segunda-feira, dezembro 05, 2016

Parole, parole, parole…

Tão novinho e já com tanto paleio! É a imagem que fica do italiano Renzi que dentro da melhor tradição socialista queria domesticar a democracia e reduzir a Itália a uma campina rasa e devidamente centralizada. É no fundo a ideia liberal, napoleónica, estalinista, de um homem, um voto, e depois mandamos nós, os ‘eleitos’, e o rebanho que vá pastar! Mas de que tratava então o referendo italiano?! Nada de especial e só me dou ao trabalho destas linhas porque pelas notícias e pelos comentários não se fica a perceber patavina! Ora bem, o nosso Renzi quis (e quer) fazer uma reforma constitucional visando acabar com os ‘riscos’ do ‘populismo’! E o que é o ‘populismo’?! O ‘populismo’ para a esquerda bem pensante é tudo aquilo que democraticamente a possa arredar do poder. A democracia em última análise é sempre um ‘populismo’ se os resultados forem contra as suas expectativas. São assim ‘populismos’ a decepção do Brexit, a vitória de Trump, a ameaça conservadora em França, a hipótese Grilo em Itália, etc.! Uma das soluções previstas para contrariar o povo seria uma emenda na lei eleitoral seguindo o exemplo grego que atribui uma percentagem adicional de votos a quem fica em primeiro lugar nas eleições. E assim, por acrescento, acabavam-se com regionalismos inúteis que só atrapalham os grandes líderes do futuro! Como Renzi pensa que é.

Já perceberam?! Eu também não. Mas posso perceber que em Portugal nada disto é necessário porque nós já fizemos esta reforma há muito tempo! Por essa reforma fomos dispensados de nos pronunciarmos sobre a adesão à união europeia, ao euro, ou a qualquer outro assunto de interesse nacional! 'Eles' decidem por nós. Em contrapartida temos coisas boas. Por exemplo, ainda é possível assistir ao vivo, em Almada, a uma encenação do comité central do Partido Comunista Português como se estivéssemos em Moscovo na revolução de Outubro! Não me digam que isto não é bonito! Parece um filme!


Saudações monárquicas

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