domingo, dezembro 26, 2021

'Orgulhosamente sós'!

 

Num partido que se assume conservador, Edmund Burke faz escola: «A sociedade é de facto um contrato (…) entre os que estão vivos, os que estão mortos e os que estão por nascer» (1790). Nunca um período histórico foi tão bom, que tudo se aproveitasse, nem tão mau, que tudo se condenasse. A cultura cívica é filha dos que estabelecem compromissos equilibrados entre a tradição e a modernidade, quando esta não humilha ou rompe com aquela, tal como filhos e netos que sabem ser diferentes respeitando pais e avós, a longa continuidade do tempo.

(O Interregno) – Concordo, mas falta a menção ao garante daquele contrato. Que só pode ser o Rei, figura humana da Pátria, vínculo permanente entre o passado, o presente e o futuro. A solução republicana já provou que não consegue representar (honrar) o dito contrato.

DEUS: o Chega combate a esquerda pelo que é: um cadáver moral. A ordem moral de matriz milenar judaico-cristã e greco-romana, que orientou a sociedade portuguesa por séculos, foi subvertida pela esquerda que, desde 1974, sobrevaloriza a solidariedade social com a consequente menorização da autorresponsabilidade. Tal subversão alimentou a popularidade dos socialismos, mas também os seus vícios: corrupção, parasitismo social, subsidiodependência, má governação, desastre económico. Reformar a moral social é saber que deve ser sempre a autorresponsabilidade a subjugar a solidariedade, nunca o inverso, ainda que ambas sejam fundamentais. Neste detalhe reside o sucesso ou o fracasso de Portugal. A 30 de janeiro a moral social vai a votos com o Chega solitário no campo reformista.


PÁTRIA: a marca do atual regime é o recalcamento dos sentimentos de filiação à nação e à pátria. O Chega apresenta-se a eleições para quebrar esse interdito, e encerrar o ciclo de racialização da sociedade, por não tolerar a humilhação da História de Portugal cujas consequências atingem a dignidade da identidade étnica e racial dos portugueses na sua terra ancestral. É tão condenável a «discriminação negativa» (contra as minorias) quanto a «discriminação positiva» (em prejuízo da maioria), fórmulas de controlo da vida social esgotadas por nunca gerarem pacificação, coesão ou justiça social. Portugal nunca prosperará com regimes que desonram a nação, a pátria e a sua história.


FAMÍLIA: vivemos no rescaldo de um ciclo histórico de sobreposição abusiva do Estado sobre a Sociedade, e os laços familiares foram os mais sacrificados em nome dos socialismos. O Chega vai a eleições para recolocar a família no lugar histórico e civilizacional que é o seu, assegurando-lhe o reforço da natalidade, liberdade de educação ou proteção do património familiar de modo a reequilibrar a relação entre a Sociedade (primeiro) e o Estado (depois).


(O Interregno) – a família ancestral, aquele núcleo que construiu Portugal, teve sempre representação política. A família real, às vezes melhor, outras vezes pior nunca deixou de ser a inspiração de todas as outras famílias. Pois bem, sabendo que aquilo que não tem representação política acaba por desaparecer, está aí uma boa explicação para o declínio da família tradicional.


(…)

ORGULHOSAMENTE SÓS: o Chega avança para as eleições legislativas com a consciência da solidão no campo político da direita, o único capaz de impor mudanças em nome da democracia, justiça social e prosperidade económica.


Nota: Excerto de um texto da autoria de Gabriel Mithá Ribeiro, ideólogo do Chega e notável pensador da direita. Resume o essencial do programa eleitoral do Chega onde tomei a liberdade de inserir dois comentários da minha lavra (Interregno). O texto integral está publicado no Observador.

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