É
com grande tristeza que mais uma vez os portugueses assistem ao
flagelo dos fogos durante os meses de Verão. Mais uma vez as
populações sofrem fisicamente e economicamente as consequências de
fogos que são cada vez mais frequentes e de maior intensidade no
nosso país.
Este
ano tem sido a Serra de Monchique, que está a arder há vários
dias, criando um rastro de destruição e desespero nas populações
que aí vivem, às quais gostaria de transmitir a minha solidariedade
e da minha família.
Não
é compreensível que apenas um ano depois da tragédia de Pedrógão
a situação se mantenha e que as populações do interior do país
continuem desprotegidas. Passou apenas um ano de uma tragédia que
matou muitos portugueses e causou grandes perdas económicas e um
desastre ambiental.
Os
nossos governantes prometeram preparação, mas o que temos vindo a
assistir são sistemáticas situações de descoordenação de
entidades com responsabilidades na protecção. Depois da repetição
de uma situação com esta gravidade, é importante retirar as
devidas consequências - políticas e operacionais. É o que os
portugueses esperam e merecem depois de uma situação desta
gravidade.
É
definitivamente necessária uma séria reorganização do espaço
florestal que reduza a probabilidade e gravidade deste tipo de
situações. Essa reorganização deve partir do Estado e não dos
particulares, que em geral não têm capacidade económica para fazer
face ao que é necessário. Aliás, no ano passado, um dos piores
incêndios aconteceu numa mata propriedade do Estado, o Pinhal
d’El-Rei, plantada há sete séculos na região de Leiria.
Quanto
aos meios aéreos e terrestres disponíveis, estão longe de ser os
mais adequados, segundo as opiniões dos especialistas nacionais e
estrangeiros. Não faz sentido por em risco as vidas de quantos
combatem no terreno, e não lhes dar as armas necessárias!
Apelo
também a uma mobilização dos jovens, que devem ser sensibilizados
para esta grave questão e que poderiam dar o seu contributo. Na
ausência do serviço militar obrigatório, os jovens deveriam ser
incentivados para uma maior participação cívica sendo preparados
para ajudar os que combatem estas catástrofes, e outras que poderão
acontecer. A generosidade e coragem dos jovens levá-los-á a
participar com entusiasmo em iniciativas destas.
Considero
a bem dos portugueses e de Portugal que esta situação seja
definitivamente encarada como uma das prioridades do país.
D. Duarte, Duque de Bragança
D. Duarte, Duque de Bragança
Santar
(Nelas), 9 de Agosto de 2018
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