segunda-feira, maio 30, 2005

O défice da III República

Quem assistiu à prestação de Sócrates no último debate parlamentar, e à desenvoltura com que, sem oposição, eliminava alguns escândalos da República não pode deixar de se questionar, como é que foi possível?
Sim, como é que em trinta anos de República, dita democrática e redentora, foi possível fabricar tantos regimes especiais, tantas mordomias, tantas desigualdades?
Esta é que era a questão das questões, mas o assunto foi ocultado por detrás da encenação do número do défice. No dia seguinte, a comunicação social também não se importou com o tema!
A outra pergunta imediata que ocorreria fazer, mas que também ninguém fez, era a seguinte:
Sócrates pretende apenas eliminar alguns dos escândalos mais evidentes, ou quer mesmo desactivar a máquina que lhes dá origem?
É que se for pela segunda hipótese, então o actual primeiro-ministro deve de imediato encurtar etapas e preparar o País para uma inevitável mudança de regime.
É preciso não esquecer que o garante deste sistema viciado de mordomias e desigualdades, tem sido, ou melhor, é, o próprio Chefe de Estado Republicano, e que portanto, não vale a pena ensaiar quaisquer reformas sem reformar primeiramente a chave e o fecho do sistema. O que quero dizer, é que é preciso voltar à nossa antiga e grande tradição monárquica, e travar de vez a decadência. A não ser que queiramos continuar a fazer experiências com Portugal?!

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