“O mito é o nada que é tudo. O mesmo sol que abre os céus, é um mito brilhante e mudo – o corpo morto de Deus, vivo e desnudo. Este, que aqui aportou, foi por não ser existindo. Sem existir nos bastou. Por não ter vindo foi vindo e nos criou…”!
Fui buscar este passo da Mensagem que Fernando Pessoa dedica a Ulisses, para ilustrar o meu pensamento acerca do recorrente interesse pelos restos mortais de Afonso Henriques.
Nada tenho contra a ciência, compreendo até a infantil confusão com a divindade, mas não suporto este permanente devassar do sagrado, a falta de respeito pelos mortos, o insulto à inteligência, prometendo o mistério da vida na última descoberta de um tubo de ensaio!
Esta polémica sobre o túmulo do primeiro Rei de Portugal é um bom exemplo de interregno, da desconfiança que se instalou entre nós, do divisionismo crescente que já não poupa sequer o Fundador da nacionalidade!
Que osteoporose se pretende afinal descobrir, que já não tenha sido descoberta noutros contemporâneos?! Passaremos a exibir pelos salões os nossos retratos fúnebres e terminais?! Estamos a falar de cadáveres ou de pessoas que morreram?!
Diz-se que Dom Sebastião, em vésperas de partida para o norte de África, terá mandado abrir o túmulo de Afonso Henriques de lá retirando a espada ancestral, que levou consigo e consigo desapareceu na tarde funesta de Alcácer Kibir.
Se assim foi, fica-me a consolação e a certeza que o motivo invocado pelo infeliz Rei para abrir aquele túmulo, que é o berço onde continuamos a nascer, terá merecido, e ainda merece, a aprovação de todos os portugueses.
Fui buscar este passo da Mensagem que Fernando Pessoa dedica a Ulisses, para ilustrar o meu pensamento acerca do recorrente interesse pelos restos mortais de Afonso Henriques.
Nada tenho contra a ciência, compreendo até a infantil confusão com a divindade, mas não suporto este permanente devassar do sagrado, a falta de respeito pelos mortos, o insulto à inteligência, prometendo o mistério da vida na última descoberta de um tubo de ensaio!
Esta polémica sobre o túmulo do primeiro Rei de Portugal é um bom exemplo de interregno, da desconfiança que se instalou entre nós, do divisionismo crescente que já não poupa sequer o Fundador da nacionalidade!
Que osteoporose se pretende afinal descobrir, que já não tenha sido descoberta noutros contemporâneos?! Passaremos a exibir pelos salões os nossos retratos fúnebres e terminais?! Estamos a falar de cadáveres ou de pessoas que morreram?!
Diz-se que Dom Sebastião, em vésperas de partida para o norte de África, terá mandado abrir o túmulo de Afonso Henriques de lá retirando a espada ancestral, que levou consigo e consigo desapareceu na tarde funesta de Alcácer Kibir.
Se assim foi, fica-me a consolação e a certeza que o motivo invocado pelo infeliz Rei para abrir aquele túmulo, que é o berço onde continuamos a nascer, terá merecido, e ainda merece, a aprovação de todos os portugueses.
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