Passos será indigitado, não tenho
dúvidas, formará governo e se, como tudo indica, cair com base numa moção de
rejeição, as hipóteses que restam ao presidente da república são apenas duas: -
ou manter o governo de Passos em gestão até ser possível convocar novas eleições,
ou dar posse a um governo minoritário do PS, encabeçado por António Costa e
apoiado no parlamento pelo PCP e pelo Bloco de esquerda.
A favor da primeira hipótese o
argumento decisivo prende-se com a legitimidade eleitoral. Os eleitores votaram
sem que lhes tenha sido apresentada previamente a solução governativa que está agora
a ser desenhada. Trata-se de uma ‘frente de esquerda’, uma proposta original,
que em quarenta anos de democracia nunca foi apresentada, havendo por isso a forte
convicção de que se o fosse, os resultados eleitorais seriam diferentes.
A outra vantagem de um governo de gestão seria garantir, com um mínimo de custos, que todo o esforço de contenção
orçamental e todos os sacrifícios pedidos aos portugueses nestes últimos quatro anos não iriam por água abaixo.
Finalmente e ainda no campo das
vantagens, não fica mal lançar aqui um argumento maquiavélico: - se António
Costa desdenha e afasta sempre a hipótese de um governo de gestão… então é
porque o governo de gestão não deve ser assim tão mau.
Os inconvenientes de um governo
de gestão são conhecidos: - não pode prolongar-se por muito tempo, além da
usura que inevitávelmente provocaria na coligação em termos eleitorais.
A favor da segunda hipótese
apenas se vislumbra a sobrevivência política de António Costa. A clarificação
do leque partidário, essa, ficou feita a partir do momento em que Costa preferiu
aliar-se à sua esquerda. É uma vantagem para o futuro mas não pode servir para
comprometer o presente.
Inconvenientes são vários e todos
eles graves. Em primeiro lugar enganar os eleitores desta maneira não é coisa
de somenos. É o próprio regime democrático que está posto em causa. Quanto à
solução governativa, ela é tudo menos estável. Pode durar mas sempre á custa do
aumento da dívida pública. Será um governo reaccionário, incapaz de fazer
qualquer reforma e por isso, o ‘monstro’ a que chamamos estado, tornar-se-á
cada vez maior.
Tem a palavra Cavaco Silva…
Saudações monárquicas
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