Não
há dúvida que este Brexit fez disparar os alarmes da nação! E o
embaixador encalhado em Bruxelas, apercebe-se que não há marcha à
ré, a nau inglesa está mesmo de partida! Apesar de todas as
manobras, de todos os males que lhe vaticinam, desde a desunião do
reino, à fronteira da Irlanda, à independência da Escócia, eu sei
lá, como se alguém se preocupasse tanto com o mal dos outros!
O
problema do embaixador no entanto era outro. E pergunta-se, o que vai
ser de nós, nós que embarcámos nesta união sem plano B, em fuga
ao nosso destino, às nossas responsabilidades, e agora, mais
periféricos do que nunca, como vamos recuperar a centralidade
perdida?!
Começa
a delirar, revisita a história, o período filipino, a memória
napoleónica, o bloqueio continental e acorda. Foi um pesadelo. O
euro existe, é irreversível, e neste mundo tecnológico, global,
quem precisa de mar e de navio?! No entanto esta ideia de termos a
velha aliada como concorrente e talvez adversária numa eventual
disputa com o eixo franco-alemão não lhe agrada. Pensa também nas
ex-colónias, no pedido de Angola para entrar na Commonwealth
(Moçambique já era) e uma ruga franze-lhe o sobrolho.
Afasta
a ideia, liga a televisão, o futebol ocupa todos os canais, fala-se
de Ronaldo e dos treinadores portugueses, os grandes navegadores da
era digital! Jesus está no Flamengo e recoloniza o Brasil, Queiroz
que andou pelas arábias é um deus na Colômbia e tantos outros
espalhados pelo planeta transformando todas as verdades numa só: –
o mundo é uma bola de futebol!
Está
na hora de chamar o 112, concluiu o embaixador.
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