domingo, março 09, 2008

Duzentos anos depois…

Enquanto os dois Silvas cavaqueavam no imponente cenário da Real Biblioteca do Rio de Janeiro, a nossa ‘cavaquita’ folheava distraidamente a sua ignorância, num livro que provavelmente dava conta do sucedido…

“… O porto encheu-se de barcos de pesca e os que queriam saudar a família real alinhavam-se no cais. Entre a multidão encontrava-se a figura franzina de Luís Gonçalves dos Santos, um padre brasileiro… que acabaria por escrever um detalhado relato da estada da família real na sua cidade natal.

“Faltavam dois minutos para as três, de uma tarde muito fresca, bela e agradável, daquele que seria para sempre um dia memorável, 7 de Março (1808), e que desde a madrugada, o próprio sol nos tinha anunciado como um dos mais afortunados para o Brasil… como se regozijaria por testemunhar a entrada triunfante do primeiro soberano da Europa na mais afortunada cidade do Novo Mundo”…
“ao som destas salvas de saudação, que podiam ser ouvidas num raio de quilómetros, e do alegre repicar dos sinos das igrejas, todos exultavam, e homens, mulheres, velhos e crianças corriam ansiosos por verem a extraordinária entrada da esquadra real.”

“No dia seguinte, a família real desembarcou. Fez-se um silêncio reverente quando o bergantim se moveu lentamente da frota para o embarcadouro. Atracou em frente da praça principal – uma clareira pavimentada a granito – que dava para a baía onde, no topo de uma rampa, tinha sido montado um altar. Chegada ao altar, a família real prostrou-se e foi aspergida por uma leve chuva de água benta. Daí, sob o palio, a comitiva caminhou numa lenta procissão, através da praça, para a catedral carmelita onde se rezava e dava graças pela conclusão bem sucedida de tão longa e perigosa viagem…”.

Louve-se, apesar de tudo, a memória dos dois países irmãos que tudo fizeram para abrilhantar a celebração deste acontecimento, e à qual faltou apenas a presença de um pai.

Fonte: Excerto da obra de Patrick Wilcken – “Império à deriva”.

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