terça-feira, agosto 30, 2011

Os impostores

A expressão ‘imposto’, já de si, tem uma raiz antipática, tem a ver com imposição, quantas vezes excessiva e injusta. Mas se à expressão juntarmos um pequeno país republicano, governado por uma minoria de espertalhões, chegamos rápidamente a outro conceito também desagradável, ou seja, chegamos à ideia de ‘impostor’!
Digo isto (com pena) a propósito da vozearia que todos os dias promete um novo imposto aos portugueses, alguns mais velhos que a Sé de Braga. E não foi em Braga, mas em Campo Maior, que o próprio Chefe de Estado resolveu ressuscitar o imposto sobre a herança, o que é compreensível num regime cuja única herança será um acervo de dívidas legadas à posteridade! Mas ainda assim, sua Excelência enganou-se e teve que ser corrigido. Não sabia que o imposto de selo veio substituir (com excepção das transmissões entre pais e filhos) o antigo imposto sobre sucessões e doações. Em Portugal é assim, os impostos não morrem, e se morrem, ressuscitam com outro nome e ligeiras alterações.
Tanta confusão por causa dos ricos! Os únicos que nunca sofrerão qualquer moléstia, venham os impostos que vierem, venham os impostores que vierem.

Saudações monárquicas

quinta-feira, agosto 18, 2011

Os laicos

Finalmente a comunicação social disse a palavra chave – ‘os laicos’ confrontam-se com os católicos e discutem-lhes o espaço e o direito de receberem o Papa em Madrid! Sob o pretexto dos gastos financeiros, uma atoarda, pois tomara muitos países puderem receber tal evento, a verdade está nos gritos que repetiam – ‘o estado é laico’, logo não pode nem deve receber o chefe da Igreja Católica! Os outros líderes de outras religiões não incomodam, mas está escrito nas estrelas que hão-de dobrar a cerviz quando as hostes sarracenas os dizimarem como cães. Cães infiéis, serão assim chamados. Mas enquanto esse tempo não chega, entretêm-se a prevaricar os católicos, medindo-lhes a fé e a força, e para isso arregimentam ‘jovens’ (sem fé e sem esperança) que a única coisa que ambicionam é aceder à função pública. Emprego certo, salário garantido, pago pelo ‘estado’, ou seja, dinheiro dos contribuintes (uma parcela cada vez menor) e aquele que o dito ‘estado’ pede emprestado (uma parcela cada vez maior) aos usurários do costume.
Luta de classes?! Isso é o que eles dizem. Apenas mais um episódio da velha luta do homem consigo mesmo. O Bem e o Mal renascem todos os dias.

terça-feira, agosto 09, 2011

Outra vez os ‘jovens’!

Que estamos precisados de ‘ordem’ como de pão para a boca, isso ninguém duvida. Até os fautores da desordem, que esperavam ganhar alguma coisa com a destruição da autoridade legítima, também eles já perceberam que a situação é perigosa e precisa de mão firme. Inevitável, diria um personagem de Sherlock Holmes. E o famoso detective acrescentaria que para resolver o busílis da questão não adianta continuar com o mesmo discurso ambíguo de chamar ‘jovens’ quando são negros, mestiços, ou de qualquer modo desenraizados que nasceram num bairro de Londres por mero acaso. Ou seria por obra e graça de descolonizações apressadas, umas mais ‘exemplares’ que as outras?!
Viveriam melhor se tivessem nascido na terra dos seus pais, ou avós?! Não sei, o que sei é que ao fim de tantos anos, ninguém pode garantir que aqueles ‘jovens’ estejam integrados na sociedade inglesa. E não será multiplicando subsídios que o problema se resolve. Sim, porque há um problema. Problema que se há-de agravar se a Europa continuar a ceder nos seus valores em detrimento de um relativismo absurdo, como se o bem e o mal fossem a mesma coisa! Como se não existissem! E quando o balão rebenta, desorientados, em lugar de seguirmos a pista da história, andamos à procura de causas novas para problemas velhos! Tão velhos como o homem!
Portugal, tem (ou tinha) nesta matéria soluções criativas e originais, que aplicou em todos os sítios onde teve responsabilidades administrativas. E as coisas nem correram mal. Aliás, não há melhor exemplo (no mundo!) de integração ou sociedade integral, que o Brasil. Onde haverá imensos problemas de violência mas não consta que tenham índole racista. Nem faz parte do vocabulário dos locutores brasileiros a expressão ‘jovens’... com segundo sentido.


Ao Brasil, para dar um salto qualitativo, para potenciar todas as suas possibilidades, para reduzir todas as suas desigualdades, só lhe falta um rei. De preferência um descendente de Dom João VI.

Saudações monárquicas

domingo, agosto 07, 2011

Europeu por um dia!

Farto desta ‘união europeia’ que não faz outra coisa senão martelar-me os ouvidos com os juros da dívida, decidi experimentar ser europeu por um dia! Mas europeu a sério. Assim, levantei-me da cama com a energia de um prussiano, lavei-me com a parcimónia de um gaulês, vesti-me ao som de uma área napolitana e corri para o emprego na expectativa de cumprir (por uma vez) com a pontualidade britânica. Já no emprego voltei a ser português. Pedi ao meu colega que aguentasse o barco e fui (num instante) tomar o pequeno-almoço. Quando o chefe chegou, foi ele que nos pediu que aguentássemos o escritório porque tinha que sair. Dois dedos de conversa, trabalhar o que fosse preciso, e eram horas de almoço. Então onde é que vamos almoçar?!
Que saudades desta Europa onde era possível passar uma manhã de trabalho sem nos preocuparmos com os juros da dívida! Porque não havia dívidas?! Talvez houvesse, mas eram à nossa medida e eram para pagar. Também por isso as agências de rating andavam sossegadas.

quarta-feira, agosto 03, 2011

Temas tabus

- Não se deve falar na revisão constitucional a não ser para dizer que não é necessária. As razões são conhecidas: - a revisão constitucional não é uma matéria essencial para o país resolver os seus problemas mas é essencial que não seja revista para continuar a resolver os problemas de alguns;

- As declarações do Ministro da Economia (ostentação, automóveis topo de gama, pessoal em excesso, etc.) não são para ser levadas a sério. Nem se devem publicar. Daí o silêncio (quase) geral dos vários órgãos de comunicação social sobre o assunto. É aquilo a que chamamos uma ‘imprensa livre’.

- Os negócios do Benfica são sempre transparentes. E são um verdadeiro desafio às autoridades reguladoras (CMVM e quejandas) tão zelosas pela transparência. Vai uma sugestão?! E que tal aproveitar a onda de privatizações e privatizar também o clube da Luz! O estado (e as autarquias) poupavam muito dinheiro aos contribuintes.

- A educação compete ao Estado segundo a catequese de qualquer ditadura que se preze. Em Portugal a mentalidade é esta e o Estado não abdica do seu papel de educador, o que traduzido à letra significa que não abdica da propaganda com que espera moldar as cabecinhas dos jovens que (por falta de meios) inevitavelmente caem na sua órbita. Estará aqui uma das razões porque somos o país mais atrasado da Europa. E será talvez por isso que nos afastámos tanto dos princípios da nossa história milenar a benefício de um regime republicano que em pouco mais de cem anos nos reduziu a uma inimaginável dependência! Primeiro, a dependência mental, depois, a dependência de facto. É sempre assim.

Saudações monárquicas

terça-feira, agosto 02, 2011

Quatro a dois outra vez!

Depois do ministro das Finanças ter ido a uma comissão da AR para dar explicações sobre o imposto extraordinário, chegou agora a vez de sujeitar o ministro da Economia a uma sabatina por causa do aumento do preço dos bilhetes nos transportes públicos. E o esquema promete continuar, ou seja, o governo (eleito por maioria absoluta) toma uma medida qualquer, e imediatamente os partidos da oposição obrigam o respectivo ministro a deslocar-se à AR para prestar contas! Partidos da oposição que (curiosamente) estão sempre em maioria (absoluta) nestas comissões. São quatro contra dois, um verdadeiro massacre! Massacre em vários tons: - o PS finge que não tem nada a ver com o descalabro (neste caso, das empresas públicas de transporte) e fica ofendido quando se fala no passado; o PCP quer os transportes públicos ainda mais públicos, porque era assim na união soviética; o PEV (apêndice do PCP) idem; e finalmente o BE quer os transportes públicos para nos obrigar a andar de transportes públicos! Dizem que é por causa do ozono, mas é mentira, é por causa do Trotsky! E o ministro Álvaro que os ature!
PSD e CDS tentam minorar os efeitos do massacre, mas se isto continua, se calhar não vale a pena ter governo e o melhor é pôr a oposição a governar! O que é que acham?! Eu acho que sim.



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Adenda: - Gostei de ouvir o ministro Àlvaro dizer a verdade sobre a ostentação e o despesismo que encontrou nos ministérios que agora dirige! Foram frases fortes que há muito não ouvíamos aos políticos. Reparei também que Basílio Horta (um reconhecido vira-casacas) não gostou de ouvir, tal como o 'resto da cambada'. O interregno tinha apostado neste ministro e parece que não... me enganei.

segunda-feira, agosto 01, 2011

‘A história do nosso estado soviético’

Prometo escrever um livro com este título, será um conto de fadas e ao mesmo tempo uma aventura que só podia ter acontecido, aqui, nesta periferia da Europa, noutros tempos centralidade entre vários mundos!
Explico o enredo: - sobre um nacional-socialismo cinzento, apesar de tudo nacional e que apesar de tudo deixou o Banco de Portugal carregado de ouro, dizia eu, sobre esse regime contido mas sem futuro, instalou-se um internacional-socialismo de raiz soviética, socialismo esse, que estava a dar as últimas em termos de aceitação universal e ameaçava ruir a qualquer momento. E no momento em que ruiu, em que a sede moscovita fechou, as filiais (PCP e congéneres) ficaram a funcionar em auto-gestão. Em auto-gestão mas bem agarradas ao aparelho de estado… e à constituição da república.
E agora peço um (novo) momento de grande imaginação aos leitores que ainda me seguem: - imaginem o que é um enorme aparelho de estado, herdado do salazarismo, invadido por uma ideologia também socialista e que acredita que o Estado é o motor da história e da economia! Escusam de imaginar porque é o que temos neste momento. Ou seja, um Estado monstruoso, praticamente irreformável, e um país onde mais de metade da população depende desse mesmo Estado! Por isso, abrimos a televisão e só ouvimos falar de dívidas e de juros da dívida, e também por isso quem comanda o falatório é essa chusma de gente que vive à conta do Estado e cujo único objectivo é manter tudo como está. E haja alguém que pague as dívidas.

Nota final: - no fim, o herói do meu livro, mentiroso e idiota, confessa-se federalista, não porque assuma a sua dependência, mas porque tem esperança que os outros (países) continuem a pagar-lhe os vícios e as dívidas. E as mentiras.

Saudações monárquicas