terça-feira, agosto 06, 2019

Um país sob investigação!


Se alguma coisa distingue a justiça portuguesa de todas as outras é a investigação perpétua! Passamos a vida a investigar, depois embrulhamos tudo em gigantescos processos, que por sua vez dão origem a outros processos, num processo que aparentemente não tem fim. Isto dá emprego a muita gente desde ministério público, juízes, funcionários judiciais, advogados, sem esquecer as várias polícias de investigação, incluindo a GNR, para além da comunicação social quando lhe cheira a peixe graúdo.

Quem paga tudo isto é obviamente o contribuinte que já decorou, de tanto ouvir, o princípio da presunção de inocência, e já se habituou ao facto de haver crime mas raramente haver um culpado. Esta é uma regra que se aplica fundamentalmente aos crimes de natureza económica, ou de costumes, quando entre os presumíveis suspeitos possa estar alguém que está acima de qualquer suspeita! Uma vez por outra, surge um comentário menos abonatório sobre o nosso sistema judicial, mas a república continua impávida.

Dois exemplos recentes: - o ex-ministro Álvaro Santos Pereira acha estranho que passados cinco anos sobre o descalabro do BES ainda não haja ninguém preso!
E também soubemos esta semana que o juiz Rangel, arguido na operação Lex*, vai retomar as suas funções no Tribunal da Relação porque entretanto expirou o prazo de suspensão que lhe foi aplicado pelo Conselho Superior de Magistratura. Mas a investigação continua!

Não há nada a fazer. Somos viciados em investigação.


Saudações monárquicas


*A operação Lex investiga suspeitas de corrupção, branqueamento de capitais, tráfico de influências e fuga ao fisco.

Nota: Em tempos propus aqui neste espaço que quando houvesse suspeitas que envolvessem os chamados 'pilares do regime republicano', o Tribunal de Contas, no sentido de poupar os contribuintes deveria proibir as investigações arquivando imediatamente qualquer tentativa de processo. Pareceu-me na altura uma boa ideia.

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