quarta-feira, abril 04, 2018

Memórias do deserto

A propósito da recente ‘limpeza da floresta’ decretada pelo governo, Rui Ramos escreveu um artigo de leitura obrigatória para quem quiser conhecer verdadeiramente a realidade dos incêndios. A realidade para além da propaganda e dos interesses instalados. Sob o título – Dr. António Costa, não se esconda na floresta – aqui se transcreve um excerto do referido artigo:

“As populações rurais estão a ser pela segunda vez vítimas das políticas florestais do Estado. A primeira vez foi com a arborização dos séculos XIX e XX; agora é com a ´limpeza’, depois dos incêndios do ano passado. Da primeira vez, a florestação privou os habitantes do campo do uso das serras e baldios onde recolhiam combustível e pastoreavam gado. O chamado ‘regime florestal’ condicionou severamente a vida nos campos, limitando os direitos dos proprietários. No romance - Quando os Lobos Uivam – Aquilino Ribeiro descreveu a decorrente guerra entre as populações e o Estado.

Entretanto, a população trocou os vales e as montanhas pelos subúrbios de Lisboa ou de Paris. A floresta, inaugurada pelo Estado, alastrou sem qualquer controle, sob a forma de um mato cerrado de pinheiros e eucaliptos, cercando e apertando estradas e casas. Das antigas comunidades rurais, restam sobretudo reformados, em aldeias semi-desertas. Para estes, chegou agora uma nova agressão florestal, sob a forma técnica e legalmente discutível da obrigação de ‘limpar’ os terrenos, sob a ameaça de multas que, para muitos, será equivalente a uma expropriação. Porque é que a história da floresta em Portugal tem que ser uma história ignóbil, independentemente do regime político?
(…)”


O artigo completo pode ser lido no Observador de 23 de Março de 2018.


Saudações monárquicas 

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