A pergunta pode não ocorrer a
muitos portugueses, iludidos com outras explicações, incapazes de relacionar o
regime que têm com a pouca vergonha que se passa, mas esse é o estado a que
chegámos e não por acaso. Tal incapacidade é o fruto programado de três
repúblicas que já levamos, diferentes na forma, não na substância.
Chegou agora a vez da Caixa Geral
de Depósitos! Foi assaltada, serviram-se dela para satisfazer as necessidades
da nomenclatura, a lista de devedores (dívidas eternas) que já se conhece não
deixa dúvidas a ninguém. Os contribuintes vão ter que pagar mais um desvario. Imparidades,
dizem eles! A parte positiva, se é que há alguma parte positiva na desgraça, é
que cai por terra o mito e argumento (comunista) da banca nacionalizada. E já
agora todos os mitos e argumentos em favor da bondade do serviço público sobre
o serviço privado. Sim, estou a falar da ‘escola pública’, da ‘saúde pública’,
dos ‘transportes públicos’, etc. As aspas têm a ver com a propaganda associada
a tais expressões. Mas como eu dizia, em república, aquela bondade ainda está
por provar. E já lá vão muitos séculos. As coisas pioram e tornam-se mais confusas
quando estamos a falar de um país onde é muito difícil separar o público do
privado! Tal é a promiscuidade e o compadrio!
Mas adiante. Reformulemos então a
pergunta que tem, penso eu, uma resposta imediata: - esta república serve
apenas os interesses da sua nomenclatura. Se por acaso contempla outros, é por
coincidência ou por necessidade estrita de se manter no poder. Sobre a
nomenclatura, o que a ciência política nos diz é mais ou menos o seguinte: -
trata-se de uma inevitável excrescência de qualquer revolução, produto da
mesma, e que no começo julga servir a comunidade, e como tal é aceite, mas depois
acaba a servir-se a si e aos seus. Isto também é inevitável
À pergunta porque é que em
monarquia não é assim?! Ou melhor, porque é que em monarquia não é possível
assaltar o estado e a partir daí construir uma teia de cumplicidades semelhante
a um polvo, a resposta é fácil e não me canso de a repetir: - Porque existe o
Rei, por natureza livre e independente, e não pertencendo a qualquer grupo só
ele está em condições de defender a república dela própria. Ele pode ser um
melhor ou pior chefe de estado, mas nunca será o chefe de uma corporação de interesses.
Sejam eles claros ou ocultos. E isso faz toda a diferença num país e no
comportamento cívico da respectiva comunidade.
Saudações monárquicas
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