"Riba
Dal é terra de judeus. Baldadamente, pelo ano fora, o Padre João
benze, perdoa, baptiza e ensina o catecismo por perguntas e
respostas.
- Quem é Deus?
- É um Ser todo poderoso, criador do Céu e da Terra.
Na
destreza com que se desenvencilham do interrogatório, não há quem
possa desconfiar que por detrás da sagrada cartilha está plantado
em sangue o Pentateuco. Mas está. E à hora da morte, quando a um
homem tanto lhe importa a Thora como os Evangelhos, antes que o abade
venha dar os últimos retoques à pureza da ovelha, e receba da
língua moribunda e cobarde a confissão daquele segredo –
abafador.
Desses
servos de Moisés, encarregados de abreviar as penas deste mundo e
salvar a honra do convento, o maior de que há memória é o
Alma-Grande.
Alto,
mal encarado, de nariz adunco, vivia no Destelhado, uma rua onde mora
ainda o vento galego, a assobiar sem descanso o ano inteiro. Quem
vinha chamar aquele pai da morte já sabia que tinha de subir pela
encosta acima a lutar como um barco num mar encapelado. (…) Diante
da casa, bastava gritar-lhe o nome.
- Tio Alma-Grande! Ó Tio Alma-Grande!
- Lá vai...
Daí
a nada a tenaz das suas mãos e o peso do seu joelho passavam guia ao
moribundo.
(…)"
Novos
Contos da Montanha (O Alma-Grande) excerto
Miguel Torga
Nota:
Depois desta transcrição não posso deixar de emitir algumas notas sobre este assunto que está na ordem do dia. E a minha primeira impressão é que, tal como no aborto, os arautos da morte são os mesmos. A mesma agenda, os mesmos lobos vestidos de cordeiros, o mesmo ódio à Igreja Católica, a mesma dissimulação laica, laicistas com todas as letras, piores, muito piores que todos os almas grandes deste mundo. Na verdade, no conto da montanha, a eutanásia era assunto familiar, segredo de clã, mas não era projecto ou etapa para fracturar a sociedade e aniquilar a sua matriz católica. Como hoje se verifica que é. Um dia vamos ter que defender a nossa identidade sem meias tintas.
Miguel Torga
Nota:
Depois desta transcrição não posso deixar de emitir algumas notas sobre este assunto que está na ordem do dia. E a minha primeira impressão é que, tal como no aborto, os arautos da morte são os mesmos. A mesma agenda, os mesmos lobos vestidos de cordeiros, o mesmo ódio à Igreja Católica, a mesma dissimulação laica, laicistas com todas as letras, piores, muito piores que todos os almas grandes deste mundo. Na verdade, no conto da montanha, a eutanásia era assunto familiar, segredo de clã, mas não era projecto ou etapa para fracturar a sociedade e aniquilar a sua matriz católica. Como hoje se verifica que é. Um dia vamos ter que defender a nossa identidade sem meias tintas.
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