quinta-feira, outubro 11, 2007

Sucessão republicana

Quando já nada existe em comum, para além do ritual dos gestos vazios, quando a língua em que nos entendemos é apenas uma facilidade de comunicação caída do céu, o regime republicano não tem outro remédio senão disfarçar-se numa sucessão de repúblicas sempre novas e sempre gastas. Faz isto por querer e sem querer, e assim todos os elos se desfazem e vão desaparecendo. Sem querer, porque não consegue perceber aquilo que é elementar, que cada comemoração do dia da república corresponde a um juizo negativo sobre o regime monárquico que nos deu o ser e construíu toda a nossa identidade. Por querer, quando promove regicidas, quando atenta contra a vida dos indefesos, quando quer afirmar uma ‘religião’ laica contra a tradição do catolicismo, quando finalmente se demite do esforço colonizador e missionário, serviço universal que nos justifica como pátria livre e independente. Porque todos estes princípios são diáriamente denegridos e postos em causa pelo poder republicano, deixámos de acreditar no passado, e também por isso não confiamos no futuro, por mais simpáticos que sejam os dois primeiros-ministros que elegemos. Numa previsão breve e com pouca margem de erro a quarta republica que se adivinha, apenas difere da terceira porque para manter as aparências precisa de mais autoridade e menos liberdade. Portanto é sem surpresa que assistimos à governamentalização da justiça, ao controle dos media, à ausência de verdadeira oposição no Parlamento, em suma, vamos ter uma quarta república que promete ter todos os defeitos do salazarismo sem as virtudes de Salazar! Este tinha uma ideia para o país coisa que os actuais proprietários do poder não têm, nem querem ter. A união europeia que nos governe. Quando ela acabar e quando acabar logo se vê! Entretanto Sócrates e Cavaco vão dourando a pílula... que temos de engolir.
Saudações monárquicas.

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