quarta-feira, outubro 14, 2015

Manual de sobrevivência

Se, depois de todas as manobras efectuadas, ainda assim não conseguir ser indigitado primeiro-ministro, não votarei nenhuma moção de rejeição e deixarei passar o orçamento da coligação. Fico entretanto na expectativa que o governo renuncie por falta de condições. Se não renunciar teremos de o ajudar a cair na primeira oportunidade. Num primeiro erro que cometa. 

O presidente da república há-de então intervir e não podendo convocar eleições, das duas uma: - ou mantém o governo em gestão até Abril/2016 ou deixa-me governar com a garantia de completar a legislatura. Para isso conto com as juras do PCP e do Bloco e com o patriotismo da coligação. Se o presidente anuir, o meu futuro está garantido.

No princípio adiarei todas as medidas que possam fazer faísca à esquerda. Farei isso até onde me for possível. Depois sossegarei os mercados e o país com uma forte guinada à direita invocando os compromissos europeus que sempre disse respeitar. A coligação será então obrigada a apoiar-me e porei em prática a política que consta do documento facilitador. Ouvirei insultos de traição à esquerda e de oportunismo à direita, mas num ´país de costas', Costa sou eu!

Portanto a única opção que me poderá tramar a vida será o presidente manter o governo em gestão até ao próximo acto eleitoral. Aí temo que o confronto eleitoral entre uma frente esquerda e uma coligação de direita, seja desfavorável à esquerda. E mesmo que não fosse seria má para o PS. Era o fim da terceira república.


Saudações monárquicas

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