A propósito da recente ‘limpeza da floresta’ decretada pelo governo, Rui Ramos escreveu
um artigo de leitura obrigatória para quem quiser conhecer verdadeiramente a
realidade dos incêndios. A realidade para além da propaganda e dos interesses instalados.
Sob o título – Dr. António Costa, não se esconda na floresta – aqui se
transcreve um excerto do referido artigo:
“As populações rurais estão a ser pela segunda vez vítimas
das políticas florestais do Estado. A primeira vez foi com a arborização dos
séculos XIX e XX; agora é com a ´limpeza’, depois dos incêndios do ano passado.
Da primeira vez, a florestação privou os habitantes do campo do uso das serras
e baldios onde recolhiam combustível e pastoreavam gado. O chamado ‘regime
florestal’ condicionou severamente a vida nos campos, limitando os direitos dos
proprietários. No romance - Quando os Lobos Uivam – Aquilino Ribeiro descreveu
a decorrente guerra entre as populações e o Estado.
Entretanto, a população trocou os vales e as montanhas pelos
subúrbios de Lisboa ou de Paris. A floresta, inaugurada pelo Estado, alastrou
sem qualquer controle, sob a forma de um mato cerrado de pinheiros e eucaliptos,
cercando e apertando estradas e casas. Das antigas comunidades rurais, restam
sobretudo reformados, em aldeias semi-desertas. Para estes, chegou agora uma
nova agressão florestal, sob a forma técnica e legalmente discutível da obrigação
de ‘limpar’ os terrenos, sob a ameaça de multas que, para muitos, será equivalente
a uma expropriação. Porque é que a história da floresta em Portugal tem que ser
uma história ignóbil, independentemente do regime político?
(…)”
O artigo completo pode ser lido no Observador de 23 de Março
de 2018.
Saudações monárquicas
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