quinta-feira, outubro 29, 2009

Cantiga de guerra e paz (toada brasileira)

Há guerra no Iraque
E bombas em Cabul
Um míssil sem sotaque
Desceu do céu azul
.
Há guerra aqui também
Dispara o teu fuzil
Que eu morro sem vintém
Num morro do Brasil
.
Há guerra em toda a parte
Onde anda o bicho homem
Armado em disparate
O feitor da desordem
.
Precisa nova lei
Precisa outra harmonia
Talvez um novo Rei
E sua monarquia
.
E a Deus Nosso Senhor
Que zela sobre a terra
Pedimos mais amor
Em troca desta guerra.

segunda-feira, outubro 12, 2009

A esquerda unida

Portugal já era dos poucos países onde ninguém perde e todos ganham! Agora ultrapassou outra fasquia, a das vitórias com sabor a derrota! Já tinha sido assim nas legislativas - o PS cantou vitória depois de ter perdido mais de meio milhão de votos e uma série de deputados! Aconteceu ontem com o PSD, indiscutível vencedor das autárquicas, porque de facto é o partido que tem mais autarquias (câmaras e freguesias), mas os seus resultados ficam bem longe dos alcançados em 2005. E está a perder gás a cada eleição. Não fora o precioso auxílio do Partido de Portas, especialmente nas áreas urbanas, e os prejuízos seriam ainda maiores.

Quanto ao PS, limitou-se a capitalizar as percas do seu adversário, tirando partido da bipolarização preexistente. Mas nada de euforias e isso viu-se em Lisboa – nem as sondagens amigas, que durante a semana tentaram desmoralizar Santana, nem as projecções de esquerda ao princípio da noite, conseguiram disfarçar o incómodo de um empate técnico que chegou a perfilar-se! Só a madrugada trouxe alguma paz à ‘frente popular’!

Sim, porque quem ganhou em Lisboa não foi Costa, foi a esquerda unida, num ensaio da futura candidatura presidencial de Alegre. E aquilo está muito justo. Foi preciso fazer tremendos sacrifícios – o PCP perdeu um vereador; o Bloco não elegeu Fazenda; a Intersindical vendeu-se; e Costa traiu-se quando engrossou a voz para repetir – ‘quem não se uniu a nós, perdeu’! Mas afinal, quem é que não se uniu?!

Portanto, o próximo cenário eleitoral parece definido, pelo menos do lado da esquerda: têm candidato, e ficámos a saber quanto valem - um resultado próximo do conseguido por Costa, mas com tendência para descer.
Em relação à direita, que vem avançando através do PP e recuando através deste PSD, a questão reside na capacidade de arranjar um candidato mais forte que Cavaco. E se vale alguma coisa a opinião de um monárquico, Rui Rio poderá ser o homem da quarta república.

domingo, outubro 11, 2009

Selecção com sorte

Confesso que não sou um apaixonado pela selecção do Madaíl, uma selecção do regime, cheia de emigrantes (de luxo) e de imigrantes (oportunistas), como também não alinho no histerismo das bandeiras, excessivamente verdes e encarnadas para o meu gosto. Nesta matéria gosto mais das cores de Portugal. E detesto obviamente a paranóia destes ‘cristãos novos’ da bola, que engravidam os estádios onde joga a selecção, com mulheres, filhos e enteados, mais as beldades da moda, primas e namoradas dos jogadores! É muita coisa para não gostar!
Depois, penso que há um excesso de selecções (e de competições internacionais) fenómeno crescente que transfere para o exterior os centros de decisão da bola indígena. Com todos os malefícios que se conhecem – desvalorização das competições internas, enormes pausas nos campeonatos, enormes prejuízos financeiros para a esmagadora maioria dos clubes, e pior do que tudo, gera o desinteresse nos verdadeiros adeptos do futebol. Aqueles que frequentam o futebol todo o ano e não apenas os jogos da selecção.
Eu até compreendo o ‘fenómeno selecção’, já escrevi sobre isto, trata-se de uma deslocação de interesses, um grito de orfandade política, num povo que sente que não tem mais nada em comum, a não ser a selecção… do Madaíl!
Antigamente sempre tínhamos um Rei, um Rei que nos fez companhia desde os primórdios, um Rei que nos unia, e tínhamos a empresa colectiva da nacionalidade que entretanto mandámos às urtigas. Pode dizer-se que estamos mais divididos do que nunca, e eu, que não uso preservativos para o sentimento, também não uso a selecção para fingir que somos Pátria.
Dito isto, e antes que me digam que isto das selecções é muito bom para o país, para sermos conhecidos lá fora, informo desde já que tenho os meus amigos cá dentro e não tenho esse tipo de necessidades – ser conhecido lá fora!
Quanto a ser bom para o país, não digo que não, porém ainda não senti nada no meu bolso! Nem consta que o nível de vida vá aumentar por causa das vitórias da selecção. Se assim fosse o Brasil teria o melhor rendimento per capita do mundo. E sabemos que não tem.
Claro que deve haver muita gente que vive à conta disto, deste internacionalismo democrático, mas não me parece que sejam os mais necessitados.
Meu Deus, agora reparo que me desviei tanto da selecção que só me resta acabar com a selecção – teve sorte com a derrota da Suécia, fez o trabalho de casa contra a Hungria, e espero que esteja na África do Sul, sempre é uma terra onde deixámos raízes. Num continente onde deixámos a alma.

Saudações azuis

sábado, outubro 10, 2009

Poemas do Interregno

Dai-me um pouco dessa água que bebeis
Que à fonte onde fui ontem já não vou
Contai-me um pouco das histórias que sabeis
Eu vos contarei as minhas e quem sou

Vossa companhia dai-me que eu estou só
E de tão só fugiu-me a felicidade
Arrasei tudo o que tinha feito em pó
Hoje só busco paz e sanidade

E com um pouco desse ar são que exalais
Que pouco a pouco já consigo respirar
Levarei eu firme a vida até jamais
Com a força que me derem a ganhar

Bem Hajam!!!


Ruy Sik


Lido no ‘Porta d’Esperança’, jornal da comunidade Vale de Acór

segunda-feira, outubro 05, 2009

Cinco de Outubro de 2009

Os portugueses gostam de palácios, gostam de príncipes e princesas, mas também gostam de reis e rainhas, desde que não sejam os nossos! Esta aparente contradição não os incomoda e convivem perfeitamente com ela. Assim, delirantes, invadiram o Palácio de Belém, acedendo ao convite do actual inquilino. Inquilino que parece não apreciar os antigos proprietários, pois no breve discurso que fez, não fez outra coisa senão proclamar os ideais republicanos. Sem perceber que afrontava outros ideais.
Concluímos portanto que os ideais republicanos (e a ética) se opõem aos ideais monárquicos, precisamente aqueles que fundaram e consolidaram Portugal! E até fabricaram um Palácio para que o senhor presidente pudesse dizer tais disparates.
Um discurso infeliz mas cheio de boas intenções – um apelo a que nos unamos em torno desses ideais republicanos! Se soubéssemos quais são! E ele saberá?!
Referia-se ao Regicídio! Ou ao golpe que implantou a dita república, regime que nunca foi referendado! Talvez estivesse a pensar na revolucionite aguda da primeira república! E nos seus quarenta desgovernos … em dezasseis anos de regabofe! Ou talvez não, se calhar não contou com a ditadura de quarenta e oito anos! E pensa que o estado novo não era república! Tantas as dúvidas que me assaltam, que o melhor é escrever e perguntar-lhe directamente: - senhor presidente, diga-nos quais são os ideais republicanos e se eles têm alguma coisa a ver com o facto de ocuparmos sistemáticamente os últimos lugares do ranking europeu! Em todos itens de desenvolvimento!
Era sobre isto que gostava que esclarecesse o País, em lugar de afrontar oito séculos de história, ou ofender os monárquicos.
Sem outro assunto…

sexta-feira, outubro 02, 2009

Dois galos na capoeira

Hoje, na Sociedade Civil (canal 2) falou-se de monarquia. Monarquia versus República. Aliás começa a falar-se de monarquia com mais frequência e os recentes desaguisados entre Belém e São Bento terão certamente contribuído para isso.
O debate, bem moderado, reuniu António Reis, grão mestre da maçonaria, Inês Pedrosa, republicana convicta, Adelino Maltez, monárquico da ala liberal e um jovem que representava a Causa Real, e cujo nome me escapou. Mas deixou boa impressão! Bem preparado, bem informado, bem educado, conseguiu até dialogar com a ignorância (e algo mais que a ignorância) da dita Inês, um produto acabado da intoxicação republicana!
Cheio de paciência, o jovem monárquico tentava explicar-lhe que esta crise institucional tem a ver com o regime e não com as qualidades melhores ou piores deste ou daquele presidente da república. Porque é muito difícil arbitrar um jogo em que também jogamos. Não se trata apenas de despir a camisola na tentativa de sermos imparciais. A verdade é que procuramos uma nova eleição e isso obriga-nos a jogar. Mas a Inês não percebeu.
Por isso talvez fosse preferível dar-lhe um exemplo mais simples, mais terra a terra. Inclusivé, um exemplo republicano!
Chamar-lhe a atenção, que no caso português, o conflito institucional entre presidente e primeiro-ministro é inevitável.
Porquê?!
Porque os nossos brilhantes constitucionalistas, os pais da constituição de Abril, nem para a república foram bons! Fabricaram uma coisa chamada semi-presidencialismo, que na prática produz um presidente da república e um primeiro-ministro com a mesma legitimidade democrática! Ou seja, ambos se reclamam de terem sido eleitos pelo povo. Dir-se-á que os deputados é que foram eleitos directamente e que o primeiro ministro é um resultado desse primeiro escrutínio. Mas isso é um sofisma, outro sofisma republicano, porque na realidade os portugueses que foram votar no Domingo, não foram escolher deputados, foram escolher o próximo primeiro-ministro.
Assim, ou até com um desenho, talvez a Pedrosa lá chegasse.

quinta-feira, outubro 01, 2009

O timing dos submarinos!

Inesperadamente vêm à superfície, por coincidência no dia em que o presidente ía falar ao país! Sobre as baixas pressões socialistas.
A este propósito, a primeira página do Correio da Manhã de quarta-feira, dia seguinte à comunicação de Cavaco Silva, é um case study! Incrédulo tive de confirmar a data do jornal. Mas era verdade - a toda a largura, com todo o destaque, só se viam submarinos a derrapar! E num cantinho lá vinha uma referência à comunicação do presidente!
Coincidência ou mera opção editorial!
E tamanha publicidade sobre as buscas, com os media já plantados junto ao alvo, será normal ou os jornalistas íam a passar, viram todo aquele aparato e resolveram espreitar!
Mas a grande coincidência tem a ver com Portas e com a sua retumbante vitória. Aliás, sempre que Portas ganha, ou sempre que a esquerda perde, os submarinos saltam logo da gaveta. Não têm a sorte do Freeport que para sair da gaveta foi um castigo.
Coincidências, claro.