É provável que os eminentes subscritores da carta exigindo a demissão do governo sejam os mesmos que nos idos de Abril de 74/75, gritavam alegremente, de punho cerrado, abaixo a reacção! Queriam com isso dizer que se deviam afastar todos aqueles que impediam as reformas que a revolução triunfante exigia!
Curiosamente são agora eles os reaccionários!
Com efeito, assaltado o estado, abocanhado o poder, ‘Soares e companhia’ acham-se os donos (perpétuos) do regime! A constituição que fizeram aprovar é sagrada, intocável, e quem não governar segundo os princípios ideológicos que defendem, deve ser sumariamente afastado ou demitido!
Para quem ande distraído, a verdade pode ser outra, mas os factos falam por si. E os factos dizem-nos que um governo que tente fazer alguma reforma que ponha em causa a ideologia ‘laica, republicana e socialista’ é imediatamente apelidado de direita e a direita está proibida de governar em Portugal. A constituição não o diz explicitamente, mas é o que podemos fácilmente deduzir da leitura dos seus mais de trezentos artigos!
O governo tem assim poucas hipóteses de sobreviver, especialmente depois de ter tocado na ‘joia da coroa’, ou seja, no ministério da propaganda, mais conhecido por ministério da educação! Como bem disse Jorge Miranda (um dos pais constituintes) a instrução é nossa (leia-se, da maçonaria) desde o século XIX, e não estamos dispostos a deixar que ela caia outra vez na mão dos jesuítas. A guerra é esta, o resto é conversa.
Assim os meninos vão continuar a aprender que os reis eram maus e que o povo era bom, e outras historietas do género. Até à estupidez final… e fatal. Não estamos longe.
Saudações monárquicas