Quando a última "incursão monárquica" chegou a Cacela, no sotavento algarvio, estava reduzida a dois homens - tio e sobrinho!
Corria o ano de 1975, a coberto da noite, dois vultos aproximaram-se da velha Torre do Bispo, uma quinta em ruínas à saída de Vila Nova de Cacela, onde então habitava "António da Torre", nome poético do nosso contacto no Algarve!
O velho monárquico, rijo nos seus oitenta anos, recebeu-nos a meio da escada, com um candeeiro a petróleo na mão, e confesso que aquela cena, tão recuada no tempo, instalou momentaneamente alguma dúvida sobre o sucesso da causa?!
Mas a saudação espontânea e surpreendente, trouxe-nos de novo a certeza de que era quem procurávamos :
- Como estão os meus ex-futuros amigos?
António Drago, advogado de profissão, mas sobretudo advogado do seu semelhante contra as inclemências da sorte ou da política, era conhecido em todo o Algarve, de sotavento ao barlavento, e dele se dizia que era "um homem cheio de partes", tradução para algarvio de "homem das arábias"!
Não precisava de usar documentos ou dinheiro, não tinha carro, e ainda dava "as suas ordens” à população, no largo da Vila ou na Praça do mercado! Isso mesmo constatámos nós, no dia seguinte, quando se tornou necessário ir a Faro para contactar potenciais candidatos monárquicos.
A presença e os conhecimentos de António Drago eram fundamentais e por isso pedimos-lhe que fosse connosco. Sem hesitar, olhou em volta e chamou:
Corria o ano de 1975, a coberto da noite, dois vultos aproximaram-se da velha Torre do Bispo, uma quinta em ruínas à saída de Vila Nova de Cacela, onde então habitava "António da Torre", nome poético do nosso contacto no Algarve!
O velho monárquico, rijo nos seus oitenta anos, recebeu-nos a meio da escada, com um candeeiro a petróleo na mão, e confesso que aquela cena, tão recuada no tempo, instalou momentaneamente alguma dúvida sobre o sucesso da causa?!
Mas a saudação espontânea e surpreendente, trouxe-nos de novo a certeza de que era quem procurávamos :
- Como estão os meus ex-futuros amigos?
António Drago, advogado de profissão, mas sobretudo advogado do seu semelhante contra as inclemências da sorte ou da política, era conhecido em todo o Algarve, de sotavento ao barlavento, e dele se dizia que era "um homem cheio de partes", tradução para algarvio de "homem das arábias"!
Não precisava de usar documentos ou dinheiro, não tinha carro, e ainda dava "as suas ordens” à população, no largo da Vila ou na Praça do mercado! Isso mesmo constatámos nós, no dia seguinte, quando se tornou necessário ir a Faro para contactar potenciais candidatos monárquicos.
A presença e os conhecimentos de António Drago eram fundamentais e por isso pedimos-lhe que fosse connosco. Sem hesitar, olhou em volta e chamou:
- Ouve lá "Manel", aonde é que vais? -"Vou almoçar, Doutor, que se faz tarde!" - Não vais nada! Almoças comigo! - Precisamos de ti e do teu carro para irmos todos a Faro!
Resignado e com um sorriso de compreensão, o "Manel", que não tinha nada a ver com as "nossas monarquias", limitou-se a repetir - "Se o Doutor diz que é preciso ir a Faro, vamos a Faro!" E fomos!
Mas a "história" que a memória se recusa a esquecer, aconteceu quando António Drago, na força da vida e das conspirações, foi detido, mais uma vez, para averiguações !
No Posto da Guarda, o Comandante, querendo inteirar-se sobre as suas "ligações perigosas", encaminhou a conversa para o nome de Mouzinho de Albuquerque!
Ora, este Mouzinho de Albuquerque, provável descendente do herói de Chaimite, (o que aprisionou o Gungunhana), era ao tempo, oficial do Exército e cavaleiro olímpico de nomeada, tendo inclusivamente conquistado para Portugal uma medalha de bronze na Taça das Nações de hipismo!
Fosse pelo que fosse, o Comandante da Guarda insistiu na ligação e perguntou-lhe:
- Doutor Drago, o senhor conhece o Mouzinho de Albuquerque?
António Drago, de imediato, lança a dúvida fulminante:
- Qual deles? O épico ou o hípico?
Resignado e com um sorriso de compreensão, o "Manel", que não tinha nada a ver com as "nossas monarquias", limitou-se a repetir - "Se o Doutor diz que é preciso ir a Faro, vamos a Faro!" E fomos!
Mas a "história" que a memória se recusa a esquecer, aconteceu quando António Drago, na força da vida e das conspirações, foi detido, mais uma vez, para averiguações !
No Posto da Guarda, o Comandante, querendo inteirar-se sobre as suas "ligações perigosas", encaminhou a conversa para o nome de Mouzinho de Albuquerque!
Ora, este Mouzinho de Albuquerque, provável descendente do herói de Chaimite, (o que aprisionou o Gungunhana), era ao tempo, oficial do Exército e cavaleiro olímpico de nomeada, tendo inclusivamente conquistado para Portugal uma medalha de bronze na Taça das Nações de hipismo!
Fosse pelo que fosse, o Comandante da Guarda insistiu na ligação e perguntou-lhe:
- Doutor Drago, o senhor conhece o Mouzinho de Albuquerque?
António Drago, de imediato, lança a dúvida fulminante:
- Qual deles? O épico ou o hípico?
O Comandante da Guarda, assim desarmado, rendeu-se... com um sorriso!
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