A representação era no mesmo teatro, com os mesmos actores, ali para os lados de S.Bento, e confesso que já não passo sem aquilo! As peças variam pouco, repetem-se muito, mas acabam por ser divertidas. Desta vez subia à cena “ Sócrates, o inconstante”, que traduzido do grego quer dizer, “ O número do défice”.
Sem nada a perder, sentei-me corajosamente defronte da televisão e preparei-me para enfrentar o número. Digo, corajosamente, porque gosto sempre de me colocar no papel dos actores e imaginar as dificuldades da representação, a oportunidade das deixas e dos apartes, em suma, reviver o drama. E neste sentido, não posso deixar de estar de consciência tranquila, uma vez que tenho feito alguns cortes na despesa! Por exemplo, nestes dias de euforia rubra, saio pouco, evito comprar jornais, não tenho gasto energia em rádios e televisões, e se isto continuar assim, ainda vou poupar muito dinheirinho. E, pasme-se, não me tem custado nada!
Mas voltemos ao número do défice. Um grande número, diga-se.
Enquanto os actores iam tomando os seus lugares, não pude deixar de reparar que não estavam tão unidos e contentes como na última representação de “Abril sempre”! Bem sei que são peças diferentes mas estavam esquisitos, apáticos, com pouco élan. Fazia estas comparações, quando fui surpreendido pela primeira cena – era um homem a fingir de primeiro-ministro que enquanto batia nos seus eleitores, ia distribuindo alguns rebuçados ao mesmo tempo!? Aquilo interessou-me. Já tinha visto uma cena semelhante com aquele mesmo actor, em que ele batia no homem da farmácia enquanto distribuía alka-seltzers e xaropes à população. Calculei logo que o autor deveria ser o mesmo.
Não me enganei. As cenas seguintes, também já as tinha visto. Para além de uns vagos lamentos, não havia oposição! Os agredidos até parecia que já estavam à espera de levar… e os rebuçados nem sequer eram para eles…
Nas últimas cenas, para mim as mais interessantes, enquanto a inexistente oposição andava “aos papéis”, o homem que fingia ser primeiro-ministro, resolveu fazer oposição a si mesmo, e encarnando o papel da ausente direita conservadora, cortou algumas benesses escandalosas, produzidas pelo regime de esquerda que ele próprio representava! O absurdo instalou-se no palco, mas o seu desempenho, há que reconhecer, melhorou. Parecia um primeiro-ministro de verdade… só que eu sabia que aquilo era teatro…Terminada a sessão, dei comigo a pensar que aquele homem, que ali se esforçava por governar, bem poderia ser, noutras circunstâncias, um primeiro-ministro real de um País a sério…
Sem nada a perder, sentei-me corajosamente defronte da televisão e preparei-me para enfrentar o número. Digo, corajosamente, porque gosto sempre de me colocar no papel dos actores e imaginar as dificuldades da representação, a oportunidade das deixas e dos apartes, em suma, reviver o drama. E neste sentido, não posso deixar de estar de consciência tranquila, uma vez que tenho feito alguns cortes na despesa! Por exemplo, nestes dias de euforia rubra, saio pouco, evito comprar jornais, não tenho gasto energia em rádios e televisões, e se isto continuar assim, ainda vou poupar muito dinheirinho. E, pasme-se, não me tem custado nada!
Mas voltemos ao número do défice. Um grande número, diga-se.
Enquanto os actores iam tomando os seus lugares, não pude deixar de reparar que não estavam tão unidos e contentes como na última representação de “Abril sempre”! Bem sei que são peças diferentes mas estavam esquisitos, apáticos, com pouco élan. Fazia estas comparações, quando fui surpreendido pela primeira cena – era um homem a fingir de primeiro-ministro que enquanto batia nos seus eleitores, ia distribuindo alguns rebuçados ao mesmo tempo!? Aquilo interessou-me. Já tinha visto uma cena semelhante com aquele mesmo actor, em que ele batia no homem da farmácia enquanto distribuía alka-seltzers e xaropes à população. Calculei logo que o autor deveria ser o mesmo.
Não me enganei. As cenas seguintes, também já as tinha visto. Para além de uns vagos lamentos, não havia oposição! Os agredidos até parecia que já estavam à espera de levar… e os rebuçados nem sequer eram para eles…
Nas últimas cenas, para mim as mais interessantes, enquanto a inexistente oposição andava “aos papéis”, o homem que fingia ser primeiro-ministro, resolveu fazer oposição a si mesmo, e encarnando o papel da ausente direita conservadora, cortou algumas benesses escandalosas, produzidas pelo regime de esquerda que ele próprio representava! O absurdo instalou-se no palco, mas o seu desempenho, há que reconhecer, melhorou. Parecia um primeiro-ministro de verdade… só que eu sabia que aquilo era teatro…Terminada a sessão, dei comigo a pensar que aquele homem, que ali se esforçava por governar, bem poderia ser, noutras circunstâncias, um primeiro-ministro real de um País a sério…
P.S.: Obrigado Vitória de Setúbal por estes momentos de descanso.
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