terça-feira, março 06, 2007

A doença da saúde

Para tratarem de um problema educativo convidaram os médicos! Para tratarem de um desgraçado que tem ou teve nome, que tem ou teve uma vida para viver, falaram de redução de danos! Como mensagem para a juventude falaram de rendição, de facilitismo, de salas de chuto!
Com as vocações às avessas, dois médicos e meio protestaram caridade pelos excluídos, propondo-se ‘tratar-lhes da saúde’ enquanto se injectam! E digo dois médicos e meio, porque o ‘psiquiatra liberal de serviço’ estava mais preocupado em não afrontar o ‘sábio da sida’ do que propriamente em definir-se e demarcar-se claramente de um projecto desumano, que apenas serve, ou a vaidade, ou a manutenção do corporativismo público que há mais de trinta anos é responsável pela política vigente.
Como bem lembrou Manuel Pinto Coelho, já é a segunda vez que o organismo da ONU, especializado nas questões do combate à toxicodependência, condena as opções de Portugal! No primeiro caso, relativamente ao enfoque exagerado na política de redução de danos através de drogas de substituição, em prejuízo do esforço que deveria ser consagrado ao tratamento e recuperação do indivíduo, da pessoa humana que ali está, e que no fundo espera, não por uma troca de seringas, não por preservativos, muito menos que lhe dêem droga para consumir! O que qualquer ser humano espera, por mais degradada que seja a situação em que se encontre, é por uma palavra de esperança, afiançando que é possível sair da cova em que caiu, projectando-se de novo em direcção à vida, como bem observou, numa intervenção humana e lúcida, o Padre Pedro Quintela!
De facto como se espera atrair e dar força a alguém para se recuperar, se andamos atrás deles com carrinhas por toda a cidade a oferecer metadona, seringas, e tudo o mais!
Nesta altura, normalmente o que se argumenta é que este tipo de intervenção, por ser bebível, diminui drasticamente a incidência de doenças como o HIV provocadas pela promiscuidade no uso das drogas injectáveis. Não era o assunto em discussão, mas a verdade é que os números, em escalada assustadora, têm desmentido o acerto destas políticas. Números que o insuspeito ‘sábio da sida’ se encarregou de desfilar e que nos colocam no último lugar de qualquer escala entre os países europeus!
Então não aprendemos nada com os erros? Ou estamos à espera que estas salas de chuto, e mais uma vez à revelia do parecer de organismos especializados, venham elas resolver o que quer que seja?! Para além dos malefícios apontados!
No resto tratou-se de uma mais uma manobra de propaganda do Governo utilizando a televisão pública de forma bem programada. E que deveria até merecer uma intervenção da provedoria interna, tal o tempo usufruído pela ‘propaganda’ em detrimento dos poucos participantes que defendiam e defendem o tratamento e a recuperação de seres humanos como nós.
E sem os tratar como coitadinhos.

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