terça-feira, março 31, 2020

É p'ra amanhã...


Quem estiver atento aos noticiários do governo (repetidos ad nauseam – e servilmente - pela comunicação social que temos) há-de reparar que é sempre 'amanhã' que hão-de chegar os equipamentos sanitários que precisamos. O mesmo se aplica aos 'testes' cujo discurso remete sempre para 'um arranque em força na próxima semana'. E o melhor que podemos esperar são algumas 'notícias' que dão conta que 'hoje ainda' vão aterrar aviões com algum material encomendado. Por último e quanto a entregas a situação também é duvidosa. Assim, parece que dos quinhentos ventiladores encomendados à China, alguns já estarão na nossa embaixada em Pequim! Esperando-se entretanto que façam o resto do percurso com outra rapidez!

Enfim, tudo isto soa a incompetência da grossa e faz lembrar o célebre ministro da propaganda do Iraque que, em pleno descalabro, continuava a animar os noticiários com vitórias atrás de vitórias! Numa perspectiva mais séria também me lembro da cantiga do Variações.


https://www.youtube.com/watch?v=XhHP0QDyvk8

segunda-feira, março 30, 2020

Governo de quarentena


O diminutivo de Pátria nunca me agradou e por isso também não gosto deste patrioteirismo de ocasião e daquele discurso - 'estamos todos do mesmo lado', 'nada de criticas, toca a apoiar o governo da república'! Vamos por partes, apoiar o governo da república foi coisa que eu nunca fiz, e embora possa refrear a oposição, não seria agora que iria apoiar um governo que ainda há pouco tempo aprovou a eutanásia a pedido*! E como estas coisas se ligam umas às outras também não confiaria a saúde dos nossos velhinhos a um estado laico, republicano e socialista. Tenho na memória o que acontecia na união soviética e tenho presente o que a 'ética democrática' representa para os mais fracos. Subjacente a este texto está o incompreensível 'tratamento' informativo que a DGS está a fazer relativamente à morte de um jovem atingido pela pandemia!
Como se quisesse que a causa da morte fosse outra! Diferente da dos restantes mortais! Mas porquê?! Será por questões estatísticas?! Ou para esta gente que nos governa, a 'importância' da morte define-se pela idade?! Perguntas e desconfianças que só vão acabar quando pusermos este governo de quarentena.

*Sugeria que os deputados que votaram a favor da eutanásia se voluntariassem agora para acorrer aos lares onde os idosos estão a morrer sem pedir.


https://www.youtube.com/watch?v=6e8jQbdXvFc

domingo, março 29, 2020

Pandemia

Estão podres as paredes do meu quarto
Lá fora só há escombros e ruínas
O mundo não me traz as novidades
E tu só me contas adivinhas!

As terras de Laredo vão ardendo
Pois não há império que resista
A Europa agoniza e vai sofrendo
E tu só me pedes que desista!

Ergui o meu estandarte contra o vento
Azul, mais azul que o mar revolto
Subi aonde sobe o pensamento
E cantei a minha mágoa em verso solto! 

  

sábado, março 28, 2020

'Novos Contos da Montanha'


A Lucinda? - perguntou o Pedro, coberto de suor, lívido, a acabar de sair de uma modorra de morte.
  • Está boa... respondeu a mãe, com a naturalidade que pôde.
  • E porque não vem cá?
  • Isto pega-se, filho. Ela bem queria; eu é que não consinto...
    Uma onda de tristeza, que lhe embaciou a imagem da namorada, atravessou os olhos febris do rapaz. Depois, exausto do esforço de vir à tona do poço, desceu as pálpebras e caiu na sonolência em que vivia há dias.
    No princípio da epidemia, de ouvido atento, ia vigiando o mundo através do dobrar do sino. O som a entrar no quarto abafado e ele a inquirir, inquieto:
  • Quem foi, minha mãe?
  • O Belmiro.
  • O pai ou o filho?
  • O pai.
Cuidadosa, a Felisberta varria implacávelmente todos os espinhos que pudessem magoar as justas esperanças da mocidade. (…) E docemente ia matando os velhos e as velhas da freguesia, para deixar ao doente, intactas, as fontes da alegria.
  • E hoje? - Queria ele saber de novo, sôfrego de uma palavra que fosse a garantia da imunidade dos seus vinte anos.
  • O Pinto.
A única distinção que o sino fazia era entre homens e mulheres. E bastava à Felisberta ter debaixo da língua um nome de sessenta invernos, capaz de justificar as três ou as cinco badaladas, para aquietar aquele atento desassossego.
O mal, porém, alastrou de tal modo que se tornou impossível tocar a todos os defuntos. Além disso, o sinal fatídico acabara por ser um aviso a cada moribundo. E o prior, rogado e convencido, mandou calar o bronze.
(...)

'Renovo' - (excerto)
Miguel Torga

Nota: Esta transcrição foi um pretexto para lembrar a ´pneumónica', epidemia que há cerca de cem anos flagelou o país. E também revisitar os belos contos de Torga.

   https://www.youtube.com/watch?v=yJAOZ4bPGMA

sexta-feira, março 27, 2020

Boletim sanitário


Hoje vou ocupar-me da saúde mental embora, tanto quanto se sabe, não seja um sintoma de referência da pandemia. Mas pode ser uma sequela. Esta ideia ocorreu-me quando ouvi o nosso primeiro ministro indignar-se, tomando as dores de nuestros hermanos, porque o ministro holandês das finanças achou estranho que o governo espanhol não tivesse uma folga orçamental para fazer face a ocorrências inesperadas! Bem, pensei eu, a solidariedade socialista tem destas coisas. Mas este exagero... E continuei a pensar. Pois se nós temos uma folga orçamental, folga essa propalada aos sete ventos, e se as contas do Centeno estão certas, este nervosismo e esta irritação ou é sequela ou então é aquilo que já todos desconfiamos – não há plano B para a união europeia. O que para um país com oito séculos de história só pode ser sintoma de demência. Cada qual que enfie a carapuça.

quinta-feira, março 26, 2020

A curva portuguesa


De um dia para o outro a política de saúde mudou! E a curva portuguesa que até aqui seguia a linha norte coreana, quanto menos testes menos infectados, vai seguramente ganhar formas dignas desse nome. Isto quer dizer que frases como a ´racionalização de testes' ou a 'falsa sensação de segurança' vão deixar de se ouvir. Agora o que importa é a 'detecção precoce dos casos positivos'* o que implica testar todas as pessoas que revelem algum dos sintomas conhecidos e todos os suspeitos (ainda que assintomáticos) de contaminação comunitária.

Ora bem, isto é equivalente a duas coisas: - o número de infectados vai disparar e o número de testes não vai chegar. E mesmo que chegasse não existe capacidade no terreno para implementar o rastreio que a situação exige. Sem esquecer que na 'linha da frente' vão acontecer baixas não se vislumbrando também quem as possa substituir. A não ser a tropa (por obrigação patriótica) ou em última análise os inesgotáveis cubanos!

Uma última sugestão para o superavit do super Mário: - espero que um dia seja levado à conta de perdas e danos no Serviço Nacional de Saúde. E não só.



*Entretanto mantém-se a política de mandar para casa os casos (aparentemente) ligeiros transformando cada lar numa extensão do SNS. É uma ideia engenhosa, que os chineses tentaram no início, mas que desistiram rápidamente face à previsível contaminação do restante agregado familiar. Mas talvez resulte em Portugal. Se houver apoio e testes.

quarta-feira, março 25, 2020

A propósito de máscaras...


Enquanto as outras não chegam, começam a cair algumas menos adequadas ao momento que atravessamos. Foi o que percebi hoje no habitual 'ponto da situação' com um secretário de estado mais abatido e uma directora da saúde menos confiante. Os números cresceram e a realidade ficou patente. Uma realidade que nos aproxima dos restantes países europeus, se entrarmos em linha de conta com o calendário da pandemia e a protecção natural que a periferia traz consigo. Preparemo-nos então para o pior. Porque o pior poderá acontecer. Basta que os 'heróis' se ponham em fuga. Ou em quarentena, o que vem dar ao mesmo. Aliás nunca acreditei em heróis numa sociedade pouco habituada a fazer sacrifícios. E quando o exemplo não vem de cima...

terça-feira, março 24, 2020

'Falsa sensação de segurança'!


Esgotados os argumentos para iludir a realidade – não testamos mais porque não temos testes nem capacidade para tal – o malabarista-mor e a sua geringonça inventaram a curiosa teoria da 'falsa sensação de segurança'! Trocado por miúdos seria o mesmo que um médico dissesse a um potencial paciente – não te meço a febre porque podes não ter, ficas com uma 'falsa sensação de segurança', e ainda apanhas uma gripe! 

Depois disto já não espero mais nada. Minto, ainda consegui ouvir o nosso presidente dizer que os outros países, mais atrasados em termos de vírus, já estão a estudar o caso português! Talvez uma nova descoberta, quiçá um novo caminho para chegar à Índia! E de passagem, sendo possível, devolver os malabaristas à sua costa de origem.

sábado, março 21, 2020

Um vírus monástico


Na prisão domiciliária em que me encontro tenho aproveitado o tempo para conhecer melhor este vírus que, de um dia para o outro, mudou as nossas vidas. Já percebi que não é socialista de tal maneira vem esvaziando a propaganda do governo. Um governo a reboque da crise. Também não é mentiroso e de cada vez que a 'pespineta' da ministra (na feliz expressão de Garcia Pereira) começa a embrulhar-se em justificações logo aparece a pergunta fatal – e como é que vamos de testes?! Mas no meio da desgraça o vírus tem algum sentido de humor e aquela sessão de perguntas sem resposta que diáriamente nos entra pela casa é sem dúvida um desses momentos.

No entanto se procurarmos melhor, o seu cartão de cidadão dirá que é solteiro e que se o deixarem sozinho, em recolhimento conventual, será menos perigoso para o comum dos mortais. O que não quer dizer que seja menos perigoso para os senhores deste mundo. Um mundo que terá inevitávelmente que mudar.


https://www.ojogo.pt/internacional/portugueses/noticias/relato-forte-de-um-portugues-na-china-na-europa-desvalorizamos-o-inimigo-11968274.html

segunda-feira, março 16, 2020

Dom Duarte pede declaração do estado de emergência



"Temos vindo a assistir a sucessivos apelos da população aos governantes para tomarem medidas mais rapidamente. Primeiro foi o encerramento das escolas, agora o pedido de declaração do estado de emergência e de iniciativas para apoiar as empresas e a estrutura económica", afirmou.
Por esse motivo, considerou "difícil compreender" a convocação do Conselho de Estado para quarta-feira - só depois dessa reunião o Presidente da República anunciará a sua decisão sobre o estado de emergência -, já que os estudos indicam que "quanto mais rapidamente e de forma radical" for a actuação do Governo, mais rápido pode ser o controlo da pandemia e o retomar da normalidade.
"Reitero o apelo ao Governo para a declaração do estado de emergência nacional que permita declarar quarentena obrigatória a toda a população, salvo serviços essenciais assim como a recuperação do controlo das fronteiras. São momentos extraordinários que requerem medidas de excepção máxima", defendeu.
O pretendente ao trono português manifestou também a sua preocupação com a situação das empresas nacionais, que precisam de "uma resposta rápida", salientando que a partir de hoje o IVA das empresas estará a pagamento e até à próxima sexta-feira as contribuições sociais.
"O Estado deverá assumir responsabilidades perante as empresas portuguesas, aliviando a sua tesouraria, permitindo pagamentos mais urgentes como são ordenados e fornecedores", apontou.
Duarte Pio elogia o "comportamento notável" da maioria dos portugueses, bem como a dedicação dos profissionais de saúde, forças de segurança civis e militares, bombeiros, farmacêuticos, sacerdotes e religiosas.
"O comportamento exemplar dos portugueses exige uma maior rapidez por parte dos seus governantes", apelou, terminando com "uma palavra de confiança no sentido de responsabilidade e de espírito de comunidade de todos os portugueses".
A mensagem de Duarte Pio foi enviada à Lusa ainda antes de ser conhecido que Portugal registou a primeira morte de uma pessoa infetada com o novo coronavírus, um homem de 80 anos, que tinha "várias patologias associadas" e estava internado há vários dias, no Hospital de Santa Maria, segundo anunciou a ministra da Saúde, Marta Temido.
Em Portugal, 331 pessoas foram infetadas até hoje com o vírus da pandemia Covid-19, segundo o boletim diário da Direção-Geral da Saúde.
Lido em 'Notícias ao minuto'

Mudar de vida

Ouvir boa música é um bom princípio...


https://www.youtube.com/watch?v=2g0jnZefFs0

domingo, março 15, 2020

Fake news – de um lado e do outro!


As falsas notícias de que tenho mais medo são as do governo! Normalmente transmitidas em côro por uma comunicação social domesticada! Passo bem com as más notícias do ibuprofeno, as boas do chá de erva doce, ou outra mesinha do tempo dos nossos avós. Agora tudo o que vem da parte deste poder eleitoralista, que quer agradar a todos, desconfio sempre. E lembro-me sem querer dos episódios de Pedrógão, comparo a ministra de então com a de agora e não vejo muitas diferenças. A grande preocupação continua a ser ficar bem na fotografia. Para além de uma irritante avareza não vá estragar-se a decantada imagem do Ronaldo das finanças! E esta é mais uma razão para desconfiar das notícias oficiais. E que no fundo escondem as graves indecisões do governo.

Por exemplo, porque não se fechou já a fronteira terrestre com Espanha?! E no que respeita aos aeroportos será que continuam a desembarcar (livremente) pessoas vindas de áreas de risco, como a Itália?!
Isto é que os portugueses gostavam de saber verdadeiramente. E a verdade nunca aumenta o alarme social. A mentira, sim.

quinta-feira, março 12, 2020

Quarentena com água salgada!


Nem a directora nem a ministra explicaram, apesar das múltiplas aparições, se a água podia ser salgada e se o sabão podia ser óleo de bronzear! Ou se havia alguma relação entre o encerramento de uma escola e o necessário isolamento das crianças! No limite, a bíblica coincidência entre a Páscoa e a quarentena! Sendo assim, para alunos e pais com graves dificuldades de entendimento, torna-se difícil levar por diante qualquer plano de contenção. O que os papás perceberam logo e por isso já se nota grande azáfama nas superfícies comerciais tem mais a ver com o aprovisionamento em massa de uma série de produtos (papel higiénico e enlatados à cabeça) preparando a dispensa para o que der e vier. O vírus é outro assunto e dá na televisão!

Face a este grau zero de responsabilidade individual e colectiva podemos sempre esperar o pior. Na melhor das hipóteses, o tradicional milagre que costuma poupar os pobres de espírito.

quinta-feira, março 05, 2020

Viva a república!

Mesmo que se concorde com a ironia do título, a intoxicação mental levada a cabo desde há muito, leva o paciente português a frases como esta: - 'nas monarquias também há corrupção'! Ou então, 'isto é um problema global'! E por aqui se fica.

Porém, se é verdade que a corrupção existe em toda a parte, também é verdade que nalguns regimes é possível combatê-la e que noutros é muito mais difícil. E a dificuldade resulta do facto de ser mais fácil capturar a justiça e restantes órgãos de soberania quando se trata de uma república do que numa monarquia. Onde por natureza o rei é incorruptível pois não depende dos votos de ninguém. Isto parece-me acessível a qualquer cabeça pensante.

De qualquer modo e porque o tema da corrupção está mais uma vez na ordem do dia, deixo aqui um link que explica bem o beco republicano (sem saída portanto) em que estamos metidos.

Saudações monárquicas

segunda-feira, março 02, 2020

Um vírus português!


Na pista da 'operação Lex', nome de código de uma investigação que promete desmascarar a terceira república portuguesa, começam a surgir fortes indícios de corrupção naquele que deveria ser o pilar de qualquer estado de direito – uma justiça isenta e confiável. Pelo contrário, e segundo rezam as notícias, no Tribunal da Relação de Lisboa há suspeitas de irregularidades no sorteio dos juízes, escolhendo uns em vez de outros, consoante os processos e os interesses em causa. E curiosamente, ou talvez não, os presumíveis beneficiários da batota são sempre os mesmos – maçonarias e lobbies que vivem à sombra do orçamento, das trafulhices bancárias, e inevitáveis frequentadores dos camarotes da bola!

A ser verdade, isto é pior do que qualquer pandemia conhecida, pois neste caso o vírus está identificado, é genuinamente português, tem tratamento, há vacina para o prevenir, só que ninguém está interessado em pôr-lhe termo!


domingo, março 01, 2020

Escravos cardíacos das estrelas!

Álvaro de Campos: Escravos cardíacos das estrelas,...

Escravos cardíacos das estrelas, Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama; Mas acordamos e ele é opaco, Levantamo-nos e ele é alheio, Saímos de c... Frase de Alvaro de Campos.