‘Não somos a Grécia’ é a frase
que resolve actualmente os nossos problemas de consciência. Mas a frase não é
feliz. De facto não somos a Grécia, ficamos na outra ponta da Europa, temos outra
geopolítica, mas temos algumas coincidências pouco abonatórias. Por exemplo,
ambos organizámos certames desportivos megalómanos e ruinosos. Nós, o
campeonato da Europa dos estádios vazios, eles, os jogos olímpicos à grande e à
grega, migalhas de um novo-riquismo sem sustentação na realidade. E esta é uma
semelhança que se mantém na mentalidade vigente e que podemos resumir noutra
frase - querer tudo e não querer pagar nada por esse tudo!
Mas há diferenças para a Grécia!
Porém nessas diferenças ficamos mal na fotografia. A Grécia entrou para a união
europeia, e mais tarde para o euro, sem segundas intenções nem enganos – era pobre,
não tinha condições para aderir. Em nome de uma pretensa identidade europeia os
estados ricos forçaram a sua entrada e é o que se vê. Quanto a Portugal o nosso
súbito europeísmo deveu-se às más razões que vamos atirando para debaixo do
tapete! Por pura cobardia abandonámos as colónias à sua sorte e com medo de
cair numa deriva cubana caímos nos braços da união europeia! A partir
daqui foi a fuga em frente! Aderimos e aceitámos tudo – o euro, sem ter
condições para tal, a perda total da independência e o mais que se verá!
Ninguém foge ao seu destino, começámos
com frases, acabamos com uma frase de humor: - "Grécia pode voltar à
dracma mas Portugal continuará com o kuanza”.*
Saudações monárquicas
*) Lido no ‘Inimigo Público’ de
19/6/2015