terça-feira, agosto 28, 2018

O camarote do arguido


Pergunta leonina: - Que faz Sousa Cintra no camarote do arguido?

sexta-feira, agosto 24, 2018

'O prazo de Nero'



Não se inquietou Nero quando ouviu
o vaticínio do Oráculo de Delfos.
Os setenta e três anos temerás”.
Tempo teria ainda para desfrutar.
Trinta e três anos tem. E alargado
é o prazo que o deus agora lhe concede
para pensar nos riscos do futuro.

Agora, algo cansado, voltará a Roma,
mas deleitosamente cansado desta
viagem
em que todos os dias foram de prazer -
em jardins, em teatros, em ginásios...
Noites nessas cidades da Acaia...
e o prazer, sobretudo, ah, dos corpos nus...

Isto, Nero. Na Hispânia, entretanto,
Galba
em segredo, recruta e treina as suas tropas:
Galba, um ancião de setenta e três anos.

Konstantinos Kafávis (1863-1933) poeta grego.

quinta-feira, agosto 23, 2018

Bruno sem lei!



Mudem a Constituição, apelem ao presidente da república, desertem os tribunais, mas não permitam que Bruno tenha a lei pelo seu lado. As providências cautelares não podem acautelar qualquer um, ainda para mais quando estão em causa os sagrados interesses da república de Alvalade. Que somada à da Luz resulta naquilo que a gente sabe. Nestas condições, o juiz, seja ele qual for, não pode aplicar a legislação que eventualmente possa dar razão a Bruno, porque isso seria, segundo reza a contestação, não apenas o fim do clube mas também o fim do mundo! Além disso os jogadores de futebol profissional, que amam o Sporting desde pequeninos, não gostam do Bruno e podem ter pesadelos.

Agora, aqui para nós que ninguém nos ouve, uma contestação que tem mais de cinquenta páginas, e mais de duzentos e cinquenta argumentos... deve ser de facto muito frágil! Sem falar na campanha mediática anti-Bruno, sem precedentes, e sem contraditório! É caso para perguntar: - quem tem medo da lei?! Quem tem medo das eleições?! Quem tem medo de Bruno?!

Nota jurídica: A dita 'suspensão', mesmo que a consideremos legítima, só se efectiva depois de esgotados os prazos de recurso a que  qualquer pessoa (menos Bruno) tem direito. No decurso desse prazo o 'suspenso' mantém a sua capacidade eleitoral, quer passiva, quer activa. E aqui a conversa dos estatutos morre perante a lei imperativa. Eu devia ter sido advogado...

sexta-feira, agosto 17, 2018

Os novos adjectivos


Já não são assim tão novos e vieram substituir o famigerado 'fascista', um insulto caído em desuso! Surgiram então uma série de rótulos, ditos em catadupa, e que deixam o visado confuso e a maior parte das vezes paralisado.

A sequência é habitualmente a seguinte: - racista, xenófobo, nazi - e se a vítima ainda estrebucha - leva com o resto do reportório: - homofóbico, sexista e promotor de violências várias! Aliás este pacote já deve fazer parte do ensino obrigatório, das várias comissões de censura, e está presente na linha editorial de qualquer pasquim que se preze! E com nuances de redacção que o próprio Kafka não podia imaginar! 

Começa normalmente assim - não serão publicados artigos de índole racista, xenófoba, homofóbica ou que de qualquer forma promovam a violência! As palavras chave são obviamente - índole e promovam - suficientemente vagas para discriminarem quem muito bem entenderem. Atenção que 'discriminar' também pode ser perigoso. O melhor mesmo é não escrever. Melhor ainda, não ler.


Saudações monárquicas   

domingo, agosto 12, 2018

Comunicado de S. A. R. o Senhor Duque de Bragança


É com grande tristeza que mais uma vez os portugueses assistem ao flagelo dos fogos durante os meses de Verão. Mais uma vez as populações sofrem fisicamente e economicamente as consequências de fogos que são cada vez mais frequentes e de maior intensidade no nosso país.

Este ano tem sido a Serra de Monchique, que está a arder há vários dias, criando um rastro de destruição e desespero nas populações que aí vivem, às quais gostaria de transmitir a minha solidariedade e da minha família.

Não é compreensível que apenas um ano depois da tragédia de Pedrógão a situação se mantenha e que as populações do interior do país continuem desprotegidas. Passou apenas um ano de uma tragédia que matou muitos portugueses e causou grandes perdas económicas e um desastre ambiental.

Os nossos governantes prometeram preparação, mas o que temos vindo a assistir são sistemáticas situações de descoordenação de entidades com responsabilidades na protecção. Depois da repetição de uma situação com esta gravidade, é importante retirar as devidas consequências - políticas e operacionais. É o que os portugueses esperam e merecem depois de uma situação desta gravidade.

É definitivamente necessária uma séria reorganização do espaço florestal que reduza a probabilidade e gravidade deste tipo de situações. Essa reorganização deve partir do Estado e não dos particulares, que em geral não têm capacidade económica para fazer face ao que é necessário. Aliás, no ano passado, um dos piores incêndios aconteceu numa mata propriedade do Estado, o Pinhal d’El-Rei, plantada há sete séculos na região de Leiria.

Quanto aos meios aéreos e terrestres disponíveis, estão longe de ser os mais adequados, segundo as opiniões dos especialistas nacionais e estrangeiros. Não faz sentido por em risco as vidas de quantos combatem no terreno, e não lhes dar as armas necessárias!

Apelo também a uma mobilização dos jovens, que devem ser sensibilizados para esta grave questão e que poderiam dar o seu contributo. Na ausência do serviço militar obrigatório, os jovens deveriam ser incentivados para uma maior participação cívica sendo preparados para ajudar os que combatem estas catástrofes, e outras que poderão acontecer. A generosidade e coragem dos jovens levá-los-á a participar com entusiasmo em iniciativas destas.

Considero a bem dos portugueses e de Portugal que esta situação seja definitivamente encarada como uma das prioridades do país.

D. Duarte, Duque de Bragança

Santar (Nelas), 9 de Agosto de 2018

quinta-feira, agosto 09, 2018

Fogo na serra de Monchique



Quem te viu arder do alto da Fóia
Tem os olhos cansados, perdidos, chorados,
E da fresca serra não guarda memória
Mas isso é outra história
São águas passadas nasciam rebanhos
Havia pastores, moiras encantadas,
de muitos amores
Hoje é um deserto, verde, vegetal
Pronto a ser queimado, sem qualquer pudor
Ao menor sinal, basta haver calor
Tudo planeado, destino traçado,
E se alguém resiste é evacuado
Escurecem os ares, há nuvens de fumo
Gente a discursar e um país sem rumo!

terça-feira, agosto 07, 2018

Acompanhar os fogos!

Acompanhar os fogos é decididamente a nova estratégia para combater os incêndios e fazer política ao mesmo tempo. Tomemos como exemplo o fogo interminável que lavra na serra de Monchique e que tem sido acompanhado, ao segundo, por todas as corporações de bombeiros, ao minuto, por todos os técnicos e protectores civis de que dispomos, e de hora a hora, em cada telejornal, ficamos a saber que quer o primeiro-ministro quer o presidente da república também acompanham. E o português médio fica acabrunhado e interroga-se sobre a inevitabilidade do seu destino! Mas isto vai ser sempre assim?! Metade do ano a preparar a estação dos fogos e a seguir fazemos o respectivo acompanhamento?!

sexta-feira, agosto 03, 2018

Põe gelo nisso...

O interregno precisa de férias. Férias grandes. Não, não vou para a praia com este calor. Os meus antepassados algarvios fugiam do Algarve no mês de Agosto. Como eu os compreendo. Bem, hoje não dá para fugir para lado nenhum... Isto está a piorar. 

quarta-feira, agosto 01, 2018

Um cão de família

Quem nasceu um dia numa Vila de lobos para além do Castro onde corre o rio Laboreiro, reconhece fácilmente um companheiro antepassado. Depois caminhámos para sul e deixámos para trás algumas raízes que hoje nos fazem falta. Aconteceu agora, por feliz coincidência, este feliz reencontro.