar inocentar e libertar o Paulo Pedroso junto de Juízes e Magistrados, num autêntico crime contra o Estado de Direito. Também não podemos esquecer que a Maçonaria está em toda a parte e os seus elementos protegem-se uns aos outros, sejam eles políticos, juízes, magistrados do Ministério Público, advogados, entre outros. Trata-se de uma subversão do Estado de Direito!

Um regime suspeito

Um regime de casta, com dois ou três padrinhos, vai ensaiando as cenas finais para comemorar condignamente cem anos sinistros. O maior fosso entre ricos e pobres da união europeia é a sua coroa de glória. Com a justiça no bolso, e um estado subsídio dependente, dá esse exemplo aos jovens que mal nascem e já querem ser funcionários públicos! Assim, nem com a Maria da Fonte…

Estes são alguns comentários extraídos do Público on-line a propósito da visita do Presidente do Supremo Tribunal de Justiça a Belém, e que com a devida vénia transcrevo.

terça-feira, novembro 17, 2009

O regime sob suspeita

Recuando no tempo lembro-me do antigo Cavaco, na altura primeiro-ministro, decretar contra todas as evidências – ‘não há corrupção em Portugal’!
Ainda hoje o actual presidente da república parece não ter percebido o fenómeno! Quando questionado sobre o assunto refugia-se na separação de poderes (em que ninguém acredita), ou argumenta com a integridade das pessoas, como outros se desculpam com o ónus da prova ou com a qualidade das leis!
Mas a corrupção em Portugal, como noutro país qualquer, nunca é um problema de leis nem de pessoas. É um problema político. De vontade política. E quando falta a vontade para corrigir o óbvio, para corrigir o regime naquilo que ele tem de suspeito, de perverso, de aberrante, a corrupção alastra como uma mancha de óleo sem fim à vista.
E a pergunta surge naturalmente - Porque não se corrige o óbvio?!

Eu só encontro uma explicação, aliás duas, verso e reverso da mesma – porque não interessa ao poder e porque o poder é o mesmo há largas décadas… há um cento de anos.
Nos outros países, aqueles com os quais gostamos de nos comparar, também existe corrupção, e também existe alguma dificuldade em sentar no banco dos réus gente influente e poderosa, mas a verdade é que acabam por ser julgados, e muitos são condenados. Só em Portugal é que não há memória de julgamentos na esfera do poder! E não havendo julgamentos… não há condenações.

Isto acontece porque uma fortíssima armadura processual, fabricada para proteger uma casta, enreda qualquer processo numa teia de diligências e incidentes pelo que o desfecho final é sempre o mesmo: - arquive-se por falta de provas, ou porque a prova é ilegal, ou então prescreveu.
Este regime siciliano, uma vez instituído, não aproveita apenas à ‘família’, à casta, aproveita também a todos aqueles que, com mais ou menos escrúpulos, têm meios (e ligações privilegiadas) para cavalgar a supra citada armadura processual. Veja-se o que está a acontecer na Casa Pia, ou mais recentemente com este caso do sucateiro.

Isto tem cura? Teria, se os portugueses quisessem… mas os portugueses não querem. Intoxicados com a propaganda que todos os dias lhes é servida (por uma comunicação social diligente e servil) já não conseguem discernir.
Se conseguissem discernir veriam que a ‘constituição de Abril’ é um colete-de-forças laboriosamente construído para defender os interesses de uma casta, interesses que a maior parte das vezes não coincidem com os interesses dos portugueses nem de Portugal.

Um exemplo de serviço à ‘família’ em prejuizo da liberdade de todos é a chamada ‘forma republicana de governo’, expressão obscura que resistiu a todas as revisões constitucionais (com PS e PSD aliados no mesmo pacto), fórmula blindada à vontade dos portugueses, anti-democrática portanto, e que apenas visa perpetuar um regime e uma casta.
Outro exemplo é o ‘tribunal constitucional’, órgão híbrido, fortemente politizado, último recurso dos interesses de casta quando ameaçados pela justiça.

Se houvesse coragem para emendar estes dois alçapões (duas perversidades legais) já não seria mau. E seria uma injecção de confiança no sistema de separação de poderes.
De seguida, seria preciso desconstruir a armadura processual existente privilegiando a celeridade em desfavor dos excessos de segurança. Ao fim e ao cabo tornar a justiça mais justa.
Eu escrevi, se houvesse coragem… mas não estou a ver os deputados desarmarem um sistema que eles próprios armaram para seu benefício.
Por isso, o melhor é esperar pelo caos… ou por um milagre.

Saudações monárquicas

segunda-feira, novembro 16, 2009

"Não acredito que seja feita justiça no processo Casa Pia"

José Maria Martins tornou-se um advogado famoso ao assumir a defesa de José Silvino, mais conhecido por Bibi, o principal arguido do processo Casa Pia. No mês em que se assinalam sete anos desde que, pela primeira vez, foram tornados públicos os abusos sexuais sobre menores na instituição do Estado, recebe o i no seu escritório na Defensores de Chaves em Lisboa. Polémico como sempre, defende que a juíza responsável pelo processo, Ana Peres, não tem "condições nenhumas neste momento" para continuar à frente do julgamento. O advogado não acredita "com toda a consciência" que algum dia seja feita justiça aos abusadores e às vítimas da Casa Pia - e atira todas as responsabilidades para o Partido Socialista e o "submundo da política que é a maçonaria". Uma obsessão que se repete numa conversa longa e não aconselhável a menores de 18 anos.

Chegados a 2009 qual é o ponto da situação do processo Casa Pia?

Estou céptico, porque a população portuguesa já não acredita no sistema de justiça. Já tive oportunidade de dizer isso à sra. dra. juíza. Ninguém acredita que o processo seja imparcial. São quase cinco anos de julgamento e andamos a marcar passo. Completamente, ao sabor dos interesses políticos do PS.

O que pode mudar?

O Conselho Superior da Magistratura tem de estar lá a apoiar nesta situação. Estou a recordar-me de que juntei ao processo uma cópia da sentença do processo 11 de Março dos tribunais espanhóis, em que houve mais de 400 homicídios em Madrid e quase 2 mil homicídios tentados e o julgamento foi feito em quatro meses, tínhamos organizações criminais por trás, com pessoas a ser julgadas a partir da prisão de Milão. No julgamento da Casa Pia é o poder político que o tem travado, não tenho a mínima dúvida que tem havido pressões sobre os magistrados para não cumprir os prazos, andamos ali, não tem sentido nenhum.

Como têm corrido as audiências, qual o ambiente no tribunal?

O tribunal vai deixando fazer tudo aquilo que é necessário para se prolongar o julgamento. Estar cinco anos a discutir uma acusação contra seis ou sete pessoas com vinte e poucas vítimas, com vinte e poucos queixosos, não é possível, prejudicando os advogados, como eu, que comecei a defender o sr. Carlos Silvino sem cobrar dinheiro, sem honorários. A páginas tantas, aquilo foi-se prolongando, ouvindo as mesmas testemunhas dez, quinze ou vinte vezes...

Como caracteriza a juíza Ana Peres, responsável pelo julgamento?

Ela sabe o que penso dela. Entendo que não tem condições nenhumas neste momento para continuar à frente deste julgamento. Já lhe disse isso directamente. Já ninguém acredita, as pessoas que me contactam todos os dias, e têm sido milhares de pessoas que me encontram na rua, que me conhecem, que sabem que estou ali numa cruzada sozinho contra o poder - as pessoas notam aquilo que eu disse: já ninguém acredita neste processo.

Não acredita que no processo Casa Pia seja feita justiça?

Não acredito. Com toda a consciência, não acredito que seja feita justiça no processo Casa Pia.

Há pessoas que deviam ser condenadas neste processo?

Há, sim.

Quem?

Todas. Todas elas. É claro que isto é um processo político em que o Partido Socialista se envolveu ainda na oposição. O Partido Socialista só consegue isto mesmo na oposição porque domina o submundo da política, que é a maçonaria. É aquilo que, como dizia um dia destes um magistrado, no caso um juiz da Relação, o juiz que é maçon vê-se confrontado com irmãos da mesma loja de grau superior, os mestres, sentados no banco dos réus. É impossível, porque na maçonaria, há códigos e leis próprias entre os irmãos.

Está a acusar o Partido Socialista de proteger a maçonaria?

Sim, sem dúvida nenhuma. Nem que me cortassem o pescoço eu diria o contrário.

Não teme ser processado?

Não, eu fui polícia e combati-os, trabalhei nos tribunais e combati-os.

Como acabou por defender Carlos Silvino, o Bibi?

Estava a defender 11 jovens em Odemira quando o Carlos Cruz foi detido, todos eles acusados de abusos sexuais e foram todos absolvidos. O julgamento estava a decorrer, quando o Carlos Cruz e todos os outros foram detidos. E o sr. Carlos Silvino soube daquilo, falou com o advogado que tinha na altura e ele convidou--me para colaborar. Eram todos jovens licenciados, dois até filhos de deputados do PS.

E está a defender Carlos Silvino ...

Na altura aceitei, com o pressuposto de que já conhecia o assunto. Até porque ele próprio, o Carlos Silvino, também tinha sido vítima de abusos sexuais. Há relatórios de um grande hospital deste país, o Magalhães Lemos, que provam que o Carlos Silvino foi abusado e criou a sua personalidade nesse contexto.

A sua estratégia de colaboração com a justiça não pode acabar por resultar que o único condenado neste processo seja o próprio Carlos Silvino?

Não, só quero ter a consciência tranquila em relação àquilo que a lei me permita que faça. Carlos Silvino quis colaborar - e colaborou. Ainda agora recentemente nós soubemos que o dr. Oliveira Costa vai colaborar no processo do BPN, já foi para a casa, já tem uma pulseira electrónica, qualquer dia vai fora, portanto a colaboração também é uma forma de a pessoa se defender.

Acredita então que Carlos Silvino não vai ser condenado à prisão?

Não disse isso. Pode levar uma pena de prisão até cinco anos, mas suspensa na sua execução.

Suspensa...

Foi isso que pedi. E penso que o Estado foi negligente e estragou a vida a milhares de jovens da Casa Pia, que os meteu naquela enxovia onde os abusos sexuais eram muitos - há várias pessoas já condenadas noutros processos que entretanto foram abertos -, em que há um sistema clássico de antes muito do 25 de Abril em termos mentais, como não havia raparigas, como as escolas nem eram com sexo feminino e masculino, toda a gente estava lá a querer relações sexuais com o outro.

Qual é a relação que tem com as vítimas de pedofilia na Casa Pia. O que pensa destas pessoas?

Penso que são jovens, incluo o Carlos Silvino, porque houve vários jovens da Casa Pia que se referiram a ele, que até lhe perdoaram em julgamento, que disseram que como casapiano também sofreu o mesmo. São crianças e jovens por quem tenho muito respeito e sinto muita pena. Não digo isto com sentido pejorativo, mas porque não têm pai nem mãe. Sendo oriundos de famílias pobres, o Estado quando tomou conta deles devia ter cuidado da sua saúde mental, do seu crescimento, como um bom pai ou uma boa mãe. São jovens marcados, carne para canhão. Os meninos do regime, os ricos, os que tinham relações, iam lá buscá-los, aquilo era um aviário.

Faz uma distinção entre os que abusaram e foram abusados - e os que só foram abusados? O que os distingue, como os caracteriza?

Há vários factores que condicionam o desenvolvimento e a formação das pessoas, entre os quais o grupo, como meio social. Quem cresce no Palácio de Belém com certeza que tem uma ideia do mundo diferente. Quem entra para uma instituição onde o abuso sexual e a violência são a normalidade, cresce como se isso fosse a normalidade. Nos manuais de Psicologia do 10.o ano todos aprendemos a história das crianças-lobo que foram encontradas nas florestas de França do início do séc. XIX, criadas por lobos, que, levadas para Paris, morreram poucos anos depois e nunca se conseguiram socializar. De pequenino é que se torce o pepino - e é mesmo assim. Indo para a Casa Pia, o normal era abusar e ser abusado.

E os abusadores que não viveram na Casa Pia?


Quero que fale sobre os externos, qual é a sua opinião como advogado destas pessoas?


Havia abusadores internos e externos.

Há imensos indivíduos, que são doentes mentais, que entendem que podem ter prazer sexual com crianças pequeninas, com sete, oito, nove, dez anos. Até dias, meses. Têm uma personalidade completamente deformada. São doentes mentais.

E são por isso inimputáveis?

Não, não são inimputáveis. São imputáveis, porque eles sabem perfeitamente o que fazem: querem tirar prazer do sofrimento dos outros.

Há alguém que não está neste processo e deveria estar acusado?

Há. Tenho essa convicção. Fui polícia no Parque Eduardo VII, na esquadra, na 21a, de Julho de 1982 até Outubro de 2003, quando deixei a PSP e comecei a frequentar a Faculdade de Direito. Encontrei lá de tudo, miúdos da Casa Pia...

Contaram-me uma história de que chegou a puxar da pistola...

Nós fazíamos patrulha da 1 às 7 da manhã, por exemplo, fiz muitas vezes isso e encontrávamos sempre muitos miúdos que os homossexuais chamavam "arrebentas", miúdos pobres, geralmente pobres, e havia crianças também, novinhas, de 11, 12, 13, 15 anos, de várias instituições da Casa Pia que, como patrulheiro, com outro colega, quando as apanhávamos, levávamos para a esquadra, contactávamos as instituições - as chefias, não eu. Depois eram encaminhados. Nunca houve um caso... Muitos casos, um polícia no Parque Eduardo VII à noite é confrontado com muitos casos, desde a homossexualidade normal, a vida é assim, até crianças vítimas de abusos de indivíduos completamente tarados, dementes, que não sabem o que é respeitar as crianças. Situações degradantes, de miséria, [crianças] a precisar de comprar as coisas mais banais.

Como viu o desfecho do caso Paulo Pedroso?

Toda a gente sabe que o meu cliente disse que o Paulo Pedroso é culpado.

E acredita no seu cliente?

Tenho de acreditar no meu cliente, se não acreditasse não o estava a defender. Mas há factos objectivos, há pessoas que o conhecem, há dados concretos de que o dr. Paulo Pedroso em 1991, pelo menos, estava a fazer entrevistas a miúdos da Casa Pia, o que ele sempre desmentiu até eu o ter confrontado com o seu próprio livro, que conseguimos descobrir e que apresentei no processo. Portanto, o dr. Paulo Pedroso terá feito na Casa Pia mais de 700 entrevistas. Estas coisas começam a bater certo com o que os miúdos dizem, as datas, 1991, 1992. O meu cliente sempre confirmou que o viu, descreveu até a camisa, as calças, quando foi, numa reunião na Casa Pia.

E se o dr. Paulo Pedroso lhe tivesse pedido para o representar como advogado no processo Casa Pia?

Se ele na altura me tem falado não teria problema em defendê-lo, depende da perspectiva que ele quisesse tomar no processo, porque um advogado não é obrigado a defender ninguém que não esteja de acordo com a estratégia de defesa. Se Carlos Silvino não tivesse colaborado eu não o defendia. Não tenho nada de pessoal contra ninguém, os advogados não podem ser damas de honor, não recebem sempre gente inocente.

Mas o senhor falou do espírito de cruzada que o alimenta como advogado...

A partir do momento em que defendo o Carlos Silvino, vejo todo um sistema político em relação à Casa Pia, que todos nós pagamos porque é do Estado. Se o meu cliente aceita colaborar com a justiça, a partir dali tenho de vestir a pele do cliente. Claro que um advogado também defende causas injustas.

Quem mais devia estar sentado no banco dos réus da Casa Pia?

Várias pessoas.

Ligadas ao PS?

Também. E a outros partidos. Outras pessoas que deviam lá estar e não estão.

Mas durante o julgamento falou da influência do poder político?

Os miúdos falaram do PS. Não sei porque não falaram de outros. Agora, o que os partidos não podem fazer é uma troca de cromos. O que o PS fez foi atacar o PSD e fazer publicar no "Le Point" um artigo em que atacava dois ministros do PSD. Se alguém do PS, CDS ou de outro partido tem informações, que as denuncie. Agora, manobras de bastidores? O PS utilizou a estratégia de "la attention", que foi a mesma que a CIA utilizou em Itália - fazendo atentados, matando pessoas e imputando ao Partido Comunista as culpas, como lembra a história.

É hoje mais próximo do PSD?

Não. Estive 22 anos no PS. E saí em divergências quanto à linhas políticas para a justiça e para a PSP. Mandei entregar uma carta de sete ou oito páginas à Presidência do Conselho de Ministros.

Voltando ao caso Casa Pia. Psicologicamente, como está o seu cliente?

Passaram sete anos. Está reformado, Vive com uma pensão do Estado. Vive preso com a protecção policial que lhe foi imposta desde que saiu da prisão.

Está deprimido?

É um homem que nunca teve infância, juventude, nem velhice...

E os outros acusados no processo?

Não me quero meter nisso, mas o Carlos Cruz saberá muita coisa. Este processo só se manteve assim porque há fortes pressões políticas para abafar isto.

O advogado de Carlos Cruz - Serra Lopes - não é propriamente uma pessoa próxima do PS. Houve um episódio que ficou célebre, quando usou termos menos próprios...

Tenho uma relação razoável com ele. O que disse na altura foi o que pensei. E mantenho o que disse.

Foi processado?

Sim. E fui condenado. Paguei uma multa.

Já passaram sete anos desde o início do processo. Como está hoje o ambiente no tribunal?

Toda aquela gente é igual e o único que está a tocar um instrumento diferente sou eu. E eu não sou vendável nem manobrável. O sistema movimentou-se todo.

O Ministério Público poderia ter feito melhor no início da investigação?

Podia ter feito muito mais. Mas o Ministério Público não tem de estar do meu lado, não quero nenhum favor, tem é de ser imparcial.

Os métodos de investigação deviam ter sido outros?

Não podiam porque o poder político movimentou-se sobre a Polícia Judiciária e o Ministério Público. E tentou, de uma forma mortal, castrar a investigação e mesmo o juiz Rui Teixeira. Hoje, o que os portugueses esclarecidos podem ver é um sistema igual ao da ditadura. Não há diferença nenhuma.

Que pode ser feito contra isso?

Só quando os portugueses tiverem coragem para responder. O PS está a destruir completamente o Estado de Direito. E não há forças que se oponham porque o PSD está fragilizado. Temo uma revolta popular. O Estado vai mantendo esta paz podre com subsídios e inserção social.

Como vê este novo caso das escutas. E o processo Face Oculta?

O primeiro-ministro só pode ser escutado se houver uma ordem do Supremo. Mas se ele for escutado noutra conversa, isso não pode constituir base para crime. Não pode ser. O PS alterou a lei para se proteger, é pior que o Berlusconi. É uma impunidade total. José Sócrates, que ninguém conhecia, está a tornar Portugal uma aldeia da Idade Média.

Quando espera a decisão do tribunal? E o prazo?

O Estado português está há três anos a pagar a juízes que só estão neste processo. São despesas brutais. Mas vou esperar pela decisão.

Quanto já lhe custou todo este processo?

Não tenho números, não faço essas contas. Financeiramente custou muito mas também há prazeres no meio de tudo isto. Adoro lutar contra o poder. Fui formado numa família muito religiosa, fui funcionário público, fui polícia. Aprendi a lutar contra tudo isto. Estive no caso da Dona Branca, nas FP-25...

Como olha para a reforma do processo penal?

Foi uma reforma que resultou da necessidade de o Partido Socialista ter de travar o processo Casa Pia. O PSD e o CDS na altura foram a reboque, talvez porque tivessem também telhados de vidro. O mal não está todo no Partido Socialista, como é óbvio, está no sistema e na mentalidade dos políticos, que há uns anos não eram nada e hoje têm tudo.

E qual é a sua opinião sobre o actual procurador-geral da República, Pinto Monteiro?

O procurador-geral da República foi nomeado pelo PS e eu entendo que não deveria estar na Procuradoria. Não é normal que um procurador-geral diga que está a ser escutado, não é normal ter o comportamento que teve no processo Face Oculta. O procurador é sempre, foi sempre, um homem do sistema.

E sobre o bastonário da Ordem dos Advogados, Marinho Pinto?

É um homem do PS e nunca o vi defender ninguém em julgamento. Sempre que o oiço falar é a falar a favor do Partido Socialista.

Preferia os antecessores de Marinho Pinho, nomeadamente José Miguel Júdice?

É óbvio que o dr. José Miguel Júdice foi o pilar da estratégia do Partido Socialista no processo Casa Pia. A Ordem dos Advogados dominou o caso todo, através do dr. José Miguel Júdice. Funcionou no processo como o pivô de toda a trama.

Ainda em relação à influência do poder político na justiça de que tanto fala, não lhe parece que a sua cruzada é um bocado inglória?

Como advogado, tenho ambições de ordem privada e de ordem pública. Qualquer advogado tem deveres para com o Estado português, a comunidade e a Ordem, além dos interesses do cliente.

Como lida ou lidou com a carga mediática que lhe trouxe o caso?

Fui-me habituando, fui percebendo a vossa função. Fui-me adaptando.

Teve retorno pessoal de tudo isto?

Apareceram-me processos em catadupa, mas só podemos trabalhar enquanto podemos, enquanto temos tempo e acabei com menos clientes do que tinha.

Como é que de repente aparece no semanário "Expresso" como o possível advogado de Saddam Hussein, o ex-ditador do Iraque?

Saddam Hussein era o melhor aliado dos Estados Unidos e de Portugal, que também lhe comprava armas. Os Estados Unidos usaram Saddam Hussein, armaram-no com armas químicas, bacteriológicas, aviões, para derrotar o Irão. Foi uma marioneta nas mãos dos Estados Unidos, as armas que usou para matar os inimigos eram americanas. Quando os Estados Unidos invadem o Iraque à procura de petróleo e prendem Saddam, formou-se um movimento em todo o mundo de juristas para tratar da sua defesa e convidaram-me para fazer parte. Fui contactado, como já fui para outros lados. Saddam Hussein devia ter direito a um processo justo.

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.Transcrevemos, com a devida vénia, uma entrevista da autoria de Carlos Ferreira Madeira, publicada no jornal "i", em 14 de Nov de 2009.



quinta-feira, novembro 12, 2009

Lavandaria república – próximas barrelas

Vamos lá adivinhar quais serão os programas de lavagem previstos para os próximos dias: -

1. Distrair o pagode com novos episódios sobre o ‘casamento entre pessoas do mesmo sexo’. Insistir na discriminação, obscurecendo assim a perceptível discriminação das leis penais, onde já existe investigação de primeira e segunda classe, e se projecta um ‘foro (tribunal) especial’ apenas destinado à classe política.

2. Prosseguir nos ataques à Igreja Católica, e se preciso for, sustentar que o pretenso casório, não sendo à partida fértil, também não interfere com uma política de natalidade que se quer progressista, socialista e moderna. Qual?! Basta importarmos garanhões ou sementais com provas dadas nas várias regiões do planeta actualmente sobrelotadas, e a questão demográfica fica resolvida.

3. Distrair o pagode com doses maciças de futebol, muita selecção, muito Benfica, e enfoque especial no drama nacional chamado - ‘Sporting sem treinador’.

4. Pôr os ‘tarecos’, cada vez menos fedorentos e cada vez mais situacionistas, a dizerem graças sobre a ‘justiça à portuguesa’, que é uma forma de relativizar o assunto e eles sabem bem o que hão-de dizer… e não dizer.

5. Programar já o ‘Prós e Contras’ da próxima segunda-feira para debater o caso das escutas ao primeiro-ministro, se devem ou não valer, se devem ou não ser destruídas, porque a Dona Fátima (que está transformada numa espécie de Dona Maria) sabe bem quem há-de convidar. Palpita-me que serão convidados o incontornável Júdice e o Marinho bastonário, antigos defensores de mais garantias para os arguidos da Casa Pia, e actuais defensores do formalismo das leis, ou seja, escutas sem a devida autorização, digam o que disserem, lixo.

A lavagem prevista, com mais skip menos skip, deve andar por aqui. São muitos anos de enxovia.


Saudações monárquicas

quarta-feira, novembro 11, 2009

Escutas, deixa-me rir

Estou, é das escutas? Olhe, é para dizer que já podem começar a escutar-me.
Mudaram a lei e agora existem três personagens insuspeitos: - o PR, o PAR, e o PM. Só podem ser escutados mediante autorização prévia do presidente do STJ, que nestas circunstâncias passa a tutelar o processo de investigação. Portanto, por aqui, nem vale a pena irmos mais longe. A anedota inicial, ainda que posta ao contrário, corresponde à realidade.
O pior são as outras investigações, aquelas que podem ‘apanhar’ algum dos três insuspeitos em conversas suspeitas! Aqui tudo se complica (ou facilita) consoante a perspectiva ou os interesses em causa.
Certo, certo, é que aquilo que os ‘insuspeitos’ disserem ao telefone, e for escutado, só poderá ser validado se acontecerem vários milagres ao mesmo tempo!
Primeiro milagre – o investigador adivinha que o investigado vai telefonar a um dos ‘três insuspeitos’.
Segundo milagre – movido pelo palpite o investigador tem de obter autorização do Presidente do Supremo Tribunal de Justiça para efectuar a hipotética escuta.
Terceiro milagre – o presidente do STJ autoriza a escuta;
Quarto milagre – o investigado telefona mesmo, na data e hora previstas, e dentro do prazo da autorização;
Quinto milagre – um dos ‘insuspeitos’ atende o telefone;
Sexto milagre – o teor da conversa é considerado relevante pelo presidente do STJ, caso contrário a escuta é destruída e não aproveita a ninguém.
Sétimo milagre – o leitor conseguiu chegar até aqui.

Conclusão: Protejam-se lá uns aos outros mas não brinquem com os portugueses.

quarta-feira, novembro 04, 2009

Não lhes toquem, por favor

Eu sei que é triste, pouco ético, mas peço-vos a todos, polícias, ministério público, magistrados, e muito especialmente à comunicação social (por causa do bom nome) não lhes toquem, não os acusem de nada, não os pronunciem, e evitem sobretudo a expressão - arguido. A expressão e a constituição.
Porquê?
Explico: - assim como assim, não vai dar em nada e ainda temos (o Estado, nós!) que lhes pagar uma choruda indemnização. Além das despesas de reabilitação! Uma conta calada. Lembrem-se de quanto nos custou (e custa) o processo da Casa Pia! E a reabilitação do Pedroso e companhia?! Até foi preciso mudar de governo!
Por isso, meus amigos, façam como eu, entretenham-se com os escândalos do futebol, e deixem essa malta em paz e sossego. Mas atenção, não puxem muito o cordel do futebol, porque pode vir algum deles atrás. E vamos ter problemas outra vez.
Ah, querem saber quem é ‘essa malta’?! Pois, não posso revelar, mas vou-lhes dar uma pista: - olhem para a primeira fila nas próximas comemorações do centenário da república.

Saudações monárquicas

terça-feira, novembro 03, 2009

“Os intocáveis”

Com a devida vénia publicamos um artigo do jornalista Mário Crespo, que (em minha opinião) retrata o país que somos e o regime que suportamos:

“O processo Face Oculta deu-me, finalmente, resposta à pergunta que fiz ao ministro da Presidência Pedro Silva Pereira - se no sector do Estado que lhe estava confiado havia ambiente para trocas de favores por dinheiro. Pedro Silva Pereira respondeu-me na altura que a minha pergunta era insultuosa.

Agora, o despacho judicial que descreve a rede de corrupção que abrange o mundo da sucata, executivos da alta finança e agentes do Estado, responde-me ao que Silva Pereira fugiu: Que sim. Havia esse ambiente. E diz mais. Diz que continua a haver. A brilhante investigação do Ministério Público e da Polícia Judiciária de Aveiro revela um universo de roubalheira demasiado gritante para ser encoberto por segredos de justiça.

O país tem de saber de tudo porque por cada sucateiro que dá um Mercedes topo de gama a um agente do Estado há 50 famílias desempregadas. É dinheiro público que paga concursos viciados, subornos e sinecuras. Com a lentidão da Justiça e a panóplia de artifícios dilatórios à disposição dos advogados, os silêncios dão aos criminosos tempo. Tempo para que os delitos caiam no esquecimento e a prática de crimes na habituação. Foi para isso que o primeiro-ministro contribuiu quando, questionado sobre a Face Oculta, respondeu: "O Senhor jornalista devia saber que eu não comento processos judiciais em curso (…)". O "Senhor jornalista" provavelmente já sabia, mas se calhar julgava que Sócrates tinha mudado neste mandato. Armando Vara é seu camarada de partido, seu amigo, foi seu colega de governo e seu companheiro de carteira nessa escola de saber que era a Universidade Independente. Licenciaram-se os dois nas ciências lá disponíveis quase na mesma altura. Mas sobretudo, Vara geria (de facto ainda gere) milhões em dinheiros públicos. Por esses, Sócrates tem de responder. Tal como tem de responder pelos valores do património nacional que lhe foram e ainda estão confiados e que à força de milhões de libras esterlinas podem ter sido lesados no Freeport.

Face ao que (felizmente) já se sabe sobre as redes de corrupção em Portugal, um chefe de Governo não se pode refugiar no "no comment" a que a Justiça supostamente o obriga, porque a Justiça não o obriga a nada disso. Pelo contrário. Exige-lhe que fale. Que diga que estas práticas não podem ser toleradas e que dê conta do que está a fazer para lhes pôr um fim.
Declarações idênticas de não-comentário têm sido produzidas pelo presidente Cavaco Silva sobre o Freeport, sobre Lopes da Mota, sobre o BPN, sobre a SLN, sobre Dias Loureiro, sobre Oliveira Costa e tudo o mais que tem lançado dúvidas sobre a lisura da nossa vida pública. Estes silêncios que variam entre o ameaçador, o irónico e o cínico, estão a dar ao país uma mensagem clara: os agentes do Estado protegem-se uns aos outros com silêncios cúmplices sempre que um deles é apanhado com as calças na mão (ou sem elas) violando crianças da Casa Pia, roubando carris para vender na sucata, viabilizando centros comerciais em cima de reservas naturais, comprando habilitações para preencher os vazios humanísticos que a aculturação deixou em aberto ou aceitando acções não cotadas de uma qualquer obscuridade empresarial que rendem 147,5% ao ano. Lida cá fora a mensagem traduz-se na simplicidade brutal do mais interiorizado conceito em Portugal: nos grandes ninguém toca.”

Mário Crespo - (JN de 02Nov09)

quinta-feira, outubro 29, 2009

Cantiga de guerra e paz (toada brasileira)

Há guerra no Iraque
E bombas em Cabul
Um míssil sem sotaque
Desceu do céu azul
.
Há guerra aqui também
Dispara o teu fuzil
Que eu morro sem vintém
Num morro do Brasil
.
Há guerra em toda a parte
Onde anda o bicho homem
Armado em disparate
O feitor da desordem
.
Precisa nova lei
Precisa outra harmonia
Talvez um novo Rei
E sua monarquia
.
E a Deus Nosso Senhor
Que zela sobre a terra
Pedimos mais amor
Em troca desta guerra.

segunda-feira, outubro 12, 2009

A esquerda unida

Portugal já era dos poucos países onde ninguém perde e todos ganham! Agora ultrapassou outra fasquia, a das vitórias com sabor a derrota! Já tinha sido assim nas legislativas - o PS cantou vitória depois de ter perdido mais de meio milhão de votos e uma série de deputados! Aconteceu ontem com o PSD, indiscutível vencedor das autárquicas, porque de facto é o partido que tem mais autarquias (câmaras e freguesias), mas os seus resultados ficam bem longe dos alcançados em 2005. E está a perder gás a cada eleição. Não fora o precioso auxílio do Partido de Portas, especialmente nas áreas urbanas, e os prejuízos seriam ainda maiores.

Quanto ao PS, limitou-se a capitalizar as percas do seu adversário, tirando partido da bipolarização preexistente. Mas nada de euforias e isso viu-se em Lisboa – nem as sondagens amigas, que durante a semana tentaram desmoralizar Santana, nem as projecções de esquerda ao princípio da noite, conseguiram disfarçar o incómodo de um empate técnico que chegou a perfilar-se! Só a madrugada trouxe alguma paz à ‘frente popular’!

Sim, porque quem ganhou em Lisboa não foi Costa, foi a esquerda unida, num ensaio da futura candidatura presidencial de Alegre. E aquilo está muito justo. Foi preciso fazer tremendos sacrifícios – o PCP perdeu um vereador; o Bloco não elegeu Fazenda; a Intersindical vendeu-se; e Costa traiu-se quando engrossou a voz para repetir – ‘quem não se uniu a nós, perdeu’! Mas afinal, quem é que não se uniu?!

Portanto, o próximo cenário eleitoral parece definido, pelo menos do lado da esquerda: têm candidato, e ficámos a saber quanto valem - um resultado próximo do conseguido por Costa, mas com tendência para descer.
Em relação à direita, que vem avançando através do PP e recuando através deste PSD, a questão reside na capacidade de arranjar um candidato mais forte que Cavaco. E se vale alguma coisa a opinião de um monárquico, Rui Rio poderá ser o homem da quarta república.

domingo, outubro 11, 2009

Selecção com sorte

Confesso que não sou um apaixonado pela selecção do Madaíl, uma selecção do regime, cheia de emigrantes (de luxo) e de imigrantes (oportunistas), como também não alinho no histerismo das bandeiras, excessivamente verdes e encarnadas para o meu gosto. Nesta matéria gosto mais das cores de Portugal. E detesto obviamente a paranóia destes ‘cristãos novos’ da bola, que engravidam os estádios onde joga a selecção, com mulheres, filhos e enteados, mais as beldades da moda, primas e namoradas dos jogadores! É muita coisa para não gostar!
Depois, penso que há um excesso de selecções (e de competições internacionais) fenómeno crescente que transfere para o exterior os centros de decisão da bola indígena. Com todos os malefícios que se conhecem – desvalorização das competições internas, enormes pausas nos campeonatos, enormes prejuízos financeiros para a esmagadora maioria dos clubes, e pior do que tudo, gera o desinteresse nos verdadeiros adeptos do futebol. Aqueles que frequentam o futebol todo o ano e não apenas os jogos da selecção.
Eu até compreendo o ‘fenómeno selecção’, já escrevi sobre isto, trata-se de uma deslocação de interesses, um grito de orfandade política, num povo que sente que não tem mais nada em comum, a não ser a selecção… do Madaíl!
Antigamente sempre tínhamos um Rei, um Rei que nos fez companhia desde os primórdios, um Rei que nos unia, e tínhamos a empresa colectiva da nacionalidade que entretanto mandámos às urtigas. Pode dizer-se que estamos mais divididos do que nunca, e eu, que não uso preservativos para o sentimento, também não uso a selecção para fingir que somos Pátria.
Dito isto, e antes que me digam que isto das selecções é muito bom para o país, para sermos conhecidos lá fora, informo desde já que tenho os meus amigos cá dentro e não tenho esse tipo de necessidades – ser conhecido lá fora!
Quanto a ser bom para o país, não digo que não, porém ainda não senti nada no meu bolso! Nem consta que o nível de vida vá aumentar por causa das vitórias da selecção. Se assim fosse o Brasil teria o melhor rendimento per capita do mundo. E sabemos que não tem.
Claro que deve haver muita gente que vive à conta disto, deste internacionalismo democrático, mas não me parece que sejam os mais necessitados.
Meu Deus, agora reparo que me desviei tanto da selecção que só me resta acabar com a selecção – teve sorte com a derrota da Suécia, fez o trabalho de casa contra a Hungria, e espero que esteja na África do Sul, sempre é uma terra onde deixámos raízes. Num continente onde deixámos a alma.

Saudações azuis

sábado, outubro 10, 2009

Poemas do Interregno

Dai-me um pouco dessa água que bebeis
Que à fonte onde fui ontem já não vou
Contai-me um pouco das histórias que sabeis
Eu vos contarei as minhas e quem sou

Vossa companhia dai-me que eu estou só
E de tão só fugiu-me a felicidade
Arrasei tudo o que tinha feito em pó
Hoje só busco paz e sanidade

E com um pouco desse ar são que exalais
Que pouco a pouco já consigo respirar
Levarei eu firme a vida até jamais
Com a força que me derem a ganhar

Bem Hajam!!!


Ruy Sik


Lido no ‘Porta d’Esperança’, jornal da comunidade Vale de Acór

segunda-feira, outubro 05, 2009

Cinco de Outubro de 2009

Os portugueses gostam de palácios, gostam de príncipes e princesas, mas também gostam de reis e rainhas, desde que não sejam os nossos! Esta aparente contradição não os incomoda e convivem perfeitamente com ela. Assim, delirantes, invadiram o Palácio de Belém, acedendo ao convite do actual inquilino. Inquilino que parece não apreciar os antigos proprietários, pois no breve discurso que fez, não fez outra coisa senão proclamar os ideais republicanos. Sem perceber que afrontava outros ideais.
Concluímos portanto que os ideais republicanos (e a ética) se opõem aos ideais monárquicos, precisamente aqueles que fundaram e consolidaram Portugal! E até fabricaram um Palácio para que o senhor presidente pudesse dizer tais disparates.
Um discurso infeliz mas cheio de boas intenções – um apelo a que nos unamos em torno desses ideais republicanos! Se soubéssemos quais são! E ele saberá?!
Referia-se ao Regicídio! Ou ao golpe que implantou a dita república, regime que nunca foi referendado! Talvez estivesse a pensar na revolucionite aguda da primeira república! E nos seus quarenta desgovernos … em dezasseis anos de regabofe! Ou talvez não, se calhar não contou com a ditadura de quarenta e oito anos! E pensa que o estado novo não era república! Tantas as dúvidas que me assaltam, que o melhor é escrever e perguntar-lhe directamente: - senhor presidente, diga-nos quais são os ideais republicanos e se eles têm alguma coisa a ver com o facto de ocuparmos sistemáticamente os últimos lugares do ranking europeu! Em todos itens de desenvolvimento!
Era sobre isto que gostava que esclarecesse o País, em lugar de afrontar oito séculos de história, ou ofender os monárquicos.
Sem outro assunto…

sexta-feira, outubro 02, 2009

Dois galos na capoeira

Hoje, na Sociedade Civil (canal 2) falou-se de monarquia. Monarquia versus República. Aliás começa a falar-se de monarquia com mais frequência e os recentes desaguisados entre Belém e São Bento terão certamente contribuído para isso.
O debate, bem moderado, reuniu António Reis, grão mestre da maçonaria, Inês Pedrosa, republicana convicta, Adelino Maltez, monárquico da ala liberal e um jovem que representava a Causa Real, e cujo nome me escapou. Mas deixou boa impressão! Bem preparado, bem informado, bem educado, conseguiu até dialogar com a ignorância (e algo mais que a ignorância) da dita Inês, um produto acabado da intoxicação republicana!
Cheio de paciência, o jovem monárquico tentava explicar-lhe que esta crise institucional tem a ver com o regime e não com as qualidades melhores ou piores deste ou daquele presidente da república. Porque é muito difícil arbitrar um jogo em que também jogamos. Não se trata apenas de despir a camisola na tentativa de sermos imparciais. A verdade é que procuramos uma nova eleição e isso obriga-nos a jogar. Mas a Inês não percebeu.
Por isso talvez fosse preferível dar-lhe um exemplo mais simples, mais terra a terra. Inclusivé, um exemplo republicano!
Chamar-lhe a atenção, que no caso português, o conflito institucional entre presidente e primeiro-ministro é inevitável.
Porquê?!
Porque os nossos brilhantes constitucionalistas, os pais da constituição de Abril, nem para a república foram bons! Fabricaram uma coisa chamada semi-presidencialismo, que na prática produz um presidente da república e um primeiro-ministro com a mesma legitimidade democrática! Ou seja, ambos se reclamam de terem sido eleitos pelo povo. Dir-se-á que os deputados é que foram eleitos directamente e que o primeiro ministro é um resultado desse primeiro escrutínio. Mas isso é um sofisma, outro sofisma republicano, porque na realidade os portugueses que foram votar no Domingo, não foram escolher deputados, foram escolher o próximo primeiro-ministro.
Assim, ou até com um desenho, talvez a Pedrosa lá chegasse.

quinta-feira, outubro 01, 2009

O timing dos submarinos!

Inesperadamente vêm à superfície, por coincidência no dia em que o presidente ía falar ao país! Sobre as baixas pressões socialistas.
A este propósito, a primeira página do Correio da Manhã de quarta-feira, dia seguinte à comunicação de Cavaco Silva, é um case study! Incrédulo tive de confirmar a data do jornal. Mas era verdade - a toda a largura, com todo o destaque, só se viam submarinos a derrapar! E num cantinho lá vinha uma referência à comunicação do presidente!
Coincidência ou mera opção editorial!
E tamanha publicidade sobre as buscas, com os media já plantados junto ao alvo, será normal ou os jornalistas íam a passar, viram todo aquele aparato e resolveram espreitar!
Mas a grande coincidência tem a ver com Portas e com a sua retumbante vitória. Aliás, sempre que Portas ganha, ou sempre que a esquerda perde, os submarinos saltam logo da gaveta. Não têm a sorte do Freeport que para sair da gaveta foi um castigo.
Coincidências, claro.

quarta-feira, setembro 30, 2009

A asfixia

É uma história de ficção, tudo começa numa casa que recolhe órfãos e desvalidos. A notícia de um escândalo de pedofilia abala um pequeno país, habituado a acreditar no regime e nos seus dirigentes. Que afinal não eram puros e castos como se pensava, e as ‘escutas’ evidenciaram.
Como foi possível acontecer?! – Perguntavam uns.
Como foi possível saber-se?! – Perguntavam outros.
Uma jovem jornalista, menos avisada, tinha puxado o novelo e veio tudo atrás. Um jovem juiz, menos avisado, deteve um político!
A partir daqui desenrola-se a acção – era preciso proteger o regime e os seus altos dignitários a qualquer preço. E assim foi.
Convocaram-se eleições mesmo com uma maioria no parlamento. A comunicação social deu uma ajuda, e foi designado um governo com incumbências específicas: - controlar a justiça e o jovem juiz foi parar à prateleira; controlar o serviço de informações e o serviço de informações foi parar ao bolso do primeiro-ministro; controlar a comunicação social, ao menos no período das eleições. E isso foi conseguido – o incómodo telejornal de uma televisão privada foi silenciado.
Cumprida a missão, à custa de sangue, suor e lágrimas, mas especialmente do endividamento do erário público, era absolutamente vital voltar a ganhar as eleições, pois havia (e há) muita coisa para esconder, uma série de suspeições e processos para arquivar.
A crise económica internacional deu uma ajuda – permitiu aprofundar o papel de ‘pai natal’, tão ao gosto de um governo que fabrica pobres para depois os subsidiar!
Mas as sondagens davam um empate técnico. Era preciso fazer mais qualquer coisa – e lá veio a rábula das ‘escutas’, as pressões sobre o presidente, a pata na poça…
Não sei como esta história vai acabar, mas duvido que tenha um final feliz.

terça-feira, setembro 29, 2009

Belém ensaia missil de longo alcance!

Numa comunicação surpreendente, 'chamando os bois pelos nomes', Cavaco Silva arrasou governo e partido socialista, dando razão a todos aqueles que se queixam da asfixia democrática. Os comentadores de serviço, normalmente tão afoitos, estavam confusos, não perceberam o conteúdo da mensagem.

Os partidos reagiram à sua maneira - os comunistas tocaram no essencial, no fosso quase intransponível entre São Bento e Belém. O Bloco de Esquerda, qual menino de coro, achou lamentável! O CDS passou ao largo, não quis nem quer chamuscar-se. O PSD produziu a declaração mais inteligente da noite - lamentou apenas que Cavaco não tivesse falado mais cedo. Para esclarecimento dos eleitores. O PS manteve-se mudo durante tempo demais. Silva Pereira tentou rebater a intervenção presidencial, mas nem os indefectíveis convenceu.
E os dados estão lançados, Cavaco atravessou o Rubicão.
É preciso reabilitar a política, moralizar o país, dar esperança às pessoas. Uma pedrada no charco não chega.
Estamos fartos de mentiras.
E por falar em mentiras, adivinhem qual era notícia do dia?! A candida procuradora anda no encalço dos submarinos... do Portas!
Nem de encomenda!

segunda-feira, setembro 28, 2009

Escutas e inventonas

Curiosidade, coincidência, e se Cavaco cumprisse a promessa de falar ao país sobre o caso das escutas, um dia depois das eleições? O que sucederia?
Justamente hoje, aniversário de um outro 28 de Setembro, o de 1974, o princípio do fim do primeiro presidente desta terceira república - o general Spínola!
Tudo começou com uma manifestação convocada por alguns partidos de direita para apoiar Spínola, impotente para travar a escalada de comunistas e afins. E que estavam desejosos de entregar as colónias portuguesas aos seus amigos soviéticos. À boa maneira leninista, a manifestação foi rápidamente aproveitada para um golpe de esquerda, baseado numa 'inventona' - a invenção de que a 'reacção' (o clássico inimigo imaginário) preparava a contra revolução!
O resto sabe-se - Spínola resignou e a esquerda apoderou-se definitivamente do aparelho de estado executando então a famosa 'descolonização exemplar'! Timor incluído, e incluído também o tardio arrependimento socialista!
Valeram entretanto os 'Comandos' de Jaime Neves para, no 25 de Novembro de 1975, reporem alguma ordem no país e evitarem uma guerra civil. Porque a ideia comunista era transformar Portugal num paraíso albanês!
Mas, regressemos à pergunta inicial - que sucederá quando Cavaco Silva vier explicar o que de facto se passou (ou não passou) no caso das escutas?!
Porque das duas uma - ou trata-se de uma inventona com origem em Belém; ou há mesmo fumo e fogo e então o caso é gravíssimo, pondo mesmo em causa, a formação do próximo governo.
A ver vamos.
Foi por tudo isto que me lembrei do 28 de Setembro.

sexta-feira, setembro 25, 2009

Votar na direita

Esquerda e direita, não fujo à questão, digo apenas que votar na direita é uma tarefa difícil em Portugal!
Por várias razões. Desde logo por causa da propaganda mentirosa da esquerda que chama direita a tudo aquilo que não gosta ou acha que está torto! São mais de trinta anos de propaganda, asfixiante, quase totalitária.
Uma segunda razão, que decorre directamente da primeira, e pontua todas as outras, assenta no medo que aquela propaganda provoca num povo timorato, assustadiço, e com longo historial de adesivo.
Por isso a direita portuguesa tem andado escondida, onde pode, e vai vestindo algumas fatiotas que notoriamente não lhe servem. Pior, assim desposicionada, desfigura completamente o leque partidário, confunde e confunde-se, e sem querer, dá razão à caricatura que a esquerda inventou para si.
Ultimamente, timidamente, ouvem-se algumas vozes que se afirmam de direita, mas de conteúdo e origem suspeitas.
A ver se nos entendemos – a direita não é social-democrata; nem centrista; no primeiro caso porque (a direita) não é de esquerda; no segundo caso, porque a direita não é liberal.
A direita também não é racista ou xenófoba, terminologia de esquerda para escamotear a verdade – a direita é nacional, no sentido em que se responsabiliza pelo presente e futuro dos portugueses. Por isso tem prioridades – resolve primeiro os problemas internos. Um exemplo – a direita quer acabar com a insegurança em Portugal, e só depois se abalança a tentar resolver os problemas de segurança no Afeganistão.
Mais, a direita é abrangente, não renega o passado, e ao contrário da esquerda, não se envergonha da história, considera portanto que são portugueses ‘todos aqueles que se deixaram tocar pela aventura da descoberta’, ou seja, todos aqueles que querem ser portugueses.
A direita tem uma ideia séria sobre o Estado, uma ideia de serviço e não de emprego para familiares e amigos. Por isso responsabiliza os funcionários públicos e premeia o mérito. Acha, por exemplo, descabido que numa altura de crise generalizada, com o desemprego a subir em flecha, que aqueles que têm o posto de trabalho garantido, se dêem ao luxo de reivindicarem seja o que for! Que seria pago com os impostos de todos. E sem qualquer benefício para a comunidade.
O mesmo se diga das obras faraónicas, construídas com o suor da escravidão! E que outro nome têm os imigrantes que nelas trabalham?! Sem quaisquer garantias e que sobrevivem amontoados num contentor?! Não, a direita não constrói pirâmides nos tempos modernos.
A direita não privatiza os serviços que cabem na vocação do estado – saúde, justiça, forças armadas e de segurança. Mas porque reconhece os seus limites (coisa que a esquerda não faz ideia) nunca renegou alianças estratégicas com as instituições históricas, emanadas do povo, e que moldaram esse mesmo povo. Por isso a direita apoiou sempre as Misericórdias. Não as nacionalizou para as destruir ou domesticar em função de interesses ideológicos ou particulares. Nessa tentação caiu a esquerda.
A direita toma a Igreja Católica por aliada, e não a diminui. Muito pelo contrário, reconhece a sua importância no ensino, na saúde, na caridade.
A direita tem valores que a distinguem da esquerda – é pela vida; é pela tradição. E ser pela tradição significa respeito pelo saber acumulado. Respeito pelo passado para que possamos amanhã (quando formos passado) ser também respeitados.
Neste sentido a direita não é estúpida, não tem a presunção de fundar Portugal todos os dias. Nem quer descobrir a pólvora.
Finalmente a direita quando é governo não estimula as causas fracturantes, prefere estimular a coesão nacional.
Terá então a direita a chave para resolver a crise?
Não sabemos. Sabemos apenas que a esquerda, que há trinta anos domina os órgãos do estado, não tem condições para tal.

Posto isto, haverá algum partido de direita onde possamos votar no próximo Domingo?

Chefia de estado independente, precisa-se

Prisioneiro dos partidos, porque deles provém e só com o seu favor se candidata, o chefe de estado republicano acaba de interferir de maneira decisiva na campanha eleitoral. Mesmo que não quisesse fazê-lo, os partidos, omnipotentes e tentaculares, têm sempre a possibilidade de o chamar a terreiro para cobrar a factura da sua eleição. E como no horizonte se perspectiva nova eleição presidencial, o presidente, à semelhança do país político, não tem outro remédio senão andar em permanente campanha eleitoral. Com todas as consequências para a sua própria credibilidade e imagem. Isto não é bom para Portugal.
Como bem diz o Duque de Bragança, estes episódios das escutas, que mancham de suspeição (todas) as instituições políticas, não acontecem nas monarquias europeias. Porque insistimos então num modelo ideológico que na prática não funciona?! A quem serve afinal este regime?!
E a questão volta a colocar-se - que vamos nós comemorar no 'centenário da república?!
.
. Saudações monárquicas.

quarta-feira, setembro 23, 2009

Lixeira a céu aberto

Por mais aterros sanitários que se façam ele aparece por todo o lado! Mal coberto, vem à superfície e revela misérias, novas e antigas, e quando não se vê deixa o cheiro pestilento. Em se tratando de época eleitoral é pior. O país reduz-se então a um enorme eco-ponto onde cabe quase tudo. O presidente desta república do lixo dá o exemplo - mexe e remexe de acordo com as conveniências da lixeira (porque a lixeira também tem as suas conveniências) e nesse afã não poupa amigos e correlegionários! No lixo vale tudo.
Do outro lado da lixeira, na zona dos plásticos, agitam-se alguns detritos flutuantes, triunfantes porque ficaram momentânea e aparentemente por cima. É assim a vida do lixo.
O melhor é ficar por aqui, longe das urnas, por causa dos salpicos. Eu disse urnas, mas pensei em contentores... do lixo.

terça-feira, setembro 15, 2009

Farto de Manuelas

Aparecem com ar de novidade, como se aqui aterrassem pela primeira vez, mas nunca de cá saíram, andaram sempre por aí, e a receita é a mesma – produzir e poupar. Uma boa receita, pena que sejam (sempre) os mesmos a pagar a conta.
Ah, mas é melhor que Sócrates, dizem. Não sei. Ambos mentem. Sócrates prometeu baixar os impostos e não fez outra coisa senão aumentá-los! Nem os reformados escaparam. Manuela afirma que é a seriedade em pessoa, e agora é ela que promete não aumentar os impostos. Mas no seu discurso só fala de dívidas, dívidas que temos que pagar. Já agora com que dinheiro?! Com o dela não é certamente. Por outro lado ninguém se esquece do episódio das acções do Benfica – que serviram para pagar dívidas fiscais! Papéis sem qualquer valor, uma cedência ao popularucho, a dama de latão no seu melhor.
Mas aquilo que mais os identifica, chefes de fila que são de dois partidos iguais, é esta querela castelhana!
Um, por causa do TGV, a outra, por causa do Santander, acusam-se mutuamente de estarem ao serviço dos espanhóis. E desta vez, provavelmente, têm ambos razão.
Para desespero do país.

Saudações monárquicas.

sexta-feira, agosto 14, 2009

Medina razão!

Medina Carreira tem razão. Só que não basta ter razão é precisa a solução! E a solução é política, se o problema é económico. E a solução proposta, um conjunto de homens bons, pessoas sérias, desprendidas do poder, capazes e trabalhadeiras, não existem, ou se existem não querem participar num jogo/sistema/regime… batoteiro. A história é simples e repetida.
Aliás, a ideia do Professor fez-me lembrar outro Professor – quarenta e oito anos de união nacional, mais ditadura. E um presidente da república para inaugurar fontanários!
Talvez seja útil reavivar a memória - todos se lembram que o rei D. Carlos também quis dar uma solução ao país. Solução que passava pelo fim das manigâncias partidárias, dos governos que caíam, apenas porque isso interessava à oposição!
Foi assassinado por causa disso.
E a verdade é que existe uma grande similitude entre o chamado rotativismo monárquico e a situação actual – em ambos os casos subsiste, ou uma batota regimental, que ninguém (nem o rei) conseguiu emendar, ou uma ideologia infantil, que também ninguém quer emendar!
E não querem emendar porque isso não convém ao nacional barriguismo.
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Mas vejamos o paralelo: - no rotativismo, os dois partidos que se revezavam no poder, sabiam que destituindo o adversário era a eles que (constitucionalmente) incumbia a tarefa de prepararem as próximas eleições! Que ganhavam sempre, bastando para tal prometer lugares e mordomias à clientela habitual. Clientela que mudava de casaca e de voto consoante as conveniências do momento. Foi esta batota que arruinou o país e permitiu o assalto ao poder por parte do partido republicano.
Não havia homens bons e honestos nesse tempo?! Claro que havia, mas afastavam-se da política.
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Actualmente as coisas passam-se com outra subtileza mas o resultado é o mesmo – os partidos do arco do poder também se revezam e também sabem que as promessas eleitorais são para esquecer após a vitória nas eleições. Mas, ao contrário do rotativismo monárquico, o (partido do) governo tem possibilidades de ser reeleito, uma vez que o período eleitoral é assegurado pelo governo em funções, ainda que com reserva de gestão.
Porém, se conseguimos maior estabilidade governamental, não diminuímos o clientelismo partidário. A situação piorou, porque os partidos se tornaram omnipotentes e omnipresentes, já que nem o presidente da república lhes escapa. Pois são eles que o produzem.
Ficámos, portanto, com todos os vícios do rotativismo monárquico e perdemos um árbitro, que não dependia dos partidos e por isso mesmo, podia ser árbitro.
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Sabemos que aqui na terra não existem regimes perfeitos. Mas existem uns melhores do que os outros.

Saudações monárquicas