segunda-feira, outubro 12, 2009

A esquerda unida

Portugal já era dos poucos países onde ninguém perde e todos ganham! Agora ultrapassou outra fasquia, a das vitórias com sabor a derrota! Já tinha sido assim nas legislativas - o PS cantou vitória depois de ter perdido mais de meio milhão de votos e uma série de deputados! Aconteceu ontem com o PSD, indiscutível vencedor das autárquicas, porque de facto é o partido que tem mais autarquias (câmaras e freguesias), mas os seus resultados ficam bem longe dos alcançados em 2005. E está a perder gás a cada eleição. Não fora o precioso auxílio do Partido de Portas, especialmente nas áreas urbanas, e os prejuízos seriam ainda maiores.

Quanto ao PS, limitou-se a capitalizar as percas do seu adversário, tirando partido da bipolarização preexistente. Mas nada de euforias e isso viu-se em Lisboa – nem as sondagens amigas, que durante a semana tentaram desmoralizar Santana, nem as projecções de esquerda ao princípio da noite, conseguiram disfarçar o incómodo de um empate técnico que chegou a perfilar-se! Só a madrugada trouxe alguma paz à ‘frente popular’!

Sim, porque quem ganhou em Lisboa não foi Costa, foi a esquerda unida, num ensaio da futura candidatura presidencial de Alegre. E aquilo está muito justo. Foi preciso fazer tremendos sacrifícios – o PCP perdeu um vereador; o Bloco não elegeu Fazenda; a Intersindical vendeu-se; e Costa traiu-se quando engrossou a voz para repetir – ‘quem não se uniu a nós, perdeu’! Mas afinal, quem é que não se uniu?!

Portanto, o próximo cenário eleitoral parece definido, pelo menos do lado da esquerda: têm candidato, e ficámos a saber quanto valem - um resultado próximo do conseguido por Costa, mas com tendência para descer.
Em relação à direita, que vem avançando através do PP e recuando através deste PSD, a questão reside na capacidade de arranjar um candidato mais forte que Cavaco. E se vale alguma coisa a opinião de um monárquico, Rui Rio poderá ser o homem da quarta república.

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