Não é fácil carregar aos ombros a orfandade de dez milhões de pessoas! Dez milhões de deserdados cuja herança se resume a uma selecção de futebol! Dez jogadores comandados por um génio obrigado a fazer milagres em todos os jogos! Depois, para piorar a situação, existem à volta da selecção uma infinidade de interesses, uns mais legítimos que os outros, mas que todos juntos ainda tornam mais difícil, e mais pesado, aquele fardo. Falemos um pouco disto tudo:
Sobre a orfandade, já falámos - perdida a identidade com o assassinato do rei, sem remorso, e perdida a com-propriedade com a perda do império, com fortes sinais de cobardia e traição, pouco temos em comum, para além da língua, que aliás estamos em vias de hipotecar.
Sobre os símbolos - a bandeira verde e encarnada e o hino das brumas da memória - são símbolos de um regime, não são símbolos de Portugal. Portugal é maior e mais antigo que a republica maçónica portuguesa. A população, intoxicada com a propaganda, não percebe e, ingénuamente, consome tudo o que lhe impingem. E o futebol, desporto de massas, é o palco ideal para essa mesma propaganda. Por isso não me espanta, quer o endeusamento dos jogadores, quer a comemoração esquizofrénica das derrotas! Como se de vitórias se tratassem!!!
Portanto, a coisa não está fácil. O único conselho que me atrevo a dar é o seguinte: vejam o futebol, mas aquilo é só futebol. E no futebol, a Alemanha é sempre a Alemanha. Mesmo na Baía onde chegámos há quinhentos anos!
Saudações monárquicas
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