domingo, julho 29, 2012

Um texto à luz do dia

O lugar onde escrevia era escuro, postado diante de uma parede onde se elevavam as figuras austeras dos trisavós maternos, foi aí que compuz aqueles textos que Vocês conhecem. A luz ía buscá-la a alguma inspiração passageira. Agora mudei de sítio, tenho um pequeno escritório, com estantes e prateleiras, está relativamente arrumado, o sol entra pela janela, mas a inspiração ficou no quarto escuro. E não me apetece escrever. Ainda tive um rebate quando a filha do Adriano Moreira subiu ao púlpito parlamentar, mas contive-me. Era para dizer mal da rapariga, coitada, coitado do pai. Temos que aguentar, afinal são sempre os mesmos a dar ordens neste país, seja por via sanguínea, seja por via maçónica, ordináriamente por ambas, venham eles mascarados de socialistas nacionais, venham elas tatuadas pelo socialismo internacional. É preciso que se diga: - terra desigual (a mais desigual da Europa!) onde para singrar é indispensável ter o carimbo ‘socialista’. De esquerda ou direita, não interessa. Já dizia o Churchill (ou seria o Guerra Junqueiro!): - ‘cães de trela, cães de fila, cães de caça, tudo cães’!
Afinal sempre escrevi alguma coisa!

Passemos aos jogos olímpicos. Também gostava de escrever sobre o tema, mas era (também) para dizer mal – do barrete verde e encarnado, sem toiros, sem sol e sem moscas, mas com a presença incontornável do Cavaco e da Maria! Mesmo intervencionados e tesos, lá foram eles (incansáveis) dar uma forcinha aos nossos rapazes e raparigas. É bonito! O problema é que os nossos atletas quando chega a hora da verdade... já estão cansados! E termino com Vasco Santana - 'Chapéus (boinas, barretes, etc.) há muitos'. Medalhas há poucas. 


Saudações monárquicas









quinta-feira, julho 19, 2012

Eles não sabem, nem sonham…

Passe o Gedeão, que aliás conheci no velho liceu Pedro Nunes, a recente declaração do secretário dos impostos foi mais uma peça dolorosa da política… ‘à portuguesa’. O medo, o compadrio, a incapacidade, a esperteza saloia (que ainda funciona!), até alguma ingenuidade (que se confunde com cretinice), tudo isso faz parte do novo pacote contra a evasão fiscal!

Meu rico, meu pobre Portugal! O país martirizado com impostos e estes secretários doutorados, fechados nos gabinetes, a cogitar golpes de mão contra os desgraçados do costume! Só visto! Ou seja, mais uma medida para facilitar a vida ao contribuinte graúdo, aquele que faz grandes despesas, grandes compras, as suas, pessoais e familiares, as da empresa, e arranja artifícios contabilísticos para bater o record dos abatimentos no IVA, no IRS, seja onde for!

E que tal seguir a sugestão de Medina Carreira: – baixar drasticamente os impostos, eliminar a maior parte deles, simplificando ao máximo o respectivo processo?! Querem apostar que a receita aumentava?!

E (digo eu) que tal avançar para o ‘imposto por cabeça’, em lugar de andar a tributar a actividade económica?! Seria uma revolução tributária, não tenho dúvidas, e de uma penada, reduzia-se a evasão e aumentava a justiça fiscal.

A outra solução, já inventada pelos gregos, há muitos séculos, corresponde basicamente ao slogan da esquerda invejosa e preguiçosa – ‘os ricos que paguem a crise’! Mas com a variante, também grega - os ricos pagam a crise mas são eles a gerir a crise. Como não podia deixar de ser. Aqui, a esquerda já não gosta, porque gosta de ser ela a gerir (leia-se, gastar) o dinheiro dos outros!



Saudações monárquicas











quarta-feira, julho 18, 2012

Luta de classes

O que era povo
Está na minha voz
O que é burguês
Está no meu dinheiro
O ser fidalgo
Vem antes de nós
E queira ou não queira
Vem sempre primeiro!


São três verdades
Que não aceitamos
Ao escolher uma
Duas rejeitamos
Na nossa vida
Há três passageiros
E se quisermos
Bons companheiros!


Abaixo o povo
Ninguém vai dizer
Viva a burguesia
O melhor é esquecer
E a fidalguia,
Sem medo e sem espanto,
Com muita alegria
Só eu é que canto!


O que era povo
Está na minha voz…




(dedicado ao primogénito… neste dia)

segunda-feira, julho 16, 2012

Uma tarde nos Zagallos

‘O palácio é do povo’, enfatizou o vereador da cultura!

Era uma tarde de Verão, os salões estavam cheios como vem sendo habitual. Para quem não sabe, o solar dos Zagallos é o local escolhido (aliás muito bem escolhido) pela Câmara de Almada para premiar as melhores quadras de São João, o Santo Padroeiro da cidade. E assim foi este ano.

A poetiza de serviço declamou entretanto as quadras que se evidenciaram e se a última palavra é da Senhora presidente, as primeiras palavras são do Senhor vereador. E aquela insistência, a emoção do evento, a própria lembrança das datas (14 de Julho/tomada da Bastilha), levaram-me a outra quadra, a outra verdade histórica, dentro do mote do concurso (‘Almada’ e ‘brilho’).
Ei-la:

Sem o nosso São João
Sem o brilho, sem nobreza,
Não haveria salão
Nem Almada concerteza!

Como se adivinha, a ordem dos factores não é arbitrária, mas confesso que fui tentado a substituir a palavra ‘brilho’ pela palavra ‘povo’. Seria um erro. A quadra, perdendo o brilho, acabaria naturalmente desclassificada.

O palácio não é do povo. Mandado construir pelos Zagallos, ainda no século XVIII, foi casa de família, e aqueles salões doirados testemunharam vida, alegrias e tristezas. Arruinaram-se, como tudo se arruina, e a quinta terá sido comprada pela burguesia emergente, por aqueles que celebraram (e celebram) a Bastilha!

O solar dos Zagallos é hoje administrado pela Câmara de Almada, em nome dos munícipes, os que elegeram a actual edilidade e os que não a elegeram, e só é do povo nesse sentido. Sentido que a história se encarregará de negar. Não vem longe o tempo em que será de novo adquirido pela aristocracia do poder, que atendendo ao rumo dos acontecimentos será da casta dos banqueiros e outros liberais de nomeada.

Resta saber em que circunstâncias o solar dos Zagallos melhor serve os interesses da comunidade! Se casa de família e de linhagem! Se casa de burgueses sujeita às leis do mercado! Se casa do povo que não existe a não ser na propaganda!

De qualquer modo não poderia terminar sem transcrever a quadra vencedora, atribuída a um poeta da Sobreda, e que tanto emocionou a Senhora presidente:

Em dia alegre de festa
Em noite escura de breu
És a joia que nos resta!
Almada! Que brilho o teu!

Saudações monárquicas





















sexta-feira, julho 13, 2012

Muita conversa e pouca política

O sinal dos tempos é meter a política na gaveta e desatar a falar de dinheiro, economia, finanças, como se isso resolvesse aquilo que de facto não queremos resolver. E não queremos resolver por razões que situam no plano ideológico, da teimosia, da ignorância, ou talvez da esperteza, razões, que no fim de contas, pouco têm a ver com as contas, que devemos e temos que pagar. Não mudamos de vida porque não queremos. No fundo, por razões políticas. E ninguém quer dizer isto.

Ninguém, não é bem assim, de vez em quando aparece alguém a pôr o dedo na ferida, como ontem aconteceu com Eduardo Catroga em entrevista televisiva. E o que disse este antigo ministro das finanças, da economia, negociador de planos de resgate, etc. etc.?! Falou de política, disse que a reforma das reformas, a base de todas as reformas, é a reforma da (intocável!) constituição da república. Sem essa reforma, sem a esvaziar definitivamente do seu conteúdo soviético, sem acabar com as barreiras (e alçapões) que protegem a casta dominante, sem isso, o país não resolve nenhum dos problemas que tem para resolver. Pelo menos de forma mais ou menos pacífica.

Quem é a casta dominante?! Bem, se lerem o que venho escrevendo há alguns anos, descobrem concerteza. Se não leem, e fazem muito bem, tentem descobrir quem comemorou efusivamente o centenário da república. Depois é só seguir o guião.



Saudações monárquicas







quinta-feira, julho 05, 2012

Se queres saber onde moro...




Se queres saber onde moro!
Vivo sempre ao pé do mar!
Dentro de mim sopram velas
Nascem ventos, caravelas,
O cais inteiro a zarpar!


Guardo sinais marinheiros
Agulhas de marear
Procuro rumos certeiros
Em céus de estrelas, veleiros
Que não deixei naufragar!


Se ainda assim queres saber!
Para ninguém duvidar!
Pergunta às ilhas distantes
Se éramos nós, como dantes,
No outro lado do mar!