Como tenho afirmado joga-se nestes dias o destino do regime,
entendendo por regime, a terceira república, a respectiva constituição e o seu semipresidencialismo.
Para além de outros desastres anunciados. Não é por acaso que Mário Soares se tem
mantido num prudente silêncio!
Expliquemo-nos. O semipresidencialismo português tem resultado graças a um conjunto de circunstâncias irrepetíveis,
a saber: - todos os presidentes constitucionais, à excepção de Cavaco Silva, ou
foram protagonistas da revolução ou têm um passado esquerdista. Esse facto, em
momentos crise, tem proporcionado um razoável relacionamento com a assembleia
da república. Assembleia onde predomina o pensamento de esquerda, incluindo nessa
esquerda os sociais-democratas espalhados pelo PS e pelo PSD.
Surge agora um primeiro momento de grande fricção
constitucional e que vai pôr á prova o famoso semipresidencialismo. E não tenho
dúvidas, trata-se de mais uma máscara de Abril que está prestes a cair. Só há semipresidencialismo quando convém. Desde logo nas interpretações literais
da constituição como se ela fosse um corpo morto à nascença. Pois se está morta
enterrem-na!
Depois todo esse coro de comentadores que todos os dias
limitam os poderes presidenciais, e a respectiva capacidade de manobra! Como se
ele fosse um autómato, um boneco articulado!
E termino com um repto à Jerónimo de Sousa – Cavaco Silva só
dará posse a António Costa se quiser!
Se não o fizer defenderá o regime, fará jus ao
semipresidencialismo constitucional, que só é entendível à luz de um acordo
entre a vontade do presidente e a vontade da assembleia. Não basta dizer que se
aceita a indigitação de Passos Coelho para logo a seguir rejeitar o seu programa
de governo. Porque quem votou Passos também votou para ele governar.
Saudações monárquicas
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