quarta-feira, janeiro 27, 2016

Anatomia de uma infantilidade!

Está na natureza das coisas, na claridade da inteligência, mas o ser humano quando não quer aprender, não aprende mesmo. Nestas circunstâncias até desaprende! E vai desaprendendo sempre, ao ponto de se tornar infantil e apreciar infantilidades. Está nesta categoria a eleição para presidente da república. Mas também podemos incluir no rol a actual animosidade contra o presidente cessante! Uma animosidade doentia. Explico: - em primeiro lugar é preciso não esquecer que Cavaco Silva foi o político mais votado da terceira república, seja para primeiro-ministro, seja para presidente! Em segundo lugar, mas em primeiríssima instância, todos deveriam ter a consciência de que se não houvesse limitação de mandatos o homem continuaria a ser reeleito presidente até morrer. Isto não tem a ver com o facto de se chamar Aníbal mas com a lógica de continuidade que se espera de uma chefia de estado. As pessoas no fundo sabem (ou sentem) isso, mas por razões mais ou menos obscuras, entretêm-se nos tais jogos infantis. No fundo gostariam de ter uma monarquia e vão votando até que as deixem, na esperança, impossível de concretizar, de ver nascer um rei numa mesa de voto!
Um acto falhado, coisa normal entre crianças.


Saudações monárquicas

terça-feira, janeiro 26, 2016

Rescaldo eleitoral

Sem qualquer surpresa, Marcelo Rebelo de Sousa foi eleito à primeira volta. Teve tudo a seu favor: - em primeiro lugar a fraca concorrência; em segundo lugar um pacto invisível (mas real) entre as forças ocultas que sustentam o regime e os partidos que as representam; em terceiro lugar a visibilidade de um artista de televisão; em quarto lugar o mérito pessoal e a inteligência de uma campanha que não falou de política. Sendo o mais republicano de todos os candidatos fez-se passar pelo mais monárquico de todos! É sempre assim. Ganhou práticamente em todos os distritos eleitorais e se houvesse segunda volta a sua vitória seria ainda mais expressiva.

Resultado: 2.410.130 votos – 52%

Sampaio da Nóvoa, um desconhecido reitor, acabou por superar as expectativas e na hora da derrota teve o seu melhor momento de campanha! À pergunta sobre o que faria com o ‘seu’ milhão de votos, respondeu que as eleições acabavam ali! Se durante a campanha revelasse outro distanciamento da partidocracia, o que não conseguiu ou não quis, talvez obrigasse Marcelo a uma segunda volta.

Resultado: 1.060.769 – 22,8%

Marisa Matias é a imagem do marketing político que o BE vem desenvolvendo e, diga-se, com assinalável sucesso. Uma linha feminina, fotogénica, fracturante, libertária e quem não corresponder a este logotipo não aparece na televisão. E sem televisão não há nada. É assim que Marisa Matias parecendo a mais livre, e a mais genuína, de todas as mulheres, acaba por ser a menos livre e a mais artificial de todas.

Resultado: 469.307 – 10,13%

Maria de Belém e as subvenções vitalícias pela calada resumem a sua intervenção e o seu desastre eleitoral. ‘Costumo dizer que sou profundamente cristã’ é uma frase (impensável) que não se diz. Nem em campanha.

Resultado: 196.582 – 4,24%

Edgar Silva deveria ter prosseguido na sua vida eclesiástica. Fica melhor a citar a Bíblia que a Constituição. Para a próxima Jerónimo terá de arranjar uma cara mais engraçadinha para concorrer com o Bloco.

Resultado: 182.905 – 3,95%

Dos restantes candidatos só Tino de Rans conseguiu destacar-se (152.045 – 3,28%). E em minha opinião fez o suficiente para merecer tal destaque.

Falta falar da legitimidade dos eleitos. Os números falam por si:

Inscritos: 9.699.000
Votantes: 4.737.273
Abstenção: 51,16%


Nota básica: - Há-de chegar o dia em que a abstenção, que não pára de crescer, terá uma leitura correcta e consequente. Nesse dia os portugueses irão perceber que o eleito presidente da república representa muito pouco. Para além de não representar a continuidade histórica, representa apenas uma pequeníssima parcela da população.



 Saudações monárquicas

quinta-feira, janeiro 21, 2016

Subvenção vitalícia, segundo mandato, primeira dama!

Não, não vou escrever sobre as subvenções vitalícias dos ex-deputados, patriotas que desperdiçaram alguns anos das suas vidas a fazer as leis que deram cabo das nossas! Isso seria mesquinho. Vou concentrar-me naquelas que são devidas aos ex- presidentes da república. Como se sabe a lei eleitoral prevê a possibilidade de um segundo mandato, possibilidade essa que acaba sempre por acontecer. A coisa funciona assim: - no primeiro mandato não fazem ondas, distribuem beijinhos à esquerda e à direita, estão em campanha eleitoral permanente, o que os leva fácilmente à reeleição. A partir daqui tornam-se mais ásperos para os governos e sofrem a tentação da posteridade! No fim do exercício abandonam Belém e passam a receber uma subvenção vitalícia. Além de outras mordomias. Teremos dentro em breve quatro ex-presidentes nesta situação.

Fala-se agora em reduzir o cargo a um único mandato, eventualmente um pouco mais dilatado, o que se afigura mais de acordo com a lógica republicana. O problema é que quer as subvenções vitalícias quer as mordomias irão disparar! E mesmo com a lei da vida a interceder pelos contribuintes é bem possível que a média de ex-presidentes subvencionados se fixe na meia dúzia! O que convenhamos é muito ex-presidente junto! Lenine perguntaria então - que fazer?

Há básicamente três hipóteses. - ou se acabam com as subvenções vitalícias, mordomias e ponto final. Ou se desvaloriza o cargo através de uma eleição indirecta (por exemplo à italiana) e acabam-se também as subvenções e mordomias. Ou se restaura a monarquia, regime bastante mais coerente e mais barato.

Entretanto a única poupança que o regime republicano promete é o abençoado fim das primeiras damas! Mas pelos piores motivos! Descasados, ou mal casados, os actuais candidatos já admitiram que não há primeira dama no horizonte. Do mal o menos.

Saudações monárquicas

segunda-feira, janeiro 18, 2016

Tempo de interregno

Se há um tempo em que o interregno é mais gritante, mais trágico, é este das eleições presidenciais. No postal anterior já disse tudo o que havia para dizer, falta apenas vaticinar o próximo ‘inquilino’ de Belém! Meu Deus, como isto soa a luta de classes! Mas vamos lá aos vaticínios. Ora bem, não sendo possível sortear os candidatos, o que tornaria a escolha bem mais interessante, o vencedor está encontrado há muito. Chama-se Marcelo Nuno Duarte Rebelo de Sousa, nome próprio e apelidos cheios de contradições!

Será eleito à primeira volta beneficiando do facto de Costa ter dividido os socialistas ao anunciar a liberdade de voto. Marcelo em contrapartida não convocará eleições antes do tempo. Um pacto de fim de regime, ao melhor estilo da união nacional.

Os outros nove concorrentes, todos de esquerda, esforçam-se por existir, mas não existem. Ou são excessivamente aborrecidos, como Maria de Belém. Ou são excessivamente comunistas como Edgar Silva. Excessivamente generosos, (uma por todos!) como Marisa Matias. Ou excessivamente suspeitos como Sampaio da Nóvoa e os seus cursos de teatro!

Sobram os mais equilibrados – Henrique Neto, onde a direita (órfã) depositará alguns votos! Jorge Sequeira que usa óculos mas é do Boavista! Cândido Ferreira que denunciou o curriculum académico de Sampaio da Nóvoa! Paulo Morais que descobriu que havia corrupção em Portugal e por isso anda sempre de gabardina! E o Tino de Rans, que se fosse presidente faria cumprir a constituição na parte em que os deputados devem ser eleitos directa e pessoalmente pelos eleitores! Só por ter dito isto perdeu logo uma data de votos.

E pronto.



Saudações monárquicas

terça-feira, janeiro 05, 2016

Presidenciais – um espectáculo deprimente!

Não tem ponta por onde se lhe pegue! Nem percebo que pessoas ditas inteligentes participem, colaborem ou vejam aqueles debates entre candidatos presidenciais! Uma duplicação inútil das eleições legislativas, um galo a mais na capoeira, de Barcelos ou de Celorico, para supervisionar o galinho da Índia que está no governo! E como são difíceis as tarefas de supervisão (ou regulação) na nossa terra! Se em vez de supervisor quiser ser árbitro ainda pior. Proveniente de uma das ‘equipas’ em competição o seu juízo será sempre suspeito. Para um lado ou para outro.

Portanto, se aquelas dez alminhas não servem nem para supervisores nem para árbitros, resta-lhes o papel de fiscais de linha da constituição! O que convenhamos não justifica tanto aparato. Aliás, já temos um tribunal constitucional para o efeito.

Saudações monárquicas



Nota: Não me referi ao papel representativo que seria natural na função porque a teoria republicana da representação esbarra sempre na realidade. Depois de uma eleição os vencedores nunca representam os vencidos.  

segunda-feira, janeiro 04, 2016

O Costa da Constituição!

Um tempo novo, letra de balada, frase batida, profecia de Costa, vira o disco e toca o mesmo! Um tempo novo com a velha constituição é uma impossibilidade matemática! É a quadratura do circulo, a demagogia à solta.

Abençoada pela esquerda, por quase toda a assembleia da república, suporte do regime, responsável em última análise por todos os défices, pelas sucessivas intervenções externas, pela divergência permanente, pelas profundas desigualdades, pelo estado monstruoso, e os respectivos impostos, a Constituição que temos serve apenas a nomenclatura que se mantém no poder desde Abril de 74.

Acresce que os novos tempos são contrários à ideologia que dela imana. Ideias laicas num mundo cada vez menos laico. Ideias jacobinas num mundo que deixou de falar francês. Ideias republicanas quando as monarquias são os países mais desenvolvidos do mundo. Ou seja, com esta carroça arqueológica, puxada pelos burros habituais, nem Costa, nem nós, vamos longe. Um tempo novo afinal antigo, da idade dos defuntos socialismos.


Saudações monárquicas