terça-feira, outubro 18, 2011

Santa paciência!

Oh, Vítor (Gaspar), tu não tens culpa, és um mero feitor da ‘coisa pública’, atiraram-te para a frente do toiro, e tens que pegar o défice pelos cornos! Eu percebo a urgência, se não for assim não nos emprestam o dinheiro para sustentar a ‘coisa pública’. O problema é que a ‘coisa pública’ não é pública, não é de todos os portugueses, pertence a uns quantos, que a usam em seu belo proveito. Claro, homens honrados, cheios de ética republicana!

Eu sei Vítor, tiveste alguma coragem, atacas-te finalmente a tal gordura, mas pegaste o toiro de cernelha, e na cernelha arrancas-te carne verdadeira. A carne seca das magras reformas. Havia outra maneira, e tu sabes qual era – o tecto, Vítor, estabelecer um tecto nas remunerações (e reformas) da função pública. Essa é que era a pega de caras.
E qual seria o tecto?! Se me fazes a pergunta assim eu respondo-te com outra pergunta. Vá, vamos raciocinar os dois em voz alta (como gostas de responder!) – quanto é que podes pagar em média aos 750.000 funcionários que recebem directamente do orçamento de estado? Ou melhor, quanto é que achas que podes pedir emprestado ao estrangeiro (a juro alto), mês após mês para ficar tudo na mesma?! Tu é que sabes, tu é que és o feitor deste regime.

E por falar em regime julgo que tens consciência que ainda não chegámos às reformas estruturais, e é isso que me preocupa, e preocupa os credores. Aliás essa é uma exigência da troika. Eles sabem (até para segurança dos seus créditos) que sem reformas estruturais Portugal não vai a lado nenhum, nem estará em condições de pagar o que deve.
Vítor, tu és inteligente e sabes que as reformas estruturais têm a ver com alterações de natureza política. Têm a ver com alterações constitucionais e nessas ninguém quer ouvir falar. Mas sem essas alterações Portugal não muda para melhor.
Vamos continuar a raciocinar em voz alta: - por exemplo, a propósito das funções do estado, tu achas que a educação deve ser entregue a funcionários públicos? Funcionários aos milhares, e quer sejam competentes ou incompetentes, não podem ser despedidos?! Consegues perceber esta fixação na educação pública a não ser para propaganda do regime e dos seus ideais, obviamente partidários?! O que se disse para a educação pode alargar-se a outras áreas onde o estado deve intervir, mas apenas para fiscalizar ou regular a respectiva actividade. Fiscalizador implacável mas imparcial. Em nome da coisa pública.
Portanto, Vítor, controla lá o défice, mas não te esqueças das reformas estruturais.

Saudações monárquicas

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