sexta-feira, fevereiro 22, 2008

Crisis! What crisis?!

Parece-me que era assim que se chamava um dos álbuns dos ‘Supertramp’, lembrança que me permite revisitar os meus vinte anos, vá lá, vinte e tal! Na capa, recostado numa cadeira de praia, em traje de praia, um homem tomava turisticamente uma bebida qualquer, por uma palhinha. Nada de anormal, a não ser a paisagem que o rodeava, uma espécie de lixeira! Isto lembra-me a contradição entre os discursos de Sócrates e a nossa realidade. Por exemplo, o jornal ‘Público’ publicava hoje o seguinte título: “Portugal à beira de crise social de contornos difíceis de prever, considera a Sedes” – e prossegue – “Associação alerta para falta de confiança nos políticos e presença asfixiante do Estado na sociedade”. Em letra mais miúda, resume: “O (Estado) demite-se do seu dever de isenta regulação, para desenvolver duvidosas articulações com interesses privados, que deixam um perigoso rasto de desconfiança”. Ora bem, independentemente da credibilidade que queiramos atribuir àquela Associação, o que ela diz todos nós sabemos, todos nós sentimos esse “difuso mal-estar”, a “degradação da confiança no sistema político”; os “sinais de crise nos valores”, e da minha lavra, uma comunicação social domesticada, afunilada; a criminalidade que aumenta ao ritmo da impunidade, sinónimo de injustiça, que é a pior das doenças do Estado.
No extremo oposto, aparece o primeiro-ministro, optimista, com ou sem fato de treino, a reclamar progressos, melhorias, incentivando os portugueses a deixarem-se ‘modernizar’ por ele, o grande timoneiro que nos há-de arrancar das trevas!
Mas como é que podemos ter confiança no sistema político, e neste governo, quando numa questão tão delicada quanto óbvia, refiro-me aos aviões que terão aterrado em Portugal a caminho de Guantanamo, a primeira palavra que se ouve de Sócrates é um não, a que se acrescenta uma caricata justificação - “não temos razões para acreditar nessa possibilidade”!
Enfim, continuamos com os ‘supertramp’, de óculos escuros e palhinha, refastelados na lixeira!

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