quinta-feira, outubro 12, 2017

O processo da República!

A maioria dos comentadores da nossa praça, escribas de nomeada, chegou finalmente a um consenso: - ‘O processo marquês é o processo do regime’! Mas nunca adjectivam o regime, nunca dizem que é do regime republicano que se trata. Como se para além da monarquia houvesse um cardápio de regimes para escolher! Não, não há, e eles sabem disso ou deviam saber. Como deviam saber que as repúblicas ditas democráticas* não têm defesa perante o assalto de grupos organizados! Grupos que fácilmente instrumentalizam o voto das populações, se alapam ao aparelho de estado, e só de lá saem pela força ou por força de alguma crise externa. As três mil escutas do processo marquês comprovam isso mesmo: - desde as pessoas às instituições a república está lá toda, em peso! O mau da fita neste momento é Sócrates, mas podia ser outro, e outro, já que o regime republicano, como disse, é permeável a todas as promiscuidades. A todas as cumplicidades. 

A justiça, entretanto, poderá ou não concluir o seu trabalho mas no plano estritamente político não deixa de ser insólito que o actual primeiro-ministro tenha sido o número dois do último governo de Sócrates! Se faltasse uma prova sobre a fragilidade republicana, ela aí está! Os escribas de nomeada não levantam esta questão, o que é estranho! Aliás resolvem o problema com um sofisma - quando não lhes convém dizem que é um caso de justiça, quando lhes convém dizem que é um assunto da política!

Saudações monárquicas



*As repúblicas ditas democráticas depois de assaltadas passam a não democráticas. Portugal, como se conclui pela acusação já está nessa fase. Ainda há eleições mas nada muda nem pode mudar. E foi preciso haver uma crise internacional para chegarmos ao processo marquês! Porque senão a terceira república ainda aí estava, triunfal, a roubar-nos o futuro. 

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