segunda-feira, maio 29, 2006

O Reino Unido resolve

“Não estou a pensar em independências tipo Cabo Verde ou Timor...Saber se a Madeira é auto-sustentável é uma das matérias que teremos de analisar profundamente...Nós queremos continuar na Pátria comum, mas temos o direito de não querer aturar certas coisas...Encontrar um sistema jurídico que mantenha a coesão e unidade nacional mas... que não nos obrigue a ter de suportar um pensamento único dominante...”.
Assim se pronunciou Alberto João Jardim no encerramento do congresso do PSD/Madeira e já imagino o coro dos seus inimigos a entoar o refrão: pobre e mal agradecido!
Já a solo, a questão parece-me legítima e deve ser discutida sem complexos, até porque pode contribuir, no caso das Regiões Autónomas para afastar a permanente tensão e restabelecer a confiança, no caso das independências fictícias de Cabo Verde, Timor, São Tomé, etc., para viabilizar uma solução estável em ligação com a antiga metrópole.
Ora, nestas condições, só existe uma fórmula eficaz de associação política, que a história já testou largamente: é o Reino Unido.
A história também confirmou que estas associações políticas de base voluntarista e com grande autonomia, longe de fomentarem o egoísmo, acentuam a solidariedade entre os seus membros.
Jardim deu o pontapé de saída, nem terá pensado no Rei, mas este Interregno não vê outra solução.

sexta-feira, maio 26, 2006

Uma vergonha

Mortos espalhados pelas ruas, irmãos timorenses, num descalabro mais do que previsível...enquanto Sócrates espera pelo aval da ONU!!!
Só ajudamos Timor se a ONU nos autorizar!!! E subsidiar!!!
Miserável política, prisioneira das “descolonizações exemplares”, comprometida com o egoísmo, que prefere suicidar-se a emendar o tremendo erro.
Enfiados nesta espécie de recreio infantil, jogamos à bola, e esperamos que os outros, os adultos, cumpram os nossos deveres. Como as criancinhas, quando fazem asneiras, também temos desculpas para tudo!
Os outros, os povos adultos, esses não esperam por autorizações de ninguém quando estão em causa catástrofes anunciadas. Avançam e ajudam.
Dizem que já fomos assim...

quinta-feira, maio 25, 2006

Então, Portugal!?

Estamos à espera de luz verde da ONU!
Luz verde, quererá dizer dinheiro?
Enquanto os outros se antecipam! Outros, que não os colonizadores!
Colonizadores, também responsáveis pela aventura da independência Lorosae!
Mas afinal onde está a solidariedade de quinhentos anos de vida em comum?
Ou será que o Iraque, Afeganistão, ou a Jugoslávia, nos interessam mais?
Mais dinheiro e menos risco, será?
Mercenários da solidariedade, seremos?
Timor fica do outro lado do mundo, eu sei. Soubemos sempre. Mas que diabo, nós é que inventámos aquele ‘problema’! Que não era problema.
Temos que lá ir e depressa, antes que descambe. Ou Timor só serve para ganhar votos e despedidas presidenciais!?

Nem de propósito, quando regresso a casa costumo atravessar a recém inaugurada Avenida Timor Lorosae, ali para os lados do Monte da Caparica. Hoje não se podia passar, estava em obras, vedada ao trânsito! Estranha coincidência!
Fui de volta, e no resto do caminho dei comigo a pensar se não seria mais apropriado mudar-lhe o nome para Avenida Camberra!

quarta-feira, maio 24, 2006

Cidadãos

Salazar separou a Igreja do Estado!
Impôs-lhe uma Concordata duríssima!
Para a proteger da coligação jacobina que chefiava?
Em obediência ao cânone de uma religião de Estado soprada pelos ventos da história?
Nunca o saberemos.
Hoje, os republicanos seguintes, querem completar o trabalho. Em cerimónias de Estado, os Dignitários da Igreja Católica deixam de ter lugares marcados.
É assim que funciona a Pátria dos cidadãos. A Instituição de referência não é constituinte!
A mentalidade vigente é essa: olham para o deserto e só vêm areia!
Curiosamente, muitos dos que se afirmam Católicos, acolhem a ideia!
Vencidos e convencidos.
Como é que acaba uma crónica destas?
“Allons enfants de la Patrie...”!?
Podem ir...que eu não vou.

sábado, maio 20, 2006

“Desaprender”

“Há uma altura em que, depois de se saber tudo, tem de se desaprender. Sucede assim com o escrever. Com o escrever do escritor, entenda-se. Eu, provavelmente poeta, estou a aprender a... desaprender. E para quê e como se desaprende? Para deixar de ronronar, para que o leitor, quando o nosso produto lhe chega às mãos, não exclame, satisfeito ou enfastiado: ‘ – Cá está ele! ‘
Na verdura dos seus anos, a preocupação do escritor parece ser a da originalidade. Ser-se original é mostrar-se que se é diferente. E as pessoas gostam das primeiras piruetas que um sujeito dá. E o sujeito gosta de que as pessoas vejam nele um talento.
Atenção, vêm aí as receitas, as ideias feitas, os passes de mão, os clichés, os lugares selectos ou, mais comezinhamente, os lugares comuns. O escritor está instalado. Revê-se na sua obra. Começa a abalançar-se a voos mais altos, a mergulhos mais fundos. É a intelectualidade que o chama ao seu seio, o público que o põe, vertical, nas suas prateleiras. Arrumado.
Quase sem dar por isso, o escritor acomodou-se e tornou-se cómodo, quando propendia, nos seus verdes anos, a incomodar-se e a tornar-se incómodo. Organiza dossiers com os recortes das críticas que lhe fizeram ao longo da sua carreira (nome, já de si, chamuscante), vai a colóquios, celebrações, congressos. Ganha prémios. É traduzido e publicado no estrangeiro. Por desfastio (e porque não, algum dinheiro) aceita colaborar em conspícuas revistas ou em jornais efémeros como o dia-a-dia em que vão sendo publicados. Está de tal modo visível que já ninguém dá por ele. É o escritor.
Se as coisas continuarem indefinidamente assim, o escritor pode ser alcandorado a gloríola nacional, com todos os direitos inerentes a uma situação dessas: academia, nome de rua, estatueta ou estátua, tudo isso em devido tempo, quer dizer, já velho ou já morto o escritor.
Pedra campal sobre o assunto.

Este é o exemplo do escritor autófago. Comeu-se a si próprio, melhor dizendo, comeu a sua própria imagem. Não por aquela devoração que o acto de criar traz consigo, mas por excesso de confiança na pessoa literata que projectou, como um halo, para todos os lados da sua figura.
E de que outro modo poderia ser?
Para não falar de modéstia – e afastando, desde já, qualquer vislumbre de proselitismo – eu arriscaria dizer que estará condenado a si mesmo todo o escritor que não prestar mais atenção aos outros e às coisas deste mundo do que à sua – sem dúvida importante, sem dúvida decisiva – preciosa personalidade. O segredo da abelha é esse. Quem não tiver uma curiosidade encarniçada por tudo o que o rodeia, quem alguma vez supuser que dá mais do que recebe, está perdido para o tal desaprender que repõe em causa ideias e formas. É que, depois de se saber tudo, estará sempre tudo por se saber.
O criador deve ter a consciência de que, por melhor que crie, não consegue mais do que aproximações a uma perfeição que lhe é inatingível. Ele é um derrotado à partida. Sabê-lo e, apesar de tudo, prosseguir, é o seu único e legítimo motivo de orgulho.
O resto é bilros.”

Alexandre O’Neill

quarta-feira, maio 17, 2006

A paternidade perdida

O ministro começou pelo telhado, sem perceber os fundamentos! O municipalismo, muito em voga em certos espíritos, é curto, não tem ligação por cima, não une, desune, e não pára a desertificação.
O traço de união só pode surgir, ou ressurgir, com as autonomias regionais, como nos Açores e Madeira, que se desenvolveram, mantendo e aprofundando o sentido de pertença.
No continente, temos que restaurar esse elo perdido. Um alentejano é um alentejano; um minhoto sabe que é minhoto e esse apelo ainda tem ressonância!
A República unitária, na linha do liberalismo centralizador, imaginando reforçar a ‘coesão nacional’, ou pretendendo apenas impor-se, destruiu de facto o poder local, transformando o País na tal ‘campina rasa’ do desânimo, que é hoje o nosso habitat. Neste meio só floresce a desconfiança e o egoísmo. A coesão nacional está por um fio.
O ministro pertence a um Partido que aparentemente defendeu a regionalização, e por isso deveria saber que qualquer reforma que favoreça um município em detrimento de outro, não é compreendida. Porque vai exacerbar rivalidades doentias, porque corre o risco da prepotência, porque todos desconfiam que não serve para nada!
Amanhã, invocando os mesmos argumentos técnico-economicistas, estaremos a recuar maternidades para Lisboa, para o Porto, e de certeza para Badajoz! É um jogo perdido.
Mas eu sou suspeito, porque acredito que a monarquia virá com o regionalismo.
O tal traço de união, por cima.

segunda-feira, maio 15, 2006

“PARA A MEMÓRIA DE ANTÓNIO NOBRE”

Quando a Hora do ultimatum abriu em Portugal, para não mais se fecharem, as portas do templo de Jano, o deus bifronte revelou-se na literatura nas duas maneiras correspondentes à dupla direcção do seu olhar. Junqueiro – o de Pátria e Finis Patriae – foi a face que olha para o Futuro, e se exalta. António Nobre foi a face que olha para o Passado, e se entristece.
De António Nobre partem todas as palavras com sentido lusitano que de então para cá têm sido pronunciadas. Têm subido a um sentido mais alto e divino do que ele balbuciou. Mas ele foi o primeiro a pôr em europeu este sentimento português das almas e das coisas, que tem pena de que umas não sejam corpos, para lhes poder fazer festas, e de que outras não sejam gente, para poder falar com elas. O ingénuo panteísmo da Raça, que tem carinhos de espontânea frase para com as árvores e as pedras, desabrochou nele melancolicamente. Ele vem no Outono e pelo crepúsculo. Pobre de quem o compreende e ama!
O sublime nele é humilde, o orgulho ingénuo, e há um sabor de infância triste no mais adulto horror do seu tédio e das suas desesperanças. Não o encontramos senão entre o desfolhar das rosas e nos jardins desertos. Os seus braços esqueceram a alegria do gesto, e o seu sorriso é o rumor de uma festa longínqua, em que nada de nós toma parte, salvo a imaginação.
Dos seus versos não se tira, felizmente, ensinamento nenhum.
Roça rente a muros nocturnos a desgraça das suas emoções. Esconde-se de alheios olhos o próprio esplendor do seu desespero. Às vezes, entre o princípio e o fim de um seu verso, intercala-se um cansaço, um encolher de ombros, uma angústia ao mundo. O exército dos seus sentimentos perdeu as bandeiras numa batalha que nunca ousou travar.
As suas ternuras amuadas por si próprio; as suas pequenas corridas de criança, mal ousada, até aos portões da quinta, para retroceder, esperando que ninguém houvesse visto; as suas meditações no limiar;... e as águas correntes no nosso ouvido; a longa convalescença febril ainda por todos os sentidos; e as tardes, os tanques da quinta, os caminhos onde o vento já não ergue a poeira, o regresso de romarias, as férias que se desmancham, tábua a tábua, e o guardar nas gavetas secretas das cartas que nunca se mandaram... A que sonhos de que Musa exilada pertenceu aquela vida de poeta?...
Quando ele nasceu, nascemos todos nós. A tristeza que cada um de nós traz consigo, mesmo no sentido da sua alegria, é ele ainda, e a vida dele, nunca perfeitamente real nem concerteza vivida é, afinal, a súmula da vida que vivemos – órfãos de pai e de mãe, perdidos de Deus, no meio da floresta, e chorando, chorando inutilmente, sem outra consolação do que essa, infantil, de sabermos que é inutilmente que choramos.

Fernando Pessoa

sábado, maio 13, 2006

Um ano depois...

Num dia treze de Fé,
Num mês de Maio florido,
Vindo do nada,
Apareceu!
Tinha a Cruz do peregrino.

Interregno de seu nome,
Intervalo sem sentido,
Talvez a Virgem lhe valha,
E lhe dê outro destino.

sexta-feira, maio 12, 2006

O Portugal dos Pequeninos

Sou monárquico por mil e uma razões, mas sobretudo porque acredito que o regime monárquico poderia significar uma vida melhor, não apenas para mim, mas para o meu vizinho, e para aquele outro, que não é meu vizinho, mas que se sente parte da mesma comunidade. Noutra perspectiva, porque respeito o legado dos antepassados, herança que gostaria de transmitir acrescentada aos vindouros.
Portugal é esse sonho palpável, um caminho percorrido por muitas gerações, com alegrias e tristezas, vitórias e derrotas, sem perder o rumo!
Dito isto, olho à minha volta e verifico que a palavra monarquia continua envolta em estranhos pensamentos, estranhas ligações, a que se associa atraso, coisa antiquada, que não existe nos países civilizados e desenvolvidos... Note-se, estou a descrever uma mentalidade que persiste no século XXI em Portugal!
Ora bem, esta ideia da monarquia não nasceu no dia 25 de Abril de 1974, antes pelo contrário. Posso até acrescentar, sem receio de falhar, que nos primeiros anos da revolução dos cravos, se falou mais em monarquia do que nos quarenta anos anteriores!
Posto isto, resta concluir que a ideia que vinha sendo vendida, conjugando a monarquia com um antiquário de plumas, inútil, com os Reis e a Corte a explorarem o povo, se fazia parte da propaganda republicana pura e dura, foi profundamente difundida durante o Estado Novo!
Mas Salazar era monárquico, gritam-me agora aos ouvidos!?
Então, se era, porque não contrariou a propaganda republicana durante o seu consulado?
Porque é que um belo dia, não se terá lembrado de dizer, alto e bom som, que era monárquico, ou ao menos, que a monarquia era o regime adequado para Portugal!?
Convém acrescentar o seguinte: a população, a esmagadora maioria dos portugueses é ‘republicana’, não porque tenha lido Platão, mas muito simplesmente porque as eminentes figuras do Estado, que religiosamente segue e imita, se afirmam republicanas. É assim que funciona a política de massas.
Por exemplo, se hoje o conhecido doutrinador televisivo, Marcelo Rebelo de Sousa, resolvesse afirmar-se monárquico e pusesse nesse ideal o ênfase com que lutou pela eleição de Cavaco Silva, estou convencido que a breve trecho, outros notáveis o seguiriam. Nessa altura o povoléu juraria a pés juntos uma fé inabalável na Coroa e mudar-se-ia de armas e bagagens para o ideário monárquico.
Dir-me-ão que isso é uma impossibilidade matemática, porque o distinto Professor acredita piamente nas virtualidades da república, faceta do seu carácter a quem deve o renome e prestígio que desfruta!
Não será bem assim, mas o exemplo permanece e pode explicar porque é que nunca há oposição em Portugal!
Estabelecendo agora um paralelismo com Salazar, e dando de barato que o ditador prezava a opinião alheia, uma de duas: ou esse pequeno Politburo chamado União Nacional, era um autêntico campo de batalha, surda e sangrenta, ou então, na outra hipótese, Salazar dominava completamente a situação e tinha a força suficiente para inflectir as decisões no sentido que lhe convinha.
A primeira hipótese é académica, não tem, nem teve, nada a ver com a realidade. Na segunda hipótese, Salazar não quis restaurar a monarquia e ponto final.
Porquê?
E que interessa isso agora?
Ao menos, que não se repitam os mesmos erros daqui para a frente. Um alerta, para quem acredita que Portugal independente ou existe em monarquia ou não existe.
Dispenso-me de demonstrar, só não vê quem não quer.

terça-feira, maio 09, 2006

Terras sem Rei

Ora aqui está o assunto do momento: duas brasileiras de ‘Maringá’ falavam ontem, nos prós e contras da televisão pública, sobre a viagem e estadia que tinham acabado de ganhar num concurso organizado pela autarquia de Vila de Rei!
Expliquemo-nos: Maringá é uma populosa cidade situada no estado do Paraná, no Brasil; Vila de Rei é uma pequena Vila desertificada no centro interior de Portugal; o concurso, da iniciativa da Câmara de Vila de Rei e aberto apenas a cidadãos brasileiros de Maringá, oferecia e oferece os seguintes prémios:
Viagem e estadia por tempo indeterminado no concelho de Vila de Rei, em casa cedida pela autarquia, emprego assegurado por não sei quanto tempo, a que corresponde uma remuneração aproximada do salário mínimo nacional, e os bons ares de uma pacata vila do interior do país!
Perante tão apetitoso prémio, Maringá em peso concorreu! Mas só existiam, ao que parece, sessenta prémios para distribuir, e sendo assim, o rateio fez-se pela ordem de entrada dos ‘pedidos’, com a eliminação natural dos menos qualificados para as tarefas de futuro que Vila de Rei exige.
Foram portanto seleccionadas para os primeiros trabalhos, uma jornalista e uma professora. Encarregar-se-ão do serviço de limpeza, a dias, onde a autarquia achar mais necessário.
Um êxito!
O entusiasmo, como pude constatar na televisão, era geral! Em primeiro lugar as felizes premiadas. Ainda sem esfregona e detergente, as duas brasileiras estavam prontas para atacar o primeiro lanço de escada que lhes aparecesse pela frente.
A edil da ideia, sorria de satisfação. Vila de Rei estava finalmente no mapa.
Rui Marques, ‘O Integrador’, como lhe chamei num dia mais lúcido, tinha descoberto a sua Índia.
Vitorino, por sua vez, terá visto a oportunidade de comprar um novo lote de terreno, a preços da chuva.
Havia um tipo de barba, que me pareceu sóbrio, mas Fátima não estava nos seus dias...refiro-me ao seu encanto, já conhecem o meu fraquinho.
Por isso desliguei a televisão ao fim de poucos minutos, e assim sendo, não lhes posso adiantar mais nada.
Peço desculpa.

segunda-feira, maio 08, 2006

Menos Azul

O campeonato sem querer ficou então mais vazio.
Nesse Domingo já frio e tão pouco verdadeiro...
Que o meu olhar percorreu, subindo pelo Mosteiro.

Por uma nesga de luz, do outro lado do rio,
A silhueta redonda desse destino sombrio.
Na expressão e na descrença...
Que a noite não descobriu!

sábado, maio 06, 2006

O desastre do ensino em Portugal

“Apesar dos esforços destes trinta anos a recuperar um tremendo atraso estrutural, Portugal encontra-se ainda na cauda da Europa no que diz respeito à educação e requalificação dos cidadãos. As medidas têm sido, em geral, desencontradas, desarticuladas e inconsequentes. O abandono escolar precoce (sem o 12º ano) atinge 45% dos portugueses jovens, enquanto a média da UE (15) é de 19% e o país mais próximo de nós é a Espanha, com 29%. Em qualquer um dos novos países da UE o panorama é muito melhor. A população global (25-64 anos) com o ensino secundário é de 20%, em Portugal, a mais baixa da OCDE, contra 51% da Grécia, 40% da Espanha e 24% da Turquia. Pior: esta situação está a regredir, avisa a OCDE, em 2004, pois os abandonos no nível secundário (10º,11º e 12º anos) não param de crescer porque o desinteresse pela formação escolar que se tem oferecido não pára de aumentar.”

“ Os alunos portugueses são os que permanecem menos tempo no sistema de ensino, no quadro dos países que formam a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE). De acordo com um estudo internacional recentemente divulgado, os nossos estudantes frequentam a escola durante oito anos, menos quatro do que a média dos restantes países com assento naquele organismo”.

Nota: Estes dados estão disponíveis, estão ao alcance de qualquer interessado, são do conhecimento dos responsáveis, provêm de organismos e fontes insuspeitas e pior do que tudo isto...correspondem à realidade!
Transcrevi-os, porque achei útil registar neste espaço de interregno, aquelas realidades indesmentíveis, que explicam a nossa situação e ao mesmo tempo revelam a incapacidade deste regime para nos retirar do fosso em que caímos.

quarta-feira, maio 03, 2006

“Ensino Jesuíta em Portugal”

(...)
"Entre 1540 e 1759 os Jesuítas estabeleceram uma notável rede de instituições educativas, as mais importantes das quais foram o Colégio das Artes em Coimbra, o Colégio de Santo Antão em Lisboa, e a Universidade de Évora. No total, os Jesuítas terão sido responsáveis por 26 colégios em Portugal.
Estatísticas precisas do número de estudantes nunca chegaram a ser estabelecidas. Contudo é sabido que no final do século XVI o Colégio de Santo Antão tinha cerca de 1800 estudantes, o Colégio das Artes cerca de 2000 e a Universidade de Évora cerca de 1600. Por volta de 1759 estima-se que havia 20.000 estudantes a frequentar aulas em instituições de ensino Jesuíta.”
(...)
“Estes números podem não parecer extraordinários quando comparados com outros países europeus, mas são-no no contexto português. Só no final do século XIX é que conseguimos encontrar um número comparável de estudantes no ensino secundário.”


In Henrique Leitão, Jesuit Mathematical Practice in Portugal, Mordechai Feingold (Ed.), Archimedes, Vol.6, The New Science and Jesuit Science: Sventeenth Century Perspectives, Kluwer Academic Publishers.

terça-feira, maio 02, 2006

“Perfilados de medo”

Perfilados de medo, agradecemos
O medo que nos salva da loucura.
Decisão e coragem valem menos
E a vida sem viver é mais segura.

Aventureiros já sem aventura,
Perfilados de medo combatemos
Irónicos fantasmas à procura
Do que não fomos, do que não seremos.

Perfilados de medo, sem mais voz,
O coração nos dentes oprimido,
Os loucos, os fantasmas somos nós.

Rebanho pelo medo perseguido,
Já vivemos tão juntos e tão sós
Que da vida perdemos o sentido...



Alexandre O’Neill
(Poemas com Endereço)

segunda-feira, maio 01, 2006

Hoje não

Hoje não há pão, como dantes.
Primeiro de Maio em que fecha tudo menos a flor que se abre ao sol quente desta manhã tardia. Tardia para quem se levanta tão tarde neste dia! Segui a regra, não saio, não saí, isso é para trabalhadores, gente e termo insultuoso para quem trabalha de borla...ou quase.
Florbela, sempre queres amar perdidamente?
Ou ao menos sonhar, neste dia em que é proibido sonhar!?
Dia de espiga ou espiga de dia, sei eu bem, podíamos sair, ir por aqui e além...além, onde não vive ninguém para além de mim! Para quê tanto trocadilho num dia assim, como hoje, em que não vale a pena sonhar, nem amar, ou quase...
Queres então fazer o quê?
Já percebi, não me conheces, tens medo, preferes a segurança do luar, a vigília de uma noite de espera, em vão...
A tua casa tem pó, falta-lhe uma viola, uma música na madrugada...
Amanhã se verá...virgem desesperada.
Hoje não, hoje... nada.