terça-feira, abril 27, 2010

O preço de uma mentira

Está em funcionamento na AR uma comissão de inquérito para averiguar aquilo que todo o país sabe – que o primeiro-ministro mentiu no parlamento quando disse que desconhecia o negócio sobre a compra da TVI pela Portugal Telecom! Uma mentira que as circunstâncias do negócio e as escutas (destruídas ou não) se encarregaram de provar. Pois bem, perante este cenário, o mais lógico seria admitir o erro e assumir as consequências, que poderiam passar por um conjunto de explicações ao parlamento, e no limite, por um pedido de demissão. Pelo menos era isto que aconteceria num país normal e com um primeiro-ministro também normal.
Mas não, em Portugal sobrepõem-se outros interesses, e o que interessa é esconder a verdade aos portugueses mesmo contra todas as evidências!
É mais ou menos isto o que se está a passar na comissão de inquérito onde um conjunto de deputados tenta esclarecer o assunto enquanto o partido do governo faz os impossíveis para calar os depoentes!
E nós, que assistimos a tudo, não podemos deixar de estabelecer duas conclusões: - em primeiro lugar, só num país muito rico é que se pode perder tanto tempo (e dinheiro) com uma mentira; em segundo lugar só num país muito pobre é que uma mentira é tão importante para a defesa do governo e do regime!
Este é o meu depoimento.

domingo, abril 25, 2010

Maioria silenciosa, quem te representa?

Li algures que Cavaco Silva se prepara para vetar o ‘casamento gay’ - um mero título de jornal cujo conteúdo não fui averiguar. Mas foi o suficiente para imaginar uma série de coisas que se iam arrumando na minha cabeça: - em primeiro lugar e dependendo dos motivos que invocasse para o veto, se esses motivos revelassem a firmeza de defender os princípios em que assenta o velho Portugal, admiti desde logo que teria garantida a sua reeleição. E de forma esmagadora. Digo isto porque o ruído que as ‘vanguardas’ produzem sobre este assunto, (ruído que a comunicação social amplifica), não corresponde ao pensar da generalidade da população. O povo é conservador no verdadeiro sentido do termo, ou seja, conserva os valores e os princípios que garantem a sua sobrevivência como comunidade. É uma atitude natural, instintiva. Sucede que esta grande maioria silenciosa há muito que perdeu qualquer ilusão sobre a classe política e sobre aqueles que a dizem representar. Por isso se abstém nas eleições ou mesmo nos referendos. Aliás, como poderia acreditar em pessoas que propõem e aprovam leis que atingem a dignidade humana (no caso da legalização do aborto) ou desqualificam a família (como o dito casamento gay)?! Que garantias de representação e sobrevivência pode dar um regime destes e gente desta?! Obviamente nenhumas.

Houve tempos em que a garantia de sobrevivência (contra as ambições externas e desvarios internos) assentava na aliança histórica entre o povo e o rei. E porquê com o rei?! Porque este era o aliado natural, ‘a figura humana da pátria’, representava a sua continuidade e perenidade. Melhor representante, melhor e mais seguro aliado, não podia existir.
Essa aliança foi entretanto destruída por aqueles que ocupam hoje o poder. São eles que lançam os foguetes, são eles que celebram o dia, são os mesmos que festejam o centenário da república! Já agora, aproveitem e perguntem-lhes porque é que estão contentes?! Será por sermos o país mais desigual da Europa?! O mais dependente?! O mais falido, juntamente com a Grécia?! Vão lá, dirijam-se à assembleia da república, interrompam a sessão solene, e perguntem-lhes.

quinta-feira, abril 22, 2010

Hoje, o insólito!

Isto pode tornar-se um vício mas ontem ainda tive coragem para assistir à segunda sessão do canal parlamento. O guião era o mesmo mas com protagonista espanhol. Ongoing para a frente, ongoing para trás, eram pérolas de alta gestão que saiam da boca de nuestro hermano! Jurava que com seiscentos milhões lá metidos nunca cederia às pressões do governo fosse para o que fosse. Devia essa lealdade aos accionistas. Eu ouvia e pensava com os meus botões… como é diferente o negócio em Portugal! Aqui, os empresários (e os conselhos de administração) não só admitem como gostam que o governo interfira nas suas empresas. Vão até ao ponto de não poderem viver sem os favores e as contrapartidas do estado. Mas o filme prosseguia quando um dos comissários mais impertinente lhe fez a seguinte pergunta: - se o senhor diz que a administração de que o senhor faz parte, não aceita interferências do governo nos seus negócios, mas acatou a ‘recomendação’ do ministro para acabar com o negócio… pergunto-lhe… e se o ministro ‘recomendasse’ a continuação (ou o reinicio) do negócio… o conselho de administração continuava a obedecer?! A questão ficou a pairar e o espanhol perdeu um pouco o salero.

Hoje, na matinée, aconteceu o insólito: - Em lugar da longa-metragem prometida saiu-nos o cinema mudo! O jovem gestor, inesquecível benemérito de dragões, águias e leões, e grande revelação da última série sobre a ética, não estava nos seus dias! Fez-se de vítima e remeteu-se ao mais profundo silêncio! Ninguém lhe conseguiu arrancar uma palavra.
Se isto pega, acabam-se os filmes, acabam-se as comissões, acaba-se a assembleia… enfim, uma tristeza.

quarta-feira, abril 21, 2010

Canal Parlamento – os melhores filmes!

Excelente iniciativa do canal parlamento, uma temática que se repete, basicamente ligada ao tráfico de influências e associação de malfeitores, sempre interessante de ver e com óptimos actores! Em síntese, uma semana ou quinzena que promete, e se arrisca a ganhar a guerra das audiências.
Hoje vi em reprise – ‘Ele sabe mas não pode’, filme que nos conta a odisseia de um jovem e talentoso advogado impedido de falar por força do segredo de justiça e dos códigos deontológicos!
Nascido para a política no aviário das juventudes partidárias, o nosso herói vive um drama singular – é consultor jurídico de uma empresa que quer comprar outra para calar uma jornalista incómoda. Só que a empresa compradora detém capitais públicos importantes e isso leva à suspeita de um golpe para controlar a comunicação social. Inocente, enredado numa trama da qual não consegue libertar-se, cai nas mãos dos comissários políticos que o interrogam até à exaustão. Em sua defesa só tem o seu partido, que por acaso está no governo.
Um filme a não perder, muito realista, onde se fica com a noção de que nestas grandes empresas ninguém fala com ninguém, e portanto, ninguém sabe nada dos negócios uns dos outros! Nem o estado, quando devia saber.

segunda-feira, abril 19, 2010

A ‘ética republicana’ e a bandeira

A ‘ética republicana’ vem novamente invocar a ética! Estranho procedimento para quem afinal não tem ética! Vem reconhecer que esta república não é ética, mas continua a insistir que a ética é um rótulo republicano! Mas que falta de ética!
A ética não falta à verdade. Porém, a ‘ética republicana’ não se importa de mentir! Como mentiu e mente, por exemplo, sobre a bandeira! Como escondeu e esconde a verdade sobre a fonte que a inspirou. E mascarou o verde com a esperança e o encarnado com o sangue derramado! Nada mais falso! Este verde e este encarnado têm uma simbologia própria, não são um verde e encarnado qualquer. Estas são as cores do ‘partido republicano’ que por sua vez usava as cores da maçonaria e da carbonária.
Bandeira de facção, imposta por uma minoria, bandeira que nunca foi plebiscitada. Tal como o próprio regime republicano!
Onde está aqui a famosa ’ética republicana’?!
Pergunta incómoda, verdade incómoda que os portugueses devem conhecer e que a ética (sem adjectivos) assim o exige.
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.Post Scriptum: - As Pátrias não se constroem sobre a mentira.

sexta-feira, abril 16, 2010

"Convite"

Padre Pedro Quintela

Já lhe conhecia a voz dos seus tempos da TSF. Agora, sempre que oiço no carro a Antena2, com o desejo, sem mais, de ouvir música clássica, sai-me sempre ao caminho essa mesma voz, facilmente reconhecível pela contínua ambição de debitar opinião sobre tudo. E se lhe falta o génio dos mestres transborda-lhe na voz o sentido doutrinário/sanguinário própria dos reaccionários de esquerda: propaganda dos seus, obnubilamento dos outros (para quando musica de Arvo Part, Penderecki, Gorecki?, porquê o apagamento da biografia dos compositores das suas convicções religiosas, dos antigos a Stravinsky e Falla?), referências continuamente venenosas e ácidas no que se refere à Igreja Católica. Hoje excedeu-se. Sobre um cónego do Porto, músico afamado neste país pequeno, tratou de dizer logo, com todas as letras, que é suspeito de pedofilia. E pronto, está lançado o anátema. Sem sequer o caso estar a ser julgado em tribunal, eis que o juiz da Antena2 lançou o seu veredicto. Daí o meu convite. Não a que se eleve à altura das coisas do espírito, que só são belas, perduravelmente belas, se o são no espírito de verdade. Não apenas a que refira, ou convide os seus correligionários a referir, com igual gosto e languidez os nomes de toda a rapaziada envolvida no processo da Casa Pia, oficiais do estado e outros. Mas parece-me que seria saudável, no entanto, para sabermos com que linhas nos cosemos, que se referisse às dificuldades de Eugénio de Andrade, nome maior da sensibilidade pederasta da nossa terra, ou de Lagoa Henriques – esse da estátua do Pessoa no Chiado - que se divertia com os seus modelos meninos, ou ainda uma palavrinha sobre o João César Monteiro e o seu documentário sobre a Sophia, e o modo obcecado como filma a criança sua filha (à venda na FNAC!) ou à literatura pedófila do Partido Radical Italiano, inspirador dos rapazes do Bloco. Que cite, ainda, Daniel Cohn-Bendit, avatar da cultura libertária de 68, inimigo vencedor do perigoso católico Rocco Buttiglionne na primeira equipa de Barroso (lembram-se?), dinossauro do actual parlamento europeu, e os seus elogios das suas próprias praticas pedófilas. Ou então, se quiser ser mais cosmopolita, ele que nos fale dos passeios de Roland Barthes, esse do Estruturalismo e da Semiótica pela Africa sariana em turismo sexual avant la lettre, ou das aventuras de Paul Bowles na Tanger da sua depravação, mais a Beat Generation sua convidada para o calor marroquino. Que desenvolva os tópicos do Michel Foucault justificando a libertação de todas as censuras sexuais burguesas, e que nos fale ainda do Gide mentor de toda a cultura pedófila e, indo um pouquinho mais atrás, que nos refira o barão von Gloeden e as suas celebres fotografias dos garotos da Itália pobre e, de novo, do Norte Africa apaixonante para essa gente obcecada por meninos. Gostaria também de ouvir duas palavras sobre o Presidente pedófilo Teixeira Gomes, nos 150 anos do seu nascimento, esse que também escolheu para terminar os seus dias a Argélia. E que não se julgue que são coisas perdidas no tempo. O poeta candidato a Belém escolheu para anunciar a sua candidatura a cidade de Portimão, num misto de homenagem ao Presidente escritor e à ética republicana. E pronto, se quiser ser generoso agradeceria, ainda, que nos descobrisse um pouco do mundo das artes nos dias que correm, e basta ficar por Lisboa. Ele que nos fale da gente da musica, do teatro, do cinema, e por aí fora, desses que são livres dos preconceitos cristãos.
E já agora, se quer falar dos padres pedófilos, que não se esqueça de referir que o estudo americano sobre estas misérias, o único até agora de natureza científica, aponta que 90% desses famigerados é homossexual. Sim, desse género de gente que não se deve discriminar, segundo as mais recentes conquistas da legislação portuguesa.
Poderá soar-lhe a ‘chinês’ mas, ainda assim, seria bom que ele dissesse que esses padres são gente muito longe do hábito de ir regular e fielmente ao confessionário, que não são devotos do terço, que desprezam a via sacra e a vida dos santos, que detestam e levantam a voz contra o Papa, contra o Papa do dia, e que embora um Papa suceda ao outro não sucede eles amarem o magistério e a sua doutrina. Que é gente, ainda, sem devoção à Virgem Maria e que sofrem muito por causa da proibição da ordenação das mulheres. Que tendem a considerar o celibato uma imposição antiquada e que são muito tolerantes no que se refere ao aborto. E que, se por vezes, essa gente perversa e perdida vive na Igreja, em versão reaccionária, também lhe são reconhecíveis os tiques: ritualismo extremo (=narcisismo pedante), falta de compromisso com os pobres e a missão, acusação contínua à hierarquia de ceder, eles cuja rigidez exterior revela um mundo pulsional febril. Finalmente, seria curioso que se pronunciasse sobre o facto de a pedofilia ser escandalosa ‘apenas’ no mundo cristão, na tradição cristã. Que se arrisque a fazer um prognostico sobre o que irá suceder daqui a cinquenta anos, nesta estrada estonteante que caminha de causa fracturante em causa fracturante… E pronto, por aqui ficam estas ideias soltas, sugestões escritas apressadamente, ao correr da pena, com um lamurio final: pobre de Cristo, como sempre e uma vez mais humilhado e ofendido nas traições/perversões dos seus. Gente ‘velha’ esta, tão velha como o golpe nocturno do primeiro discípulo sacerdote perverso. Pobre do vigário de Cristo, cujo coração tem de ser do tamanho católico da misericórdia de Cristo, ou o Senhor não lhe pediria tanto! Pobres de Cristo, os humilhados e ofendidos que só o poder do mesmo Senhor poderá ressuscitar de tamanha ferida. Pobres, ainda, esses pobres de Cristo – os cristãos simplesmente cristãos - que levam sobre o seu coração a dor atroz de tudo isto mas que não puderam jamais ceder aos gritos da multidão, como habitualmente aviltada e acovardada
.

quarta-feira, abril 14, 2010

Qual é a nossa bandeira?

Mas afinal, afinal
Qual é a nossa bandeira?!
Mas afinal...
Quais são as cores de Portugal?!
.
Será a verde-rubra derradeira!
Ou é o azul e branco ancestral!
Terá o escudo branco da primeira!
E o azul da Cruz original!
.
Digam lá, digam lá
Qual é a nossa bandeira?!
Mas digam,
Digam depressa por favor
.
Será a verde-rubra que desiste!
Ou é o azul e branco a nossa cor!
Terá o escudo branco que resiste!
E o azul na Cruz do Fundador!
.
Mas afinal, afinal
Qual é a nossa bandeira?!
Mas afinal...
Quais são as cores de Portugal?!

terça-feira, abril 13, 2010

Noticiário alternativo

Tradutore, traditore, bem sei, mas traduzo aqui a incomodidade que notei nos vários noticiários televisivos desta manhã face a uma realidade que insiste em contrariar o anti-clericalismo dominante. Anti-clericalismo e não só. Poderia ser assim: -

- Por muito que nos custe dar-vos esta notícia parece que afinal o celibato dos padres tem pouco a ver com a pedofilia. Com efeito os vários estudos científicos conhecidos relacionam a pedofilia com a homossexualidade e não com o celibato. Estas conclusões, que em má hora o Cardeal Bertone resolveu publicitar, são assim uma lástima para a campanha (em curso) de boas vindas a Bento XVI.
Saem também prejudicados os planos (que faziam parte do pacote) para associar os estabelecimentos de ensino (e acolhimento) dirigidos pela Igreja Católica à pedofilia, uma vez que qualquer estabelecimento com essas características pode estar sujeito à prática desses crimes. E neste aspecto sabemos que o Estado é largamente maioritário e abusivo, mas sempre impune, como nos recorda o triste exemplo da Casa Pia.
Lamentamos mas são estas as realidades a que não podemos fugir.

- Outra notícia lamentável, quem sabe se com o intuito de ofuscar o paraíso de Mandela e do seu filme de râguebi (Invictus), tem a ver com o assassinato de Terre-Blanche, líder do movimento a favor do apartheid. O incidente, apenas um incidente sem qualquer conotação racista, é duplamente lamentável se tivermos em conta que pode vir a prejudicar a actuação da nossa selecção de futebol e do nosso Cristiano Ronaldo. Tudo menos isso.

- E para finalizar uma boa notícia: - as escutas que envolvem Sócrates e Vara no processo face oculta vão ser destruídas esta semana, cumprindo a determinação do presidente do supremo. O país vai por certo respirar de alívio até porque já se conhecem o método e o instrumento da destruição - será à martelada e com um martelo.


Depois de um breve intervalo (com Passos Coelho) seguimos com a informação desportiva.

Até já caros telespectadores.

quinta-feira, abril 08, 2010

O azeite

O país a meter água e o azeite a vir ao de cima!
Eu tinha uma teoria e nunca fiz segredo dela. Antes pelo contrário. Segui na peugada dos grandes mestres e dadas as circunstâncias, troquei o clássico ‘cherchez la femme’, pelo óbvio, procurem na Casa Pia.
Veio agora Paes do Amaral, ex-futuro dono da TVI, dizer que aquela estação foi plataforma golpista para derrubar Santana Lopes e o seu governo. Nenhuma novidade. O santo e a senha dos golpistas eram as ‘trapalhadas’, e a estratégia, associar Santana, fizesse ele o que fizesse, às ditas ‘trapalhadas’. E o povo riu com gosto, e apoiou. Hoje ainda está convencido que derrubar Santana foi serviço público prestado à nação.
Não vou perder tempo com esta pista nem coloco o testemunho de Paes do Amaral acima ou abaixo de outros que ouvi sobre a matéria. Limito-me a observar a realidade.
E o que é que a realidade nos transmite?!
Que as hipotéticas ‘trapalhadas’ de Santana são ‘peanuts’ quando comparadas com as incomensuráveis trapalhadas de Sócrates! E vamos continuar a designá-las assim, por trapalhadas, porque há que manter as aparências.
Mas a realidade revela-se mais crua. Revela, por exemplo, o silêncio daqueles que criticavam Santana por tudo e por nada, mas quando se trata de Sócrates, perdoam tudo e mais alguma coisa!
Quem não os conhece?! – Cavaco da boa moeda, Marcelo comentador, o Teixeira dos jornais, e estou a citar apenas alguns, que não sendo socialistas, foram companheiros de viagem nesta guerra contra o Lopes.
Voltemos à investigação porque está na hora de fazer uma pergunta pertinente – mas se afinal as trapalhadas não eram problema, qual era então o problema de Santana?! Ou perguntado de outra maneira - que garantias é que Sócrates dava que Santana não dava?!
As conclusões serão sempre vossas, mas o que aconteceu a seguir à posse de Sócrates é do domínio público – a tutela da Casa Pia foi entregue a um amigo de Pedroso, Catalina Pestana foi para a prateleira, e o processo que ameaçava o regime, jaz moribundo à espera de ser enterrado. Melhor (ou pior, consoante os pontos de vista) era impossível.
Um dia o azeite há-de contar o resto da história e decifrar o enigma.

terça-feira, abril 06, 2010

Adeus Valença

Era uma vez um tratado que rezava assim - para cá (do rio) é meu (Minho), para lá do rio é teu (Tuy). Isto aconteceu há muito tempo, logo no início da aventura, mas se continuarmos a fazer disparates o tratado de Tuy pode deixar de valer. E se não vale, adeus Valença. Desaprendemos, perdemos terreno, e não percebemos o que está a acontecer.
Sem Rei, sem representação da história colectiva, Portugal como país independente tem poucas hipóteses de sobreviver. As colónias davam a ilusão de que tínhamos algo em comum, a ilusão de que éramos mais que uma soma de indivíduos, mas a compropriedade, só por si, não cimenta valores, nem justifica grandes sacrifícios E viu-se.
A propaganda republicana bem se esforçava, tentando esticar a ideia de pátria, mas pátria sem conteúdo não existe, desfaz-se. E desfez-se.
O nacional-benfiquismo também não resolve, os adeptos do portugal futebol clube que tenham paciência. E tratem-se.

Por isso, se amanhã alguém hastear uma bandeira azul e branca, onde quer que seja, não chamem os bombeiros, não a retirem do mastro, pois ela lembra tantas coisas que fomos perdendo... A tão cavaqueada coesão nacional, por exemplo. E lembra também o tratado que assegurou o Minho para o nosso lado. E que bem que rimava nessa época!
E não seja a coroa razão de discórdia, que a castelhana tem coroa concerteza.

Saudações monárquicas

quinta-feira, abril 01, 2010

O ataque à Igreja

Helena Matos tirou-me as palavras da boca. Com efeito, o seu artigo no jornal Publico (de hoje) desmonta sem sofismas a mais recente campanha (orquestrada) contra a Igreja Católica. O artigo em causa chama-se – ‘Pedofilia e anticlericalismo’ – e tem uma passagem que não resisto a transcrever: -

“ (…) Tenho para mim que as violações, abusos e os crimes mais hediondos podem acontecer em qualquer meio seja ele laico ou religioso e não vejo portanto que o clero católico ou doutra fé goze duma qualquer superioridade que o torne imune a estes actos. Do que já faço alguma ideia é de que a reacção perante a pedofilia e os abusos sexuais varia em função do perfil de quem a ela é ou foi associado como responsável: se for cineasta terá abaixo-assinados de apoio; se for político os seus pares podem levar a protecção institucional até à alteração de leis de modo a que os casos sejam arquivados; se for um cidadão comum será provávelmente recebido por multidões em fúria à porta do tribunal e caso seja agredido na cadeia toda a gente achará que isso faz parte do código de honra dos presos (donde se presume que quem administra as cadeias não tem um código de honra que lhe imponha impedir que os detidos se agridam uns aos outros). Se for padre é imediatamente dado como culpado. Não menos importante, segundo este raciocínio, o actual Papa foi e é responsável por estes crimes…”

Assim vai o mundo. Ou será apenas a Europa?!