Parece que não me tenho enganado
sobre o curso que as coisas vão tomando. Com efeito, tudo leva a crer que Costa
vai copiar o percurso de Tsipras não se importando para isso de esfrangalhar o
PS e comprometer o seu futuro.
O plano é conhecido, trata-se de
ganhar o partido em referendo interno, afastar depois os incómodos e fazer tudo
isso com a garantia de uma indigitação para formar governo.
Beneficia para tanto do lapso
presidencial, que querendo ser tão claro e objectivo no seu discurso pós
eleitoral, acabou por se tornar obscuro. É normal em Cavaco.
É pois Cavaco quem vai ter que
descalçar a bota quando Costa lhe apresentar uma solução governativa dentro do quadro
desenhado pelo próprio presidente da república! Estamos a falar de um governo
minoritário do PS, com a garantia de apoio parlamentar maioritário da CDU e do
Bloco de Esquerda. Governo que espera ter também os votos (patrióticos!) da
coligação naquilo que for ditado de Bruxelas e que o PS (coitado!) terá de
cumprir. Nem Maquiavel conseguiria urdir um plano assim!
Mas, como tudo na vida, aquilo
que se torna demasiado complexo, acaba por ter uma solução simples. Para além do absurdo, da instabilidade e até da desconfiança que tal solução geraria, Cavaco nunca poderá
empossar Costa como primeiro-ministro. Isso seria ir contra a vontade dos
portugueses. A estas eleições, e por muita retórica que se gaste, concorreram
apenas dois candidatos a primeiro-ministro – Passos Coelho e António Costa. Se
os portugueses quisessem que fosse Costa teriam votado nele e no PS. Mas não,
votaram em Passos Coelho e na coligação. O resto é conversa.
Quanto aos votos que foram parar
ao Bloco de Esquerda, a leitura também é simples – são votos ‘gregos’! Não querem sair
do euro mas também não querem cumprir as regras do euro. Por muito que Catarina
Martins se esganice, são votos inconsequentes.
Saudações monárquicas
Nota: É óbvio que faz falta em
Portugal um partido eurocéptico de direita. Um partido nacionalista dentro da
nossa tradição multicultural. Esse partido tiraria muitos votos quer ao PCP
quer ao Bloco de esquerda. E também à abstenção.
Sem comentários:
Enviar um comentário