Uma qualquer maioria, ocasional, qualificada, umas centenas
de deputados, eleitos sabe se lá como, representantes, sabe-se lá de quê, podem, amanhã, ou mesmo hoje, decretar a minha morte. Os motivos não
interessam, um crime sem perdão, uma má formação congénita, adquirida, uma doença
incurável, o veredicto da ciência, em última análise, o meu sofrimento, insuportável,
numa sociedade que não tolera a dor!
Como antigamente na lei da selva, onde os fracos eram
eliminados, como no futuro que nos prometem, onde só cabe a perfeição!
Alguns,
em desespero de causa, reclamam do rei, uma última oportunidade para serem
livres! Livres desta democracia que mata. Mas o soberano, representante dos que nos antecederam, uma imensa maioria, e segurança para os que hão-de vir, já não tem poder algum.
Foi-lhe retirado. Quem manda, quem lhe retirou o poder, tem outros planos para
a humanidade, a saber: - o céu na terra! Sem imperfeições e sem dor.
É este o paraíso que nos espera. É este o interregno de que
vos tenho falado.
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