À força de quererem separar a Igreja do Estado, e não interessa agora discutir o motivo ou os motivos que estiveram e estão na origem desta escolha política, as sociedades ocidentais deixaram sem representação um dos aspectos essenciais da natureza humana: a sua religiosidade!
Embrenhada nas profundezas culturais de determinada comunidade, essa mesma religiosidade acabava por estar politicamente representada no chefe de estado monárquico, na sua qualidade de vínculo histórico, que assim resolvia, melhor ou pior, o complexo de tensões sociais entre os diversos agentes políticos e religiosos, conseguindo por seu lado mobilizar estes últimos para a concórdia geral, na medida em que os envolvia na prossecução dos objectivos comuns dessa mesma comunidade.
Esta razoável harmonia, correspondente a uma identidade clara e indiscutível, sofreu como se sabe, um primeiro grande revés com a chamada reforma protestante que assim quebrou a unidade, que atravessou séculos, de obediência ao Sumo Pontífice.
A partir daqui é fácil perceber o declínio da Europa bem como todas as sequelas que hoje nos confundem e dividem, com o laicismo premente, de natureza fundamentalista, a empurrar-nos, mais e mais, para um buraco escuro donde será difícil sermos resgatados.
É neste contexto que temos que entender a nossa emergente incapacidade para lidar com culturas diferentes, como o Islão por exemplo, que se recusa a seguir o modelo ocidental já que não admite cortar com Deus ao nível da representação do Estado.
Curioso é neste ponto notarmos, e já não é a primeira vez que o faço notar, que os grandes apóstolos do laicismo e da separação da Igreja do Estado, e também por isso, os grandes adversários do Islão, são os países onde não existe uma separação nítida entre a religião e o Estado!!! Refiro-me naturalmente a Israel, Inglaterra e Estados Unidos, pois claro. Bastava este facto, para qualquer um desconfiar das respectivas promessas políticas, agora imaginem os muçulmanos!
É de facto caricato, por absurdo, tudo o que se passa à nossa volta: os americanos e os ingleses armados em cruzados, eles que não obedecem à única Entidade que as convocou no passado e que teria legitimidade para as convocar no presente – o Papa, que aliás tem condenado firmemente este tipo de ‘cruzadas’. E por outro lado não deixa de ser estranho que nesta ‘cruzada’ surja como aliado dos tais ‘cruzados’, um povo que a história assinala como responsável pela própria crucificação de Cristo!
Tudo isto é muito difícil de compreender!
E termino como comecei: se tudo aquilo que tem natureza política, aspira naturalmente a ser representado, também é verdade que essa representação quando é ilegítima ou quando é reprimida, suscita um movimento reactivo de quem se sente amordaçado, movimento que se torna rápidamente incontrolável, e está sempre disponível para afrontar a falsa cultura dominante em surpreendentes ‘tsunamis’!
Não vale a pena depois chamar-lhes terroristas.
Embrenhada nas profundezas culturais de determinada comunidade, essa mesma religiosidade acabava por estar politicamente representada no chefe de estado monárquico, na sua qualidade de vínculo histórico, que assim resolvia, melhor ou pior, o complexo de tensões sociais entre os diversos agentes políticos e religiosos, conseguindo por seu lado mobilizar estes últimos para a concórdia geral, na medida em que os envolvia na prossecução dos objectivos comuns dessa mesma comunidade.
Esta razoável harmonia, correspondente a uma identidade clara e indiscutível, sofreu como se sabe, um primeiro grande revés com a chamada reforma protestante que assim quebrou a unidade, que atravessou séculos, de obediência ao Sumo Pontífice.
A partir daqui é fácil perceber o declínio da Europa bem como todas as sequelas que hoje nos confundem e dividem, com o laicismo premente, de natureza fundamentalista, a empurrar-nos, mais e mais, para um buraco escuro donde será difícil sermos resgatados.
É neste contexto que temos que entender a nossa emergente incapacidade para lidar com culturas diferentes, como o Islão por exemplo, que se recusa a seguir o modelo ocidental já que não admite cortar com Deus ao nível da representação do Estado.
Curioso é neste ponto notarmos, e já não é a primeira vez que o faço notar, que os grandes apóstolos do laicismo e da separação da Igreja do Estado, e também por isso, os grandes adversários do Islão, são os países onde não existe uma separação nítida entre a religião e o Estado!!! Refiro-me naturalmente a Israel, Inglaterra e Estados Unidos, pois claro. Bastava este facto, para qualquer um desconfiar das respectivas promessas políticas, agora imaginem os muçulmanos!
É de facto caricato, por absurdo, tudo o que se passa à nossa volta: os americanos e os ingleses armados em cruzados, eles que não obedecem à única Entidade que as convocou no passado e que teria legitimidade para as convocar no presente – o Papa, que aliás tem condenado firmemente este tipo de ‘cruzadas’. E por outro lado não deixa de ser estranho que nesta ‘cruzada’ surja como aliado dos tais ‘cruzados’, um povo que a história assinala como responsável pela própria crucificação de Cristo!
Tudo isto é muito difícil de compreender!
E termino como comecei: se tudo aquilo que tem natureza política, aspira naturalmente a ser representado, também é verdade que essa representação quando é ilegítima ou quando é reprimida, suscita um movimento reactivo de quem se sente amordaçado, movimento que se torna rápidamente incontrolável, e está sempre disponível para afrontar a falsa cultura dominante em surpreendentes ‘tsunamis’!
Não vale a pena depois chamar-lhes terroristas.
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