domingo, janeiro 24, 2010

A história a vir ao de cima!

“Foi por um excesso de iluminismo que se produziu o obscurantismo” – a frase é de Rui Ramos, co-autor de uma História de Portugal (num só volume) que promete destruir alguns mitos regimentais e fazer vir à superfície algumas verdades convenientemente sepultadas.
Sobre a decadência atribuída à Monarquia e à Igreja (teorias importadas da Europa continental) esclarece que o país sempre foi pobre de recursos e que
“no momento decisivo do salto em frente no século XIX… também não tínhamos gente preparada, gente letrada em quantidade suficiente”.
Sobre as razões deste atraso em relação aos países que entretanto se desenvolveram, Rui Ramos diz o seguinte: -

“Há é uma outra explicação que nunca é referida: nenhum desses países que conseguiram uma alfabetização de massas durante o século XIX o fez contra a Igreja; foi sempre em articulação com ela. Ora em Portugal, primeiro com os liberais, a partir de 1820, e depois com os republicanos, o estado não só tentou alfabetizar a população contra a Igreja, como entendia que a alfabetização era um veículo para substituir a educação religiosa por uma educação cívica formatada em Lisboa. As ordens religiosas, que em muitos países foram fundamentais para criar uma rede de escolas, em Portugal não podiam sequer ensinar a ler durante a Monarquia constitucional. Ou seja, tínhamos na Igreja uma instituição que podia ter sido fundamental para a alfabetização da população e preferimos chamar tudo para a alçada do Estado, que não tinha recursos e, portanto, falhou.”

A entrevista continua interessante e arrasadora para o pensamento oficial. Que afinal continua a pensar (e a errar) da mesma maneira.


Saudações monárquicas (pouco liberais)
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.Fontes:
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- Entevista no 'ípsilon', caderno do Público de 22/Janeiro/2010, levada a cabo por José Manuel Fernandes.
- 'História de Portugal', da autoria de Rui Ramos, Bernardo Vasconcelos e Sousa e Nuno Gonçalo Monteiro.

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