segunda-feira, julho 30, 2007

Quem promove a dependência?

Não há muito tempo a pergunta seria – quem são os traidores?
Agora não se pode falar assim, é extremamente incorrecto, o que se pode dizer agora é que estamos envolvidos num processo muito avançado de interdependências, essenciais para o desenvolvimento de uma comunidade da qual fazemos parte. E é preciso frisar a seguir que não estão em causa nem a nossa independência como estado, nem a nossa autonomia como vontade própria.
Posto isto, a realidade dos pequenos gestos e a política em concreto, vão revelando o contrário!
A verdade é que todos os dias promovemos a dependência, por querer ou sem querer não interessa, todos os dias se faz passar a ideia que não existe alternativa a esta união europeia, quando toda a gente sabe ou devia saber que vivemos oito séculos a desmentir essa ficção! Mas não existe melhor exemplo para aferir do estado mental de dependência em que vivemos do que assistir a um telejornal da televisão pública! Aí, sem sofismas de qualquer espécie, parece existir a obrigatoriedade de falar sempre no Benfica, Sporting e Porto, existam ou não notícias relevantes sobre os mesmos! Dos outros concorrentes não se fala, é como se não existissem! E tudo isto acontece perante a aprovação geral da nação! Quando se chega a este conceito redutor, quando se atinge este ponto, qualquer pessoa medianamente inteligente percebe que já não temos condições sequer para organizar um campeonato nacional de futebol! Até para um torneio de sueca… falta um parceiro! Claro que podemos continuar a fingir, a justificarmo-nos com as audiências, com a globalização, com a China…mas sabemos que são meros expedientes para não enfrentarmos a nossa realidade.
Por isso soam a falso as preocupações daqueles que temem pela não aplicação da lei da república no arquipélago da Madeira. Quem não promove a sua própria autonomia é sempre suspeito de querer arrastar os outros para a mesma situação.

sábado, julho 28, 2007

No limite

Vivi hoje o primeiro dia da clandestinidade, alistei-me no exército de todas as autonomias, a táctica da guerrilha é o regionalismo. Só assim conseguiremos escapar ao destino fatal, que nem sequer estava escrito nas estrelas, tão óbvio é o seu desenlace. Não precisámos de Saramago para o antecipar, basta olhar para a nação, rendida, relativizada, vazia e descerebrada! E o que ela gosta de trair, de ser possuída, tão contente e distraída. Inventa doutrinas para ser escravizada!... E não precisa! Basta continuar a rever o conceito de ‘lei da república’, o Vital ensina... como e quando convém! Será agora do Minho à Madeira?! E a seguir, até onde vai? Ou já não começa no Minho, mas em Tuy!
Se querem ser todos do mesmo partido, ou do mesmo clube, pois que sejam! É uma opção, avante camaradas, eu prefiro a diversidade, a multiplicidade, para garantir o desenvolvimento e a coesão, para me defender das teorias deslizantes, globalizantes, a vinte e sete, a trinta e oito, a passo de cavalo cansado.
Não estou à venda, quero viver segundo os valores em que acredito, não estou para ser perseguido pela ‘lei da república’, que sistemáticamente os nega ou ignora! Separemo-nos a bem, as autonomias servem para isso, para coexistir sem dramas nem prepotências do governo central.
Um rei há-de assegurar a unidade.
“E outra vez conquistemos a distância, do mar ou outra, mas que seja nossa”.

quarta-feira, julho 25, 2007

O bode expiatório

No Dia da Expiação dois bodes eram presentes ao altar do Templo e um deles era escolhido para ser sacrificado. O outro tornava-se o bode expiatório e nesse sentido o sacerdote punha as mãos sobre os cornos do animal e confessava os pecados do povo de Israel. De seguida o bode era solto, levando consigo os pecados de toda a gente.

Numa ousada transposição lembro-me dos actuais padecimentos de Vale e Azevedo desde que perdeu as eleições para a presidência do Benfica. Os que entretanto o substituíram não perderam tempo a acusá-lo de todas as patifarias possíveis e imaginárias, sendo nessa tarefa apoiados pela generalidade da comunicação social.
Neste enredo, e com a concordância universal, o Benfica aparece como vítima inocente não obstante tais ‘patifarias’ terem sido praticadas no desempenho legítimo do cargo de presidente do clube! O argumento, é que terá lesado o Benfica com a sua gestão e que tudo o que fez foi em benefício próprio! Dentro desta lógica terá contratado jogadores, valorizado e desvalorizado terrenos, falsificado documentos, chegando ao ponto de rasgar os contratos com a Olivedesportos!
Há alguém que acredite nisto?! E ainda que assim fosse, agiu em representação do Clube, era o presidente incontestado, eleito e apoiado por uma larga maioria de associados. A não ser que o sufrágio e os votos sirvam, ao contrário do que se pensava, para isentar e irresponsabilizar as pessoas colectivas!!!
Curiosamente, ou talvez não, estamos agora a assistir a um conjunto de acções, de legalidade duvidosa, e que são uma cópia fiel daquilo que Vale e Azevedo tentou fazer no sentido de se libertar da tutela audiovisual da Olivedesportos! Desde falsas ‘opas’, especulações bolsistas, que se fossem intentadas por outras entidades já teriam sido severamente punidas, vale tudo, menos …Vale e Azevedo!
É a velha tradição do bode expiatório!

Post-Scriptum: Não conheço Vale e Azevedo, e na altura denunciei a arrogância e todas as manobras a que se permitia, a coberto da presidência do Benfica No entanto, sempre estive convencido, e ainda estou, que tudo o que fez foi a pensar no Benfica. Fica a sensação que o único erro que cometeu foi ter perdido as eleições!

segunda-feira, julho 23, 2007

Morgado no país dos futebóis

Tenho alguma simpatia pela Procuradora-Adjunta, vêm-me à memória os tempos conturbados da Faculdade de Direito, em que ser do MRPP significava ter alguma coragem para não ser do PCP ou de algum dos seus múltiplos satélites! Claro que esta simpatia estudantil não desculpa (nem desculpava) os excessos cometidos, nem faz ou fazia esquecer as absurdas utopias que transportavam nas suas bandeiras! Entretanto acalmaram, cresceram, reciclaram-se, mas não perderam o hábito de se julgarem acima de qualquer suspeita, abrigando também nesse manto impoluto todos os seus colaboradores! Trata-se a meu ver de uma manifestação de superioridade moral e cívica que não abona em favor da humildade ou de outra virtude conhecida. As palavras não são minhas e li-as onde toda a gente as pode ler – “ a minha equipa de investigação está acima de qualquer suspeita”! E sugeriu que o mesmo poderia não se aplicar a outros intervenientes no processo!
Pois bem, há muito que o chamado apito dourado passou a apito envenenado, nomeadamente desde que aceitou analisar com intuitos probatórios um livro escrito por uma amante desavinda, que no furor da vingança se mudou de armas e bagagens para o clube rival. No mesmo sentido seguiu o processo, tornando-se, sem querer, num instrumento da rivalidade futebolística entre o Porto e Lisboa, ou numa acepção mais abrangente e perigosa, entre o norte e o sul!
A Procuradora, que afinal não é infalível, cometeu entretanto um erro fatal e que há-de sepultar todo este processo: sentindo-se ofendida com as declarações da outra gémea Salgado, anunciou processá-la! Face à desigualdade e à desproporção de meios será sempre uma vitória de Pirro, e que quanto maior for, pior será a derrota.
É preciso não esquecer que estamos no país dos futebóis.

sexta-feira, julho 20, 2007

O inquilino de Belém

Um dia havia de ser e aproveitando alguma polémica gerada pela ‘nação carente’ aqui fica o meu pensamento sobre os direitos e deveres dos inquilinos do Palácio de Belém. A ideia é no entanto mais abrangente e estende-se ao respeito pela herança, à relação entre o ocupante e o proprietário legítimo.
Não temos dúvidas que se trata de uma ocupação republicana em sentido estrito, visando apropriar-se de algo que julga ser seu por ser do povo, domínio público que deve ser nacionalizado. Tem o sabor ou o travo de uma desforra perante o inimigo vencido, foi com a mesma índole que se transformaram em quartéis antigos Conventos e Capelas. É um episódio de guerra civil, é a vida nos países ocupados, mas não deveria ser assim nas comunidades que se reclamam da mesma herança! Que gostam de cantar o mesmo hino! O problema é que não gostamos nem desgostamos, e porque somos incapazes de receber condignamente a herança, de a integrar no dia a dia das nossas vidas, somos também incapazes de transmitir seja o que for, refiro-me aos valores que conformam a identidade de um povo!
Mas voltemos ao Palácio de Belém para dizer que o proprietário legítimo não é o povo, mas a história desse povo, que deve também incluir os vindouros, se quisermos que a história continue, vindouros que têm naturais e justas expectativas em relação à herança que nós já recebemos. E a herança não é um museu, ao contrário do que muitos praticam, é antes sinal de vida, sinal de futuro.
O pensamento já vai longo e não queria terminar sem deixar também aqui um sinal de esperança, e por isso espero que não tenhamos que chegar à conclusão que seria mais prático e mais pacífico construirmos uma residência de raiz para os presidentes da república, residência que não teria naturalmente Capela, sem os riscos portanto de ser profanada, nem a tentação de ofender os católicos.

quarta-feira, julho 18, 2007

Sampaio e Rego

E toda a “Nação Carente” revisitada numa ode que só poderia ter sido escrita por alguém que não se resigna 'a esta apagada e vil tristeza’!
Parabéns e obrigado.

terça-feira, julho 17, 2007

Natureza e Nação

São ainda os ecos da “Marselhesa” que resolvi trazer para a luz do dia – “Saudações a todos os que repôem a verdade histórica, e omitem silenciosamente o facto de que a União Europeia continua a manter a paz, coisa que o Santo Nacionalismo nunca conseguiu fazer – mas enfim, como já Julius Evola dizia que a guerra é que é bom...”!
Por isso respondi – ‘Paz na terra aos homens de boa vontade! Mas Glória a Deus nas alturas!
Limpa primeiro a tua casa e a seguir ajuda na dos outros. Não se trata de santificar o nacionalismo mas de estabelecer uma ordem de prioridades. E quando abdicares dos teus princípios, fá-lo com a coragem da totalidade.
Houve e há guerra na Europa, se pensarmos que na europa se contêm os Balcãs. No condomínio fechado que erguemos, de facto, ainda não houve. Mas o preço dessa paz, para nós portugueses, foi e é altíssimo. Abandonámos todas as colónias deixando para trás a desolação e a guerra. Rasgámos tratados, desonrámos e traímos povos que esperavam mais da nossa nobreza. Nobreza, palavra estranha, sem uso corrente!
E já sabemos (já sabíamos) onde irá desembocar a nossa união europeia. Será uma nova experiência de união ibérica. A anterior, dizem os entendidos, foi desastrosa para os nossos interesses. Claro que poderemos sempre questionar se Portugal tem interesses próprios’.

segunda-feira, julho 16, 2007

O sufrágio, ai, ai!

Não é vira, nem malhão e antes que me venham papaguear a frase do Churchill, repito o que venho dizendo no interregno, long time ago: Winston tinha em mente a Inglaterra, onde existia, e existe, pelo menos um órgão político que não é eleito pelos contemporâneos – a Chefia de Estado. Agora já posso prosseguir com o ai, ai, do sufrágio e para concluir que assim não vamos a lado nenhum. Já não bastavam os partidos metidos a martelo nas autarquias, já não bastava o Governo a concorrer à Câmara de Lisboa, para ainda termos que aguentar com o ridículo das manifestações de alegria pela vitória do comissário Costa, vitória essa que não é mais que uma pesadíssima derrota da partidocracia vigente! Verdade que até para aquelas explosões de contentamento houve que recorrer às célebres ‘camionetas à província’ para dar algum colorido à festarola! E para que não lhes faltasse nada, Sócrates encarregou-se de fazer um inflamado discurso aos ‘lisboetas’ de encomenda, que ao que parece tinham vindo do Alandroal!
É caso para perguntar como os brasileiros: mas eles não se enxergam?!
Não perceberam que o sufrágio, acoplado ao sistema republicano de partidos, já produziu todo o mal que havia para produzir na comunidade onde vigora! Não perceberam que a desconfiança na política e nos políticos é total e que as tentativas esfarrapadas para dar alguma legitimidade aos eleitos já não convencem ninguém!
Vejamos os números numa perspectiva futebolística para que se tornem mais convincentes: Costa com os seus 58.000 votos não conseguiu encher o estádio da Luz! Carmona e Negrão somaram 63.000 votos, e não fosse a arma do arguido, teriam conseguido encher o estádio da Luz! Roseta, que recolheu 20.000 votos, conseguiu uma boa assistência na primeira Liga!
Daqui para a frente iremos por certo assistir às tentativas por parte do Governo para consumar a união nacional na Câmara, antecâmara da prevista união nacional!
E já sem sufrágio!

sábado, julho 14, 2007

Dia de reflexão

Enquanto as ‘tropas dos 27’ desfilam nos Campos Elíseos, celebrando ao que tudo indica a festa e os valores desta Europa, em Lisboa, os lisboetas entraram em período de reflexão!
Reflictamos pois!
Desfile tão participado só pode querer significar que a ‘constituição europeia’, mascarada de ‘tratado’ por razões referendárias, será rapidamente aprovada pelos respectivos parlamentos, longe portanto da incomodidade popular. O que faz todo o sentido, na medida em o dito ‘tratado’ consigna e traduz a Europa dos comissários que estamos a construir.
Semelhante paralelismo merece reflexão em Lisboa! Do voto de uns poucos milhares de portugueses, o que resta de uma cidade que já foi populosa, dependem uma série de projectos e decisões que irão afectar o país inteiro, ou seja, milhões de habitantes! Desde o aeroporto internacional, às vias-férreas estruturantes, à perspectiva da nossa vocação atlântica, que foi sempre a base de uma difícil independência, tudo isso acaba por estar em jogo nas eleições de Domingo. Que responsabilidade desmedida!
Será talvez por isso que o Governo não resistiu e resolveu lançar uma candidatura à Câmara de Lisboa?!
Sem ironia, precisamos todos de reflectir, clareza precisa-se, exemplo que tem que vir de cima, para que possamos ser claros uns com os outros. Já chega de mentiras.

quinta-feira, julho 12, 2007

Fado

Vamos lá, cantem comigo, todos, tudo isto existe, tudo isto é triste, tudo isto é fado! Muito bem!
Comecemos então pela pescadinha de rabo na boca, que vai a concurso com receita ribeirinha de José Miguel Júdice! Não sendo possível perguntar aos eternos comensais o que pensam deste conhecido prato, oiçamos alguns dos concorrentes a chefes de cozinha, por exemplo, Manuel Monteiro, que conforme se pode ler no DN de ontem, achou a pescadinha um bocadinho indigesta:

“António Costa deveria imediatamente pedir a José Miguel Júdice que se demita de seu mandatário. Estamos a assistir a uma autêntica indignidade política” e prosseguiu, “António Costa ocultou aos cidadãos de Lisboa que o primeiro-ministro já tinha convidado José Miguel Júdice para ser o responsável pela recuperação da zona ribeirinha. É batota, é indigno que um candidato a presidente da Câmara diga que vai fazer obras na zona ribeirinha da cidade, quando o primeiro-ministro desse partido já tinha nomeado o seu mandatário para comandar essa recuperação”.
A finalizar, o ex-líder do CDS ainda lançou a António Costa uma pergunta que ameaça deixar a pescadinha intragável: “No caso de vencer as eleições, tenciona dar ao escritório de José Miguel Júdice o trabalho jurídico da Câmara de Lisboa? E rematou – “Apesar de vivermos numa democracia, temos hoje políticos que enriqueceram mais ao fim de quinze anos do que muitos outros durante o chamado fascismo”.

Sem comentários. Apenas acrescento que é natural que muito em breve assistamos na RTP a uma entrevista justificativa por parte deste futuro comissário ribeirinho! Aliás, o canal público de televisão tem vindo a especializar-se em maquillage e retoques de imagem em tudo o que mexe com o regime em vigor. Dentro desse âmbito vai hoje para o ar uma conversa em família sobre o ‘biombo chinês’. Vejam, deve ser divertido.

quarta-feira, julho 11, 2007

Vale tudo...

"Sombras Chinesas" - "O mistério dos chineses que queriam comprar o Benfica está resolvido: a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), que é a polícia da Bolsa, investigou e chegou à conclusão de que o “alegado investidor chinês”, conforme classifica em comunicado, já não avança com a operação. Como soube a CMVM?


A sua investigação conduziu-a a um advogado que comunicou que o seu cliente “perdeu o interesse na aquisição de participações sociais” da SAD do Benfica. Caso resolvido! E o que ficou para trás? Pelo menos um grupo chinês desconhecido, que veiculou o seu alegado interesse por um jornal, motivou uma movimentação anormal com as acções do Benfica e quem comprou a 3,50 euros e vendeu a 6,11 lá fez a sua boa jorna... Quem não percebe nada de Bolsa pergunta-se: quem são, afinal, os ‘investidores chineses’? Isto não cheira a manipulação do mercado? O caso fica por aqui? Não há ninguém a quem pedir um pouco mais de responsabilidades? Terá sido um movimento normal do mercado que vinte minutos depois da reabertura tenham sido transaccionadas 81 mil acções de um único lote, com um lucro de 196 mil euros? Agora que já percebemos todos que o “alegado investidor chinês” não é mais do que uma verdadeira sombra chinesa, seria bom que a CMVM esclarecesse, a bem da sua própria credibilidade, quem é que, afinal, ganhou com toda esta ópera bufa."
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Reproduzo, com a devida vénia, o editorial do CM de hoje , da autoria de Eduardo Dâmaso.

segunda-feira, julho 09, 2007

A oitava maravilha

Só a memória sobreviverá, só quem a conserva ou possui será mestre do seu futuro! Só ela tem capacidade para iluminar a história, não para a relativizar ou menorizar, mas para a integrar nesse esforço contínuo de compreensão e elevação espiritual que justifica o destino do homem!
A sociedade contemporânea não tem memória, limita-se a seleccionar produtos, para vender ou comprar dentro do respectivo prazo de validade, e por isso, aquilo a que assistimos no dia sete do sete de dois mil e sete foi mais um desses exercícios de vaidade devoradora que a história se encarregará de esquecer.
Visto de longe, o concurso parecia um jogo de matraquilhos com os actuais residentes do planeta empenhados em levar a taça para casa! Nesse aspecto o sufrágio, desta vez á distância de um clique, mostrou novamente a sua fragilidade, ordenando as ‘maravilhas’ de acordo com as vantagens populacionais das várias regiões ou nacionalismos! Assim, ganharam naturalmente os chineses, indianos, sul-americanos, das duas matrizes conhecidas, islâmicos e…o Coliseu de Roma!
As reticências sobre o Coliseu de Roma confirmam o carácter do evento, também ele realizado num coliseu da era moderna, mas realçam a singular coincidência de ter sido uma antiga colónia portuguesa que garantiu o único sopro de Cristianismo que se viveu naquela noite!
Obrigado Brasil!

Post-Scriptum: “A oitava maravilha do mundo” foi uma expressão divulgada pelos jornais ingleses em 1955, depois da respectiva selecção de futebol ter sido batida pela equipa das quinas, o que acontecia pela primeira vez. A oitava maravilha, herói do jogo, foi Matateu, o inesquecível avançado do Belenenses!

Prepara-te para a Marselhesa

Já começaram os preparativos para celebrar condignamente o 14 de Julho, dia da Tomada da Bastilha e dia nacional de França. Na tribuna de honra, assistirão ao desfile militar que percorre os Campos Elíseos, todos os presidentes de todos órgãos que compõem a parafernália europeia. Sócrates e Durão Barroso, lado a lado, em uníssono, talvez trauteiem o “Allons enfants de la Patrie…”!
Lá como cá, franceses e portugueses, têm o estranho hábito de comemorar guerras civis, e no caso da França foram mais longe, impondo a data como dia nacional, o que para mentes retorcidas como a minha, causa sempre algum espanto e desagrado.
Porquê, se a música é tão ‘linda’!
Trata-se de um exercício de memória! Quem se lembra da guilhotina, dos milhares de condenados, dos milhares de inocentes, do terror institucionalizado, não consegue desligar nem desligar-se. Quem se lembra do consulado napoleónico que pôs a Europa a ferro e fogo, que invadiu e saqueou Portugal por três vezes, que tentou destruir as convicções religiosas europeias em nome do primado de um império laico e republicano, também não. E se relacionar, sem querer, as novas tentativas para descristianizar a Europa com as outras, mais antigas…mais preocupado fica.
Coisas do passado, dirão, que não dizem nada às gerações vindouras, estamos a construir um projecto único, comum, que exclui a força das armas, é tudo negociado entre nós, sem referendos, podem estar sossegados!
Pois então continuem a cantar a Marselhesa. Eu não.

sexta-feira, julho 06, 2007

Afinal era golpe...

“Hoje percebe-se que havia uma vontade de nos querer tirar da Câmara” observou Carmona Rodrigues quando se ficou a saber que o tribunal decidiu arquivar as acusações ao antigo vice-presidente Fontão de Carvalho no chamado caso EPUL! E acrescentou – “Não podemos ficar calados perante aqueles que usaram o que estava a passar-se no sistema judicial para tirar ilacções políticas”.
Tudo isto aconteceu num dia em que as sondagens não conseguem empurrar o ‘Costa do governo’ para a maioria esperada, nem conseguem interromper a ascenção de Carmona, que sobe paulatinamente nas intenções de voto dos lisboetas, preparando-se para ultrapassar Negrão!
Já por aqui tinhamos denunciado a instrumentalização da figura do arguido como pretexto para golpes políticos palacianos; já tinhamos também denunciado o apetite voraz de que é vítima a Câmara Municipal de Lisboa! Que não obstante o pregão de falência técnica, leva tanta gente a interessar-se por ela, ao ponto de perder a cabeça ou de trocar de afeições políticas e partidárias. Tudo em nome de Lisboa...coitada.
Faltam poucos dias para as eleições, e enquanto a polémica sobre o aeroporto jaz em conveniente silêncio, eu só espero que Lisboa resista a tanto enlevo, tanta jura de amor, tanto plano e promessa de obra!
Não vai ser fácil.

quarta-feira, julho 04, 2007

“Oh pulgas lusitanas...”

Pimpões pela Europa, o mundo é pequeno para tanta divagação, parece assombração, pois como dizia vossa mercê o desenvolvimento sustentável, entre outras lindezas tamanhas, é o grande objectivo da nossa presidência! Se bem captei a mensagem, oh zé aperta o laço, aperta o cinto, não te esqueças de me apertar o pescoço, pudera, a vida corre-te bem, já viram que somos iguais aos outros, na fotografia, ao jantar, ouvindo Beethowen... Mas não é o que parece, também dá trabalho, amanhá ou depois vou ter que discursar aos africanos, em África!
Mas senhor ministro, aqui na terra como no mar, a gente não pesca nada, não temos vantagem! Oh rapaz, você está a propor que abandonemos a união europeia! Uma opinião que nem eu nem o governo subscrevemos. Tenha juizo, a dizer barbaridades na frente do senhor comissário, o que é que ele vai pensar de nós!
Seremos o farol que orienta os navegantes, a feira dos mil eventos, por mês, por dia, congressos ao pequeno-almoço, finais e finalíssimas de todas as espécies, concursos, ainda querem mais?! Estamos no mapa como nunca estivemos, olham para nós, olham para mim, por favor, não comparem...
Euro excluído, infra falido, sufocado em impostos, para onde irá o dinheiro, boa pergunta, essas maravilhas não passam pela minha algibeira, nem percebo metade do que diz, não distingo os órgãos para além dos meus, e ando bastante adoentado por sinal. Oiça, estamos fartos de pessimismo, de lamúrias, isso pertence ao passado, não há razão nenhuma para não estarmos na primeira linha do desenvolvimento sustentado...eu já disse esta frase… não vou portanto repetir-me, quero apenas reafirmar uma coisa muito simples – estou absolutamente convicto que será nesta presidência que a europa vai entrar nos eixos!
Não duvido, mas eu estou mais preocupado com o salário mínimo lá de casa, com a minha reforma, com o fosso… Oh homem acabe lá com essa conversa miserabilista, e além do mais egoísta, nós aqui a mudarmos o mundo e vem você com pieguices! Com franqueza.

Título inspirado num verso de Jorge de Sena. Texto inspirado nos discursos da presidência portuguesa da união europeia.

segunda-feira, julho 02, 2007

Dom Manuel II

No dia 2 de Julho de 1932, morreu em Londres, onde estava exilado, o último Rei de Portugal, Dom Manuel II. Um ataque súbito, inesperado, ceifou a vida do ainda jovem monarca, quando tinha apenas quarenta e dois anos.
Passaram entretanto setenta e cinco anos, uma eternidade na memória dos portugueses, pouco afoitos ou interessados em recordar a sua gesta ou raízes! Por isso a figura de Dom Manuel, à semelhança de outros reis da nossa história, pouco diz à grande maioria dos portugueses que, ou desconhecem, ou têm deles uma imagem distorcida pela propaganda republicana! É pena, e não é bom para ninguém. No caso deste infeliz monarca, é uma dupla injustiça, uma triste ingratidão.
Com as limitações do exílio, Dom Manuel foi um exemplo de português, afirmou sempre bem alto o seu patriotismo, onde quer que estivesse, em todas as suas iniciativas, sem nunca renegar os deveres de um monarca, ainda que deposto. E isso foi reconhecido mais tarde pelos próprios republicanos.
Em sua memória celebra-se hoje pelas 19 horas uma missa de sufrágio no Mosteiro de São Vicente de Fora.
Assistirão ao acto os Duques de Bragança, Senhor Dom Duarte e a Senhora D. Isabel.

domingo, julho 01, 2007

Travessa da Pátria

É uma rua apertada, já teve vida, foi alegre, mas hoje pouca gente lá mora!
Muitos dos que a abandonaram seguiram outros caminhos, preferiram outras avenidas, sem os sacrifícios da casa antiga ou a incomodidade de velhos compromissos. O condomínio fechado é outra coisa, não trouxe a independência esperada, antes pelo contrário, mas trouxe um momentâneo bem-estar, a sensação de riqueza e importância que alguns precisavam, e não lhes levo a mal por isso. Eu por cá continuo, não consigo mudar, e vou gastando as palavras na inutilidade do tempo ou com os raros habitantes que ainda frequentam tão remoto lugar.
Travessa da Pátria, é assim que se chama a minha rua e talvez porque sempre aqui vivi, não lhe encontro defeitos, acho-a do tamanho certo, com jeito e umas pequenas reformas, penso que cabíamos lá todos. Mas isto sou eu a imaginar, eu que estou agarrado ao passado, como dizem alguns dos meus antigos vizinhos.
Quem sabe se não têm razão!...