quinta-feira, setembro 28, 2006

28 de Setembro contra o inevitável!

A história é escrita pelos vencedores que uma vez chegados ao poder justificam o lance com a inevitabilidade dos acontecimentos! A ideia é perigosa e pretende fazer crer que o dia de amanhã será sempre melhor que o de ontem! Assim, e no limite, só para citar dois exemplos, a bomba de Hiroshima tornou-se inevitável e a invasão do Iraque também! E o mundo ficou melhor, conclui o mesmo raciocínio!
Contra esta lógica, contra os chamados ‘ventos da história’, se rebelaram num dia 28 de Setembro de 1974 muitos portugueses, a maior parte eram jovens, que não queriam abdicar do sonho de um Portugal ultramarino. Por serem jovens não pensavam em si, sentiam-se responsáveis pelas populações africanas, temiam uma catástrofe. Só isso.
Foram a jogo e perderam.
Ganharam os que hoje se sentam no Parlamento, os que ocupam as magistraturas, os que ao longo de trinta anos se instalaram em Belém.
O mar foi trocado por Bruxelas; as inevitáveis guerras civis aconteceram em todos os territórios que administrámos durante séculos; e até naqueles, como Timor, onde não existia a sombra de qualquer conflito, conseguiram os vencedores de Setembro de 74, ali semear a guerra e a discórdia!
África é hoje um continente assolado pela fome e pela destruição...sem fim à vista! As populações que foram enganadas, ou pura e simplesmente obrigadas a aceitar as ‘actuais independências’, abandonam o continente em massa, arriscando a morte na viagem!
Era também contra isto que aqueles jovens se manifestavam, agrupando-se para o efeito em pequenos partidos de que hoje poucos se lembram, que o tempo injustamente esqueceu.
Nada tenho contra o desenvolvimento, contra a verdadeira independência, mas pergunto, se era este o inevitável desfecho daquele dia em que lutámos contra o ‘inevitável’!

terça-feira, setembro 26, 2006

Portugal – Espanha

Começaram os jogos ibéricos!
O primeiro a entrar em campo foi Sócrates protagonizando em Madrid um confronto de estilos entre a moda italiana do corte e costura e a mesma linha, mas sem costura, de Zapatero. Um empate.
Preparado o terreno foi então a vez de Cavaco.
Uma deslocação difícil à vizinha Espanha, sem corda ao pescoço porque desnecessária, mas em comitiva comercial com o objectivo de surpreender a Dinastia dos Bourbon, com um GPS português!
E de que serve ao Rei um GPS, perguntam Vocês! Não faço a mínima ideia, mas sempre deu para mostrar que pode contar com a região autónoma portucalense na área das tecnologias de ponta.
Os jogos prosseguiram ontem à noite com a visita do antigo primeiro-ministro das Espanhas, José Maria Aznar, que revelou estar em magnífica forma! Devolveu com grande á vontade todas as bolas que a nossa Fátima lhe atirou. Relatemos alguns dos lances mais emocionantes:
- Depois de repetir o que todos sabemos, que governou a Espanha como se mais ninguém existisse na Ibéria, porque de facto não existia, Aznar deixou no ar a ideia de que essa política era para continuar, e independente do sono profundo em que jaz o vizinho do lado. O Atlântico (e arredores) é ou vai ser espanhol!
- Respondeu Portugal por intermédio de Ernãni Lopes explicando isso mesmo: se não valorizarmos de imediato as vantagens específicas que a História nos legou, estaremos condenados a servir de passadeira aos interesses estratégicos de nuestros hermanos, em terras de África e de Vera Cruz. E viva o velho!
A plateia agitou-se. Estavam lá quase todos os responsáveis pela divergência que todos os dias se acentua, estavam bem dispostos e nutridos, vê-se que a vida lhes tem corrido bem.
O resto do encontro foi irrelevante desde que se percebeu que a diferença entre o avanço espanhol e o atraso português, era uma questão de regime, mas que não se podia dizer isso!
Já no prolongamento, houve um último momento de excitação na plateia: Fátima divulgou o resultado de um inquérito que afirmava que 27% dos inquiridos admitiam que era melhor sermos todos espanhóis.
Os jogos prosseguem em Almeirim em data a definir.

quarta-feira, setembro 20, 2006

Na estrada real

“Mas o Rei está apenas oculto, na ilha de encantos que é cada um de nós, e espera que a ele nos submetamos para que surja e salve; basta que acorde na alma de um de nós, para que também desperte nas almas que se perdem de tristeza e de dó pelas aldeias da Península, pela savanas de África, pelos palmares da Índia, pelas favelas de Paris ou pelas avenidas da Alemanha. Basta que num se erga; o Povo é ele e dele. Forças nenhumas se lhe poderão opor se ele próprio não provocar a batalha e se toda a sua coragem se concentrar, não em agredir, mas em se afirmar e em ser pacientemente, mas sem concessões, persistentemente, mas sem dureza, todo na tarefa, mas sem interesse seu, o guia que se espera, heróico e lúcido, ousado e calmo, aventureiro e lento. Todos em el-rei, el-rei em todos; e sem Rei nenhum, que o não precisamos para nada, pois o Rei o somos”.

Agostinho da Silva, in ‘Ensaios sobre Cultura e Literatura Portuguesa e Brasileira I’.
(Lido no - “Viva a República! Viva o Rei!”, de Tereza Sabugosa)

terça-feira, setembro 19, 2006

Postal de Setembro

Falavas da primavera sem saber, no tom dos teus olhos azulados, nas certezas impossíveis, na juventude da tua boca expressiva, nos dentes brancos do teu sorriso, mas querias dizer outra coisa que só eu ouvi no silêncio das palavras inocentes!
É assim...disseste, e não era assim concerteza.

Que sabes tu da primavera, da marcha inexorável do tempo, do fim do amor!
O que sabes desta estação descendente, que desce sem apelo nem agravo!

Mas o que interessa isso agora!

Coração ao alto, vou nascer amanhã, quem viver verá, no provérbio certeiro, na frase batida, a escrita fingida... de um sentir verdadeiro.

domingo, setembro 17, 2006

O fim de um princípio

O Sumo Pontífice deve representar a concórdia e a paz universal, é esse um princípio do Cristianismo, que os homens tentam prosseguir no sobressalto dos séculos.
Uma Paz Justa.
Por isso Bento XVI veio explicar o sentido das suas palavras quando evocou um episódio antigo, ocorrido em Bizâncio, onde o Imperador Manuel II, da dinastia dos Paleólogos, criticava a ‘conversão pela espada’.
Nada mais do que isto e logo se levantaram clamores do lado do Islão exigindo desculpas e retratações! Ridículas e encomendadas, por certo.
Já hoje, e a seguir à intervenção de Sua Santidade, desfeito o equívoco, a Irmandade Muçulmana do Egipto apressou-se a encerrar o assunto aceitando as explicações do Papa.
No entanto, penso que podemos tirar duas ilacções deste acontecimento:
Em primeiro lugar, uma clara advertência da Igreja Católica ao mundo muçulmano, repetindo que não aceita a violência como método, nem a conversão por esse método.
Em segundo lugar, e sossegando esse mesmo mundo muçulmano, repete também a necessidade de combater o ateísmo ocidental, com todas as suas consequências.
Afinal, a verdadeira Cruzada apostólica que Bento XVI definiu como prioridade do seu Pontificado.
Ámen.

quinta-feira, setembro 14, 2006

Governo ou semi-reboque?

Administrar é prever, dizia o professor numa aula qualquer da minha juventude. E prosseguia, um bom governo deve antecipar-se à crise, mas se ela inadvertidamente chegar, tem que ser firme e resoluto.
São recordações pessoais, nada disto tem a ver com o Governo que temos.
O primeiro-ministro ganhou esporas por ser teimoso (alguns viram ali firmeza), quando foi ministro do ambiente, mas onde verdadeiramente se notabilizou, usando com mestria o poder da televisão, foi como comentador benfiquista. Aliás, as relações entre o futebol e a política, melhor, entre tudo aquilo que gira à volta do futebol e tudo aquilo que gira á volta da política, não podem escapar ao conhecimento do engenheiro Sócrates na medida em que esteve no centro da candidatura de Portugal ao Euro 2004.
É para além disso, um confesso adepto do Benfica e a sua pública declaração de interesses, pouco mais regista que uma série de acções do mesmo clube!
Isto não envolve qualquer suspeita mas a constatação de um facto: o nosso primeiro-ministro não pode alegar ignorância do fenómeno nem dos seus perceptíveis contornos ou desvios e por isso estranha-se que só agora, com a casa arrombada, apareça a tomar medidas num frenesim tão evidente quanto disparatado!
Descobriu o Governo alguma coisa de novo? Não eram do seu conhecimento e do seu interesse, os fortes indícios de corrupção que todos admitem existir à volta de uma actividade que movimenta milhões, que serve de biombo para traficar tudo e mais alguma coisa!
Foi então apanhado de surpresa!?
E agora, perante reveladoras escutas telefónicas, face à evidência dos factos, o que tenciona fazer?
Fazer mais leis? Acabar com as escutas, afinal para muitos, o verdadeiro busílis do problema?! Proibir os magistrados de fazerem parte de associações de mau porte?
Ou será que estamos na presença, mais uma vez, da ponta do iceberg, onde a corrupção desportiva aparece como a má da fita, quando a outra, a que está por baixo e bem escondida, é muito maior!
Não adianta fazer pactos, mudar leis ou proibir pessoas, é preciso corrigir o sistema que perpetua situações para além do que é admissível. É preciso indagar como se escolhem as pessoas para os cargos e não andar à procura de virtudes e defeitos nas mesmas pessoas.
Chega de propaganda.
Não existe gente séria, quando o regime não é sério. E se existir, afasta-se, não participa em jogos sujos.
Estou a falar da política, não estou a falar de futebol.

quarta-feira, setembro 13, 2006

Levanta-te e chora

Um país, se quiserem, um regime, quando chega à fase das anedotas por atacado, diz-me a lembrança, que está vazio por dentro e por fora, esgotou-se. Mas não é bem disso que quero falar, o que me anda a incomodar ‘long time ago’, são aqueles bonequinhos da ‘contra – informação’, um sucesso piadético da nossa praça, mas que a mim não me enganam.
Pronto, ‘eu sei que sou chato, que este meu samba é mesmo muito chato’, riam à vontade com os bonecos, desliguem o blog, divirtam-se!
Que eu não deixo de protestar.
Isto aqui chama-se ‘interregno’, para quem não perceba, é um espaço de oposição a este regime decadente e estúpido, que nos empobrece, que nos esvazia a memória, em suma, que nos infantiliza. Há quem não dê importância a isso, eu dou.
Voltando aos bonecos afirmo: estão ao serviço da situação, branqueiam, limpam aqui, sujam além, utilizam o nacional-porreirismo para inocentar este e aquele, nunca criticam o governo, nunca criticam verdadeiramente o compadrio reinante.
Exemplo:
Que dizer do prosseguimento da bonecada com os falsificadores de resultados, Valentim e companhia, senão um claro intuito de banalizar a batota e os batoteiros! Que mensagem transmitem para fora?
Normalidade de condutas! Pouca gravidade dos factos! Sim, porque estamos a falar de factos comprovados em escutas telefónicas autorizadas.
O que pretende o canal público de televisão com esta farsa?
Aceito que deve provocar gargalhadas alvares a muita gente, mas não podemos deixar de considerar como uma tentativa para esvaziar o conceito de delito que está indiscutivelmente presente nos factos que têm vindo a público!
O exemplo está dado e termino: o humor verdadeiramente crítico não funciona assim, tem outras asas e outras premissas.
Isto é o nacional-porreirismo no seu melhor...e sem qualquer graça.

terça-feira, setembro 12, 2006

Virar de página

Estamos mal, vivemos cada vez pior, a propaganda não chega para as necessidades da população. As pessoas evitam olhar a realidade de frente, fingem que não percebem que o futuro é uma parede fechada – não há passagem! Refugiamo-nos nas prateleiras do supermercado, nas viagens de sonho, nos pequenos nadas transformados em momentos de glória.

A crise de valores existe por toda a parte, é certo, a sociedade securitária confirma que a vida humana não vale um vintém!
Onde é que nos perdemos?
O senhor da terra apareceu na televisão a explicar que está a construir um novo ‘gulag’! Absolutamente necessário, disse. Os argumentos são convincentes – os terroristas existem e reproduzem-se, o que é que podemos fazer!? Não posso adiantar mais nada.
Segredo de justiça.

sábado, setembro 09, 2006

O Pacto Mateus

Mateus, jogador de futebol angolano, contínuo amador nas horas vagas, mal sabias tu que serias o responsável pelo fulminante ‘pacto de silêncio’ que PS e PSD resolveram celebrar, com o louvável intuito de distrair a opinião pública e fingir que algo vai mudar na republica dos compadres.
Estás a ver Mateus, porque é que és tão importante!? Na tua ingenuidade, diz-me lá uma coisa – que País é que aguenta, que Governo é que tem estômago para assistir impávido à permanente notícia de que Portugal é um palco de batota, com direito a desmentidos que são autênticas confissões de fraude organizada, um espectáculo transmitido em directo pela televisão, a bater recordes de audiência!
Tens que admitir que era preciso acabar com a tua novela (e a do apito ressuscitado) para dar um cheirinho de seriedade a tudo isto.
É claro que ‘isto’ não é fácil de compreender e digerir por quem tenha a memória a funcionar. Tu não te lembras, Mateus, mas este ‘pacto de justiça’ era uma velha ambição dos políticos, incomodados com as escutas e a possibilidade, felizmente evitada a tempo, de poderem ser incomodados pela justiça. Mas havia na altura procuradores desavindos, juízes desalinhados, jornalistas abelhudos, não era portanto possível fabricar qualquer pacto, até porque o povoléu andava desconfiado que tal acordo se destinava a abafar processos, como o da Casa Pia, e os figurões não se atreveram a avançar.
Agora que esses processos repousam em paz, era o momento propício para dar um sinal à população de que a república está atenta e que pretende pôr a justiça a funcionar.
Não percebi, Mateus – Estás a perguntar-me se não concordo com a necessidade de uma reforma profunda na justiça portuguesa?! Se não concordo com a redução substancial das dilações processuais?! Com a redução de admissibilidade de pedidos por dívidas comerciais?! Com a reorganização dos tribunais?! Com garantias de separação de poderes que o Tribunal Constitucional não dá?!
Claro que concordo, Mateus.
Mas tu acreditas, que sem uma mudança de regime, sem a introdução de um árbitro que não faça parte dos compadres, que será possível mudar alguma coisa nesta terra?!
Estás a ver, Mateus, tu também não acreditas.

quarta-feira, setembro 06, 2006

A nossa selecção

Esta é a nossa selecção, aquela pela qual vale a pena gritarmos, estamos com ela em todos os momentos, há imenso tempo, dá gosto vê-los actuar! Analisemos o seu desempenho, um por um, os seus pontos fortes, os pontos menos fortes, não pensem em pontos fracos, porque efectivamente não existem! Vamos lá então:
Valentim está de parabéns, é o delírio da pequenada, fez o seu número de forma irrepreensível e a culpa não é dele se votam nele. Descobriu-se e desuniu-se um pouco quando insistiu na recomposição da Comissão Disciplinar da Liga, querendo fazer passar a ideia de ilegalidade (ou seria deslealdade!) por parte de Adriano Afonso. Compreende-se que esteja de alma e coração com o juiz Gomes da Silva, seu colega no ‘apito’, assim como se compreende que não lhe faça confusão que o filho de um dirigente do Gil Vicente possa votar em causa própria! Esteve igual a si próprio.
Sobre Madaíl já não sei o que dizer! A FIFA deve ter a mesma opinião. Para a história, fica o contrato entre Scolari e a Federação, onde existe uma cláusula de rescisão por parte de Scolari, no caso de Madaíl deixar de ser presidente da Federação!!! Será que Madaíl vai enveredar pela carreira de seleccionador, ou dá-se por satisfeito, mantendo-se como adjunto de Scolari?!
O Secretário de Fafe, perdão, de Estado, é um homem bem intencionado mas com muito azar! Quis dar um puxão de orelhas em Madaíl e Valentim, mas o major rufião virou-lhe o dente e quem acabou por levar nas orelhas foi o Laurentino! De resto, este promissor secretário, fez o que lhe competia: arredondou o discurso, teve uns arrufos de soberania, mas nada de grave.
Já o empertigado Arnaut, também não deve trazer grandes preocupações à FIFA e por uma simples razão: ele é desta e da contrária. Patriota nato, está com Bruxelas de alma e coração, e não admite por isso quaisquer limitações à nossa soberania por parte da FIFA! Madaíl ainda quis protestar, explicar, mas ninguém prestou atenção.
No fundo, este Arnaut é um pândego! Está preocupado com o exagero das sanções da FIFA, provávelmente a pensar no Sporting, mas o Madaíl lá teve a caridade de lhe explicar que não são sanções, é sanção, e consiste em excluir um dos seus filiados, neste caso a Federação Portuguesa de Futebol, quando este filiado não cumpre as normas a que está obrigado!
Não sei se o Arnaut a esta hora já percebeu!
Claro que a selecção não está completa, falta gente do norte, andam mais ariscos ultimamente, talvez alguma lesão difícil de cicatrizar, quem sabe!
Em contrapartida, quem aparece sempre é o Vieira! Desta vez ao telefone, para confirmar o seu permanente apoio ao Major Valentim. Uma constante no passado recente, nada de confusões.
A mim é que me faz uma certa confusão a súbita omnipresença deste Vieira, coincidindo, só pode ser coincidência, com as notícias sobre o misterioso ‘caso Mantorras’! De facto, não há dia nem sítio onde o sujeito não apareça!
E assim termina mais um programa sobre a nossa selecção.

segunda-feira, setembro 04, 2006

Pobres e mal agradecidos

O exercício de público maquiavelismo que o professor Marcelo vem exibindo, a partir do canal público de televisão, sobre o famigerado ‘caso Mateus’, tem apenas um nome e apelido no vocabulário corrente: um mau exemplo.
Para quem o viu recentemente na Alemanha, cachecol ao pescoço, pelos vistos pouco apertado, frequentando alegremente uma prova organizada pela FIFA, não pode deixar de concluir que há indivíduos em que não podemos confiar. E a confiança, é como se sabe, a base de uma qualquer competição desportiva, desde o berlinde ao futebol.
Marcelo saberá de leis, e eu não, será um génio nesta capoeira de galinhas, onde eu nem milho posso comer, mas sempre me convenci que a verdadeira inteligência tem de aproximar-se da humildade, assim como deve afastar-se da vaidade e do oportunismo. Por isso entendo que o Direito deve estar ao serviço do bem comum, não é uma ideologia, nem tão pouco pode prestar-se a engenhosas elucubrações para subverter princípios sem os quais seria impossível dar um passo, sem termos de imediato um recurso à perna.
O desporto, ao contrário de outras actividades, não tolera a batota, não sobrevive muito tempo com ela, e o Gil Vicente fez batota, facto indiscutível. Admito, como já escrevi, que o professor Marcelo não tenha a noção do que é fazer batota, muita gente não tem, admito por isso que esteja convencido que o acto de inscrição de um jogador, impedido pelos regulamentos de o fazer, possa ser entendido como um acto meramente administrativo, sem qualquer influência no desenrolar da competição desportiva. Admito que labore nesse erro tremendo porque não tem aquilo a que chamo ‘espírito competitivo’, mas não admito que não tenha a humildade de delegar nas competentes instâncias desportivas, ao menos, a definição do conceito sobre o que é ou não é – ‘estritamente desportivo’! Não admito, por ofender a inteligência comum, que insista em colocar essa decisão nas mãos de um qualquer juiz, sempre diferente, e sem a necessária preparação para entender a especificidade do fenómeno desportivo. Isso não admito, nem entendo.
Por fim e prova real do que defendo, usar o canal público, para sistematicamente, fazer a apologia das pretensões de uma das partes contra as pretensões e interesses da outra ou das outras, é simplesmente...batota.
Como será batota querer participar, de bandeirinha e cachecol, nas provas organizadas pela FIFA, mantendo processos de intenção sobre as respectivas regras!

sexta-feira, setembro 01, 2006

Maré-cheia

Umas curtíssimas férias, belíssimos dias, as tardes na praia, anos de vida, e poucas notícias como convêm. Apenas uma curiosidade fugaz pelo ‘caso Mateus’, que fecha ao rubro a época balnear.
Sou parte nesta história, herança belenense que não desarma, e dir-se-á que o tema não reúne elevação suficiente para um interregno, pois é questão estritamente desportiva, e como tal deve ser tratada nos locais próprios e pelos órgãos competentes. Como se vê é impossível escapar-lhe, e sem querer vou repetindo argumentos, pois de argumentos se constrói esta terra... sem argumentos que lhe valham, para além da consabida vontade de uns quantos, mais teimosos e perseverantes do que nós.
Os telejornais abrem com o ‘caso Mateus’, em que todos se ameaçam e ameaçam ter razão, mas nós já sabemos como tudo vai acabar: pela surra, de fininho, sem grandes estragos, o Gil Vicente vai para a Liga de Honra, com a necessária compreensão pela sua luta estóica contra a maldade do mundo que a própria FIFA encarna! E pronto.
Se pudéssemos passar sem ela, não me refiro à vaidade, mas á FIFA, se pudéssemos passar sem a selecção das bandeirinhas, sem os três clubes do estado, sem as grandes finais em que vamos todos, sem a glória das medalhas que a FIFA nos dá! Se pudéssemos organizar por aqui, uma FUFA ou uma FOFA, à nossa maneira, com as regras que a gente gosta, a ganhar sempre, não queríamos saber da FIFA para nada, seríamos os primeiros a trair esta prepotente organização a que só pertencemos porque nos dá jeito.
Muito bem, e que outras novidades perdi?!
Nada de importante a não ser este problema de última hora relacionado com a nossa participação na força internacional que vai para o Líbano: então não querem lá ver que serão os castelhanos a comandar o nosso minúsculo contingente!
Isso nunca, quando vamos a algum sítio, nem que seja um português sozinho, só aceitamos ser comandados pelos ingleses, até porque já estamos habituados.
Mas a praia, repito, estava óptima.