quinta-feira, novembro 18, 2021

Os lordes da república!

 

Antes de mais e para que não haja confusões é preciso dizer que faz todo o sentido haver uma câmara alta no Parlamento. E chamem-se Lordes ou Pares do Reino, não é o nome que interessa, mas sim a herança que transportam para a vida pública. O mais importante é serem economicamente independentes do estado, condição essencial para produzirem decisões ou pareceres também eles independentes da espuma dos dias.


Aliás e para esclarecer já este assunto, um dos defeitos apontados à Câmara dos Pares, câmara alta que funcionou durante a monarquia constitucional, teve a ver precisamente com o facto dos nossos Pares não se distinguirem em termos de independência económica dos deputados comuns que eram eleitos em cada legislatura. Eram 'pares do reino' pelo sangue apenas, a muitos faltava a independência económica compatível. Isso nunca aconteceu nem acontece na Câmara dos Lordes em Inglaterra e por isso ela continua a ser útil.


Passemos então à república que temos, ao seu parlamento, onde quase tudo é falso ou pervertido. Existe apenas uma câmara, dita comum, e onde todos os deputados se vangloriam de ter sido eleitos pelo povo! O problema é que não foram, nem vão ser. Daí a 'guerra das listas' a que assistimos, uma guerra que atravessa todos os partidos, e que está ao rubro no PSD e no CDS porque pode haver mudança de líder e porque é o líder, em vez dos eleitores, quem escolhe os futuros deputados.


Estão em causa salários, regalias, tempo de antena e outras formas de poder mais ou menos perpétuo. Um poder irresponsável perante os eleitores e que estes não podem remover. Daí a apetência pelo lugar e a fidelidade canina ao presuntivo chefe partidário.

Por outro lado (ou pelo mesmo lado) a julgar pelos apelidos de muitos deputados parece que o cargo se transmite por via sanguínea consubstanciando assim uma verdadeira aristocracia republicana. Por exemplo, se o pai foi deputado, o filho ou a filha tem grandes probabilidades de vir a ser.


A bem da nação, nas costas dos eleitores e pago pelos contribuintes.



Saudações monárquicas


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