Vi jeitos do homem ser saneado nos dias tumultuosos de Abril, associaram-no ao Estado Novo, às longas celebrações do dez de Junho, à guerra colonial, por tudo isso, Camões estava no banco dos réus!
Mas a memória é curta, porque por outras provações já tinha passado o poeta enquanto morto!
Pode dizer-se que tudo começou em 1880, numa iniciativa para celebrar o terceiro centenário da sua morte, data entretanto adquirida através de um documento perdido na Torre do Tombo. As comemorações foram um êxito o que aguçou o apetite do emergente partido republicano decidido a apropriar-se de Luís Vaz. Apropriou-se primeiro da Câmara de Lisboa e de imediato decretou o dia dez de Junho como feriado municipal. A estratégia era clara, tratava-se de assegurar uma solenidade laica e republicana que fizesse o contraponto com a festa religiosa e popular do Santo António. Aproveitava ainda o clima de confusão e de arraial para realizar as suas manifestações contra a monarquia.
Camões estava de novo em maus lençóis, tornara-se republicano e ateu! E carbonário!
A partir daqui, a vida do poeta transformou-se num verdadeiro inferno:
O Camões republicano é sucessivamente confrontado com o verso e o reverso da mesma medalha, exibe pedigree e é molestado por isso, vai defender as colónias e é criticado por isso, sem saber mais o que fazer, disfarça-se com múltiplos apelidos, e hoje em dia, no seu dia, faz tournées para animar os emigrantes.
Se fosse vivo, se soubesse da independência a perder-se, exclamaria como da outra vez – “Antes a morte que tal sorte”!
Post-Scriptum: Para memória futura esclarece-se que a expressão “Dia da Raça” foi introduzida em 1924, curiosamente ainda na vigência da primeira República. O Estado Novo, uma vez entronizado, recuperou aquela expressão, instituiu o feriado nacional, passando o ‘dez de Junho’ a ser também designado como Dia de Portugal. Com o 25 de Abril de 1974, a terceira República resolveu apagar a Raça e exaltar a emigração.
Portanto, e até ver, a certidão de narrativa completa do ‘dez de Junho’ é a seguinte: Dia de Camões, de Portugal e das Comunidades Portuguesas.
Mas a memória é curta, porque por outras provações já tinha passado o poeta enquanto morto!
Pode dizer-se que tudo começou em 1880, numa iniciativa para celebrar o terceiro centenário da sua morte, data entretanto adquirida através de um documento perdido na Torre do Tombo. As comemorações foram um êxito o que aguçou o apetite do emergente partido republicano decidido a apropriar-se de Luís Vaz. Apropriou-se primeiro da Câmara de Lisboa e de imediato decretou o dia dez de Junho como feriado municipal. A estratégia era clara, tratava-se de assegurar uma solenidade laica e republicana que fizesse o contraponto com a festa religiosa e popular do Santo António. Aproveitava ainda o clima de confusão e de arraial para realizar as suas manifestações contra a monarquia.
Camões estava de novo em maus lençóis, tornara-se republicano e ateu! E carbonário!
A partir daqui, a vida do poeta transformou-se num verdadeiro inferno:
O Camões republicano é sucessivamente confrontado com o verso e o reverso da mesma medalha, exibe pedigree e é molestado por isso, vai defender as colónias e é criticado por isso, sem saber mais o que fazer, disfarça-se com múltiplos apelidos, e hoje em dia, no seu dia, faz tournées para animar os emigrantes.
Se fosse vivo, se soubesse da independência a perder-se, exclamaria como da outra vez – “Antes a morte que tal sorte”!
Post-Scriptum: Para memória futura esclarece-se que a expressão “Dia da Raça” foi introduzida em 1924, curiosamente ainda na vigência da primeira República. O Estado Novo, uma vez entronizado, recuperou aquela expressão, instituiu o feriado nacional, passando o ‘dez de Junho’ a ser também designado como Dia de Portugal. Com o 25 de Abril de 1974, a terceira República resolveu apagar a Raça e exaltar a emigração.
Portanto, e até ver, a certidão de narrativa completa do ‘dez de Junho’ é a seguinte: Dia de Camões, de Portugal e das Comunidades Portuguesas.
Sem comentários:
Enviar um comentário