sábado, junho 21, 2008

A geração dos euros

“Logo ao abandonar o estádio de Basileia, Cristiano Ronaldo disse aos jornalistas: “As possibilidades de ir para o Real Madrid são grandes.” Digo-lhe eu: “Nas tintas!” A última coisa que me apetece saber no enterro de um amigo é que um vizinho arranjou um emprego (ou uma namorada) do caraças. Nos enterros podem contar-se anedotas, para desanuviar, mas é de bom tom não falar de felicidades próprias. Mais, é de um grande topete! Já há dias, o seleccionador francês Raymond Domenech tinha escolhido os minutos a seguir à derrota da sua equipa para dizer, virado para as câmaras, à sua namorada: “Estelle queres casar comigo? Mas o que é que subiu à cabeça destas estrelas? Pensam que somos tansos que gravitam à sua volta? Não! Nós somos tansos que gravitam à sua volta enquanto eles pairarem nas alturas. Na hora da derrota esperem só duas atitudes: dos melhores de nós, um aborrecimento respeitoso; dos piores, um despeito e vontade de vos morder as canelas. Não esperem que com a alma amarfanhada abanemos a cauda de contentamento: “Olha, perdemos o Europeu mas o Cristiano lá vai para o Madrid!” Cristiano Ronaldo: dê-me uns dias para voltar a estar fascinado com o seu sucesso. Hoje, não estou.”

Com a devida vénia – Ferreira Fernandes in Jornal ‘O Jogo’ de 21/06/08.

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