Quando me lembro da decadência, olho para mim e penso no meu país! Mas logo a seguir penso na França, e concluo que a expressão decadência tem ali o seu sinónimo e paradigma.
É fácil definir a decadência, é um sentimento de perca, é também um facto que se pode medir, no caso francês, através de um índice insofismável – a língua francesa foi veículo universal de cultura até há bem pouco tempo, e hoje já não é.
Só reparamos que já não é, de repente, mas o declínio começou há muito tempo. Atrevo-me a situar uma data que por certo provocará ira e controvérsia – a tomada da Bastilha, marco de uma luta fratricida que a França celebra como seu dia nacional, o que não deixa de ser um paradoxo.
Estas considerações vêm a propósito das recentes eleições francesas ganhas por Sarkozy como poderiam ter sido ganhas por Ségolene, não foi isso que me impressionou! O que me chamou a atenção foram dois pequenos nadas que contrariam a versão oficial do acontecimento:
Assim, onde os analistas viram sinais de esperança pela enorme participação popular, eu vi desespero! A última ilusão para quem ainda não percebeu que o sufrágio não é um fim em si mesmo, mas apenas um meio para atingir um fim, que nenhum dos candidatos estava em condições de garantir. Apesar disso, os franceses entregaram-se ao sufrágio como um condenado aceita a sua pena. Votaram como se vota no terceiro mundo, em massa, mecanicamente, sabendo de antemão que a sua vida não mudará um milímetro.
Outro pormenor confrangedor foram os cânticos na rua onde os apoiantes de Ségolene celebravam o revés eleitoral! Lembrei-me imediatamente de idêntico procedimento junto à praça do Marquez de Pombal, com os portugueses a festejarem a derrota contra a Grécia no europeu de futebol!
Este tipo de procedimento não é normal, nem representa o chamado bom perder, basta pensarmos nos tumultos e nos carros incendiados nos arredores de Paris pelos partidários de Ségolene, logo que foram conhecidos os resultados eleitorais. Em minha opinião nada disto tem a ver com as escolhas que a democracia promete, revela apenas orfandade política! Aqueles adeptos, iguais aos outros que festejavam a vitória de Sarkozy, não votaram em partidos políticos, estão filiados em clubes afectivos e agem em conformidade. Órfãos de pai, agarraram-se às saias de Ségolene como no campo oposto se agarram à segurança que o padrasto hungaro pode significar. Irremediávelmente divididos, cada francês busca em vão o seu Bonaparte, que até pode ser uma mulher!
Enquanto isto, os donos dos clubes alimentam-se e divertem-se!
É fácil definir a decadência, é um sentimento de perca, é também um facto que se pode medir, no caso francês, através de um índice insofismável – a língua francesa foi veículo universal de cultura até há bem pouco tempo, e hoje já não é.
Só reparamos que já não é, de repente, mas o declínio começou há muito tempo. Atrevo-me a situar uma data que por certo provocará ira e controvérsia – a tomada da Bastilha, marco de uma luta fratricida que a França celebra como seu dia nacional, o que não deixa de ser um paradoxo.
Estas considerações vêm a propósito das recentes eleições francesas ganhas por Sarkozy como poderiam ter sido ganhas por Ségolene, não foi isso que me impressionou! O que me chamou a atenção foram dois pequenos nadas que contrariam a versão oficial do acontecimento:
Assim, onde os analistas viram sinais de esperança pela enorme participação popular, eu vi desespero! A última ilusão para quem ainda não percebeu que o sufrágio não é um fim em si mesmo, mas apenas um meio para atingir um fim, que nenhum dos candidatos estava em condições de garantir. Apesar disso, os franceses entregaram-se ao sufrágio como um condenado aceita a sua pena. Votaram como se vota no terceiro mundo, em massa, mecanicamente, sabendo de antemão que a sua vida não mudará um milímetro.
Outro pormenor confrangedor foram os cânticos na rua onde os apoiantes de Ségolene celebravam o revés eleitoral! Lembrei-me imediatamente de idêntico procedimento junto à praça do Marquez de Pombal, com os portugueses a festejarem a derrota contra a Grécia no europeu de futebol!
Este tipo de procedimento não é normal, nem representa o chamado bom perder, basta pensarmos nos tumultos e nos carros incendiados nos arredores de Paris pelos partidários de Ségolene, logo que foram conhecidos os resultados eleitorais. Em minha opinião nada disto tem a ver com as escolhas que a democracia promete, revela apenas orfandade política! Aqueles adeptos, iguais aos outros que festejavam a vitória de Sarkozy, não votaram em partidos políticos, estão filiados em clubes afectivos e agem em conformidade. Órfãos de pai, agarraram-se às saias de Ségolene como no campo oposto se agarram à segurança que o padrasto hungaro pode significar. Irremediávelmente divididos, cada francês busca em vão o seu Bonaparte, que até pode ser uma mulher!
Enquanto isto, os donos dos clubes alimentam-se e divertem-se!
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