terça-feira, dezembro 31, 2019

Crónica do segundo achamento...


'Senhor,

Posto que o capitão-mor desta vossa frota, e assim os outros capitães escrevam a Vossa Alteza a nova do achamento desta vossa terra nova, que ora nesta navegação se achou, não deixarei também de dar disso minha conta a Vossa Alteza, assim como eu melhor puder, ainda que para o bem contar e falar, o saiba pior que todos fazer.
Tome Vossa Alteza, porém, minha ignorância por boa vontade, e creia bem por certo que, para aformosear nem afeiar, não porei aqui mais do que aquilo que vi e me pareceu.'

Assim, vindos de uma aventura nas Arábias, resolvemos tentar a sorte no Brasil que embora já não pertença a Vossa Alteza, não deixou de ser a grande pátria da língua portuguesa. Escolhemos o Flamengo não para lembrar a ocupação holandesa, até porque nada tem a ver com isso, mas porque se trata de um dos maiores clubes brasileiros sendo assim mais fácil conseguir triunfos e glórias que pudessem embelezar o brasão lusitano. A Taça dos Libertadores que conquistámos será esse testemunho, ao mesmo tempo irónico, na medida em que foi obra do antigo colonizador!

'Deste porto seguro, da Vossa Ilha de Vera Cruz, sexta feira, primeiro dia de maio de 1500.'




terça-feira, dezembro 24, 2019

quinta-feira, dezembro 19, 2019

'Na lavandaria república a justiça lava mais branco'















Podia ser uma frase publicitária de um qualquer paraíso fiscal, podia ser uma anedota para entreter o pagode, ou pode ser a realidade de um regime cuja justiça parece perseguir, não os corruptos, mas quem os denuncia! Com efeito ao ver Ana Gomes a contas com a justiça portuguesa, por ter denunciado a cleptocracia angolana na pessoa de uma das suas mais proeminentes figuras, ou ao ver Rui Pinto há longos meses em prisão preventiva, como se fora um criminoso da pior espécie, enquanto os que ele denunciou andam cá fora a passear, sou forçado a concluir que em Portugal quem manda, de facto, é a corrupção! O resto são desculpas e muita presunção de inocência. Presumindo que somos todos parvos.

Saudações monárquicas


Adenda:
De vez em quando é preciso explicar porque é que no final dos meus postais me despeço com as saudações monárquicas! Explico: - Nos casos em que o regime em vigor não vem à baila as saudações servem apenas para me despedir lembrando que existe outro regime para além da república. Mas na maior parte dos casos, e este postal é um bom exemplo, as saudações monárquicas são sobretudo um termo de comparação com as monarquias europeias onde por regra a justiça funciona de forma eficaz e imparcial. O que faz toda a diferença para as repúblicas que conhecemos. Aqui, tudo vai a votos, incluindo o árbitro! Nestas circunstâncias, a justiça é fácilmente capturada pelos que conquistam o poder. 

sábado, dezembro 14, 2019

Uma questão de transparência


Rui Rio confrontou os outros dois candidatos à liderança do PSD sobre o facto de pertencerem ou não a alguma maçonaria e eu acho que fez bem. É claro que logo apareceram vozes, José Miguel Júdice, por exemplo, a criticarem Rio com aqueles argumentos que já todos conhecemos: – ataques pessoais, jogo sujo, e comparações com Donald Trump. Argumentos que distorcem a realidade, e que no fundo, são sempre a favor da opacidade, que é o contrário da transparência!

A ver se nos entendemos, o problema não é pertencer à maçonaria, seja ela qual for, de facto uma decisão do domínio privado e cada um faz o que quer da sua vida. Desde que evidentemente o faça dentro da legalidade vigente. Acontece porém, que ao contrário de outras organizações de filiados ou adeptos, os maçons, não se identificam como tal, nem existe nada que identifique a sua ligação a este tipo de organizações! Organizações que como sabemos cultivam o secretismo, e que existem como se não existissem! Daí as suspeitas sobre os seus verdadeiros objectivos e métodos. Suspeitas que recaem naturalmente sobre aqueles que suspeitamos serem seus adeptos ou membros.

É por esta ordem de razões e não por outras que Rui Rio confrontou Montenegro e Pinto Luz. Razões simples de entender porque o que está em causa não é da vida privada de ninguém mas sim a vida pública que os candidatos pretendem assumir. Cargos públicos que envolvem a representação de terceiros, e onde facilmente podem surgir conflitos de interesses. E nestas circunstâncias subsiste sempre a dúvida sobre os interesses que prevalecem! Serão aqueles pelos quais foram eleitos?! Ou serão outros, secretos, de uma agenda que os eleitores desconhecem?!

Nada como um bom exemplo: - quando um padre católico se candidata a determinado cargo público, os eleitores sabem, primeiro, que ele é padre, segundo, que em caso de conflito de interesses entre a obediência a Deus e a obediência aos homens, ele optará por Deus. E ninguém sai enganado.

quinta-feira, dezembro 12, 2019

Ainda a regionalização...


Eu sei que neste ponto me afasto do pensamento da chamada direita portuguesa, que 'por muito que nos custe a todos' não deixa de ser republicana. E a república é por natureza unitária, incapaz de conviver com as diferenças, a sua fórmula imperial é cesarista. Dito isto compreendemos o equívovo republicano sobre o 'império português', compreendemos o seu fim quando deixou de ser um espaço aberto à representação de quem quisesse pertencer-lhe. Esse modelo só funciona em monarquia. Basta olharmos para a Inglaterra.

Voltando à regionalização, promessa inscrita no texto constitucional, a respectiva polémica só se compreende à luz dos factos que acima enumerei. E os argumentos (contra) chegam a ser ridículos: - 'temos as fronteiras (consolidadas) mais antigas da Europa'! Apontando ao mesmo tempo para o 'perigo' catalão!
Um argumento que à semelhança do utilizado pela segunda república - 'Portugal é do Minho a Timor' - só nos dá a garantia de que caminhamos a passos largos para o Condado Portucalense!

A discussão tem que ser outra. Em primeiro lugar devíamos aprender com a experiência das regiões autónomas da Madeira e dos Açores. A grande dificuldade reside, como é fácil de perceber, no facto de existirem dois poderes eleitos por voto directo e universal – o presidente da república portuguesa por um lado e os presidentes das regiões autónomas por outro. Poderes esses que quando entram em confronto é sempre um sarilho. Um sarilho republicano. Daí o alarido que se está a levantar com a proposta do PS de avançar para a eleição directa dos presidentes das actuais comissões regionais. Marcelo naturalmente reagiu.
É o eterno problema da república: - quer que tudo vá a votos, mas depois tem medo dos votos!

Soluções?!

Na minha modesta opinião, insisto, a autonomia regional é o único remédio que existe para o centralismo lisboeta e para a corrupção que lhe anda associada. E consequentemente para o desenvolvimento daquelas regiões que todos sabemos quais são. Onde não há gente nem trabalho. Quanto às palavras que não querem dizer nada a 'descentralização' é uma delas. É uma maneira de continuar tudo na mesma. Com a dita descentralização o Infarmed nunca sairá de Lisboa. Finalmente o 'perigo catalão' é uma 'doença de abundância'. A Catalunha tornou-se, através da autonomia, na região mais rica de Espanha. Nada de confusões. Egoísmo e folclore político é outro assunto.

Saudações monárquicas

sexta-feira, dezembro 06, 2019

Ventura tem dois problemas!


Dois problemas para resolver! Um do foro íntimo que insiste em transportar para a opinião pública com toda a carga de emoção e irracionalidade que ele contém. Estamos a falar do Benfica, não o clube de futebol, mas da pretensa 'instituição' em que está transformado, espécie que só tem paralelo nos 'clubes do estado' da extinta união soviética. O mesmo acontece aliás com Sporting e FC Porto, embora em menor escala. E o facto de hoje em dia (práticamente) só haver adeptos desses três clubes não melhora o problema, antes o complica.

Mas voltando ao Ventura e às esperanças que legitimamente nele se depositam não é coerente afirmar-se paladino do combate à corrupção e ao mesmo tempo silenciar o tema quando a suspeita possa envolver o Benfica! E não pode haver nada mais suspeito que esta coincidência quase anedótica dos chamados 'amigos do Vieira' (e do Benfica!) estarem todos a contas com a justiça... e o Vieira, nada! Ou só vai ser incomodado quando deixar de ser presidente das águias?!
Espero que Ventura faça uma profunda reflexão sobre este assunto e que não responda – 'à justiça o que é da justiça'! Para isso já temos o Costa!

O segundo problema tem a ver com a regionalização mas curiosamente também entronca na corrupção! Ventura é contra a regionalização argumentando que seria mais uma duplicação de tachos e mordomias aumentando assim o peso do estado e o encargo dos contribuintes. Posso concordar mas também concordo com o presidente da Câmara Municipal do Porto quando diz que o grande adversário da regionalização é Lisboa e o seu vício centralista! Vício que não há maneira de ultrapassar!

Por outro lado, e esta é a minha opinião, não nos podemos esquecer que a única grande realização desta terceira república, aquela que ficará na sua lúgubre história, tem a ver com a criação das regiões autónomas da Madeira e dos Açores. Criação que transformou pobreza em riqueza, como está à vista de todos!
Por isso Ventura, cuidado, muito cuidado com essa tua faceta lisboeta. Tens outras melhores. Muito melhores.


Saudações monárquicas


Nota: O rei e as regiões é sinónimo de grandeza e coesão! A república unitária é sempre a perder! Quando eu nasci era do Minho a Timor... Ventura, vê bem onde é que já vai! Quando perceberes isto... percebeste tudo!

quinta-feira, dezembro 05, 2019

Ginástica infantil


Para se ter uma ideia sobre o que se passa em Portugal é preciso fazer o pino e nessa incómoda posição tentar perceber os acontecimentos. Foi assim que chegámos à conclusão que afinal tivemos um primeiro ministro milionário cuja progenitora, além de sustentar as suas extravagâncias, financiava também a república, os respectivos bancos, antes de falirem, e muitas outras entidades e pessoas que só no decorrer do processo saberemos quem são. Isto se Deus nos der muita saúde porque pelo andar da carruagem é coisa para os nossos netos.

Noutro registo, e já numa posição normal, insisto numa sugestão que fiz há alguns anos e relativamente a casos de corrupção em que estivessem envolvidos personagens e entidades importantes do regime. Envolvidos mas inocentes até prova em contrário, bem entendido. E a sugestão era arquivar o assunto poupando o dinheiro dos contribuintes e da fazenda nacional. Havia alguns prejudicados, desde logo os contribuintes e a fazenda nacional, mas entre o deve e o haver, não tenho dúvidas que o saldo era francamente positivo. Prejudicados mesmo só estou a ver os escritórios de advogados e a comunicação social. Quanto aos escritórios de advogados até era justo que sofressem uma vez que são eles que normalmente engendram a malha legal por onde fogem facilmente os tubarões. Quanto à comunicação social, ela não se atrapalha! Há sempre uma mesa redonda sobre o futebol indígena em lista de espera.


Saudações monárquicas

domingo, dezembro 01, 2019

Portugal em primeiro!

Quando eu  à noite me deito
Fico a cismar no meu leito
Que o nosso maior defeito
É dar à esquerda o direito...

De nos faltar ao respeito
Destruindo o que foi feito
Numa história milenar!

E a propaganda da seita
Desfaz também na direita
Diz que é deserto, maleita,
Nó de gravata que enfeita...

Gente ruim, imperfeita,
De quem a gente suspeita
Que só nos quer enganar!

Mas bastou um forasteiro
Pra varrer o nevoeiro
E a verdade ficou nua!

A esquerda foi bloqueada
E a direita envergonhada
Já pode sair à rua!

Basta, chega companheiro
Basta chega de amargura
Põe Portugal em primeiro
Basta, chega de clausura!