Sem qualquer surpresa, Marcelo Rebelo de Sousa foi eleito à primeira volta. Teve tudo a seu favor: - em primeiro lugar a fraca
concorrência; em segundo lugar um pacto invisível (mas real) entre as forças
ocultas que sustentam o regime e os partidos que as representam; em terceiro
lugar a visibilidade de um artista de televisão; em quarto lugar o mérito pessoal
e a inteligência de uma campanha que não falou de política. Sendo o mais republicano de todos os candidatos fez-se passar pelo mais monárquico de todos! É sempre assim. Ganhou práticamente
em todos os distritos eleitorais e se houvesse segunda volta a sua vitória
seria ainda mais expressiva.
Resultado: 2.410.130 votos – 52%
Sampaio da Nóvoa, um desconhecido
reitor, acabou por superar as expectativas e na hora da derrota teve o seu
melhor momento de campanha! À pergunta sobre o que faria com o ‘seu’ milhão de
votos, respondeu que as eleições acabavam ali! Se durante a
campanha revelasse outro distanciamento da partidocracia, o que não conseguiu ou
não quis, talvez obrigasse Marcelo a uma segunda volta.
Resultado: 1.060.769 – 22,8%
Marisa Matias é a imagem do
marketing político que o BE vem desenvolvendo e, diga-se, com assinalável
sucesso. Uma linha feminina, fotogénica, fracturante, libertária e quem não
corresponder a este logotipo não aparece na televisão. E sem televisão não há nada.
É assim que Marisa Matias parecendo a mais livre, e a mais genuína, de todas as mulheres, acaba por
ser a menos livre e a mais artificial de todas.
Resultado: 469.307 – 10,13%
Maria de Belém e as subvenções
vitalícias pela calada resumem a sua intervenção e o seu desastre eleitoral. ‘Costumo
dizer que sou profundamente cristã’ é uma frase (impensável) que não se diz.
Nem em campanha.
Resultado: 196.582 – 4,24%
Edgar Silva deveria ter
prosseguido na sua vida eclesiástica. Fica melhor a citar a Bíblia que a
Constituição. Para a próxima Jerónimo terá de arranjar uma cara mais engraçadinha
para concorrer com o Bloco.
Resultado: 182.905 – 3,95%
Dos restantes candidatos só Tino
de Rans conseguiu destacar-se (152.045 – 3,28%). E em minha opinião fez o
suficiente para merecer tal destaque.
Falta falar da legitimidade dos eleitos. Os números falam por si:
Inscritos: 9.699.000
Votantes: 4.737.273
Abstenção: 51,16%
Nota básica: - Há-de chegar o dia
em que a abstenção, que não pára de crescer, terá uma leitura correcta e
consequente. Nesse dia os portugueses irão perceber que o eleito presidente da república representa muito pouco. Para além de não representar a continuidade
histórica, representa apenas uma pequeníssima parcela da população.
Saudações monárquicas