segunda-feira, maio 20, 2019

A guerra das medalhas


A república se quer distribuir títulos honoríficos tem em primeiro lugar que compreender a substância da coisa. Um 'Everest' difícil de transpor para quem troçava da monarquia* e pensa que aquilo são taças ou troféus que se distribuem pelos campeões disto e daquilo. Não é bem assim, convém incluir nessas distinções a noção de direito/dever, de exemplo para os vindouros, que lhes deve andar sempre associado. E nessas circunstâncias o dez de junho seria bastante mais curto e mais sensato. Porém, sendo o que é, podem acontecer posteriormente cenas ridículas como seja querer arrancar do pescoço de algum comendador, entretanto caído em desgraça, a medalha que afinal lhe foi atribuída por engano! Uma trapalhada.

Mais ridículo ainda são aqueles comendadores que ameaçam devolver as medalhas por acharem que um deles (para já) não é digno de pertencer à Ordem em questão! Se a moda pega teremos em breve a assembleia da república a fazer o exame prévio dos candidatos à 'valsinha das medalhas'**.


*Na monarquia, pelo menos até 1820, os títulos tinham, para além da recompensa, uma função social. E comprometiam quer o agraciado quer os seus descendentes.

** Letra e música de Rui Veloso.

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