Esta é talvez a maior fragilidade republicana! Totalmente dependente
do voto, o regime deixa-se fácilmente enlear pelos grupos mais fortes, os que
lhe podem assegurar a eleição, e com ela a manutenção do poder. Por aqui passa,
e passou, o congelamento das rendas nem que isso possa hipotecar (e hipotecou) definitivamente
o mercado de arrendamento! E por aqui passam, de uma maneira geral, todas as iniciativas
popularuchas que apenas visam efeitos de curto prazo. O prazo das eleições!
Mas não se fica por aqui a gula republicana! O desporto e os
seus protagonistas sempre foram alvo das benesses para efeitos de propaganda
política. O futebol, desporto rei não escapa a essa tentação. No entanto nesta
matéria a segunda república sempre manteve alguma reserva sabendo que as
paixões clubísticas são difíceis de conciliar. Uma lição que a república de
Abril não aprendeu. E agora já é tarde.
É assim que surgem na comunicação social os denominados ‘deputados
do Benfica’ a que já me referi neste espaço! Como se essa associação de
interesses estivesse prevista na lei, ou não estando prevista, fosse benéfica
para a assembleia da república, para os próprios deputados ou para o país! Pensávamos
nós que tínhamos atingido um limite de despudor! Puro engano! Imaginem que nas
próximas eleições autárquicas existe um candidato que promete oferecer, caso
ganhe as eleições, terrenos e outras facilidades para o Benfica construir em
Oeiras (!) uma obra de regime! Para as modalidades! *
Governo, tribunais, comissão nacional de eleições, e demais
órgãos da república, não se ouvem! Silêncio, que se vai cantar o fado!
Saudações monárquicas
· * Para lá da promiscuidade, e do oportunismo
político que a situação revela, existiria ainda outra razão para o governo
intervir! Como assim?! Proibindo os clubes de futebol profissional de ‘frequentarem’
outras modalidades. Para ver se elas se desenvolvem e conseguimos ganhar alguma
medalhita. Sem ofensa aos ‘baluartes’ do nosso desporto, o tempo do ecletismo
já passou só que em Portugal o tempo não passa.