sábado, abril 24, 2021

A lembrança das datas!

 

Quando falamos de datas a primeira coisa que devemos saber é que elas têm dono. Se são muitos, se são poucos, se a generalidade da população se identifica com elas, isso é outra história. No caso de datas que celebram guerras civis, tenham elas cravos ou não, haverá sempre uma parte da população que não terá muita vontade de participar no desfile da 'vitória'. Isto parece-me lógico e acessível a qualquer inteligência.


Dando algum desconto posso excluir desta lógica aquelas datas longínquas que a memória de certo modo alterou ou dissolveu, apagando ao mesmo tempo a fotografia do dono original. É nesta perspectiva, por exemplo, que imagino dois franceses a desfilarem alegremente, ombro a ombro, nas cerimónias do dia nacional de França havendo a possibilidade real do tetra avô de um deles ter executado o tetra avô do outro! A falta de memória e a ignorância têm destas coisas.


Nada disto porém se aplica ao 25 de abril de 1974. Invocar amnésia ou desconhecimento não é possível relativamente a factos que ocorreram há pouco mais de quarenta anos! A verdade aqui é cristalina: - o 25 de abril foi um golpe militar de esquerda que levou ao poder o partido socialista. É ele o dono do regime desde essa data. Fugir disto é fugir aos factos. Querer desfilar com os donos do 25 de Abril não comungando dos valores socialistas é um absurdo e uma patetice. Querer recuperar* uma data irrecuperável é um erro. Irrecuperável porque por mais voltas que a gente dê, o 25 de Abril estará sempre associado às vítimas da descolonização (que ainda hoje nos pesam na consciência) e ao estado exíguo e dependente em que nos transformámos. Um protectorado sem futuro.


Quem quiser celebrar isto, faça favor.



Saudações monárquicas



* Alguns monárquicos também andam há tempos a tentar recuperar o cinco de Outubro associando-o à fundação de Portugal no século doze! É uma tarefa inglória. O cinco de Outubro terá sempre a ver com implantes e repúblicas postiças.

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