domingo, setembro 30, 2012

A minha remodelação

De acordo com o que se ouve e escreve parece imperiosa uma remodelação governamental! Fala-se em remodelação de caras e aumento de ministérios. De caras no sentido de serem afastados os ministros que incomodam alguns interesses corporativos. Aumento de ministérios porque essa é a psicose socialista de aumentar permanentemente o estado e as suas funções.


Não vou por aí, a remodelação que proponho é mais profunda, dói mais, mas custa menos à nação.


Antes porém, recordemos o ponto de partida. Se bem se lembram defini, alguns postais atrás, quem eram de facto os verdadeiros governantes deste país. E também se lembram que nessa altura estabeleci a respectiva hierarquia por ordem decrescente de importância. Vinha em primeiro lugar a troika, seguindo-se o longo cortejo dos vários poderes fácticos: - o poder oculto das maçonarias, os órgãos onde estes figurões se aninham, os tribunais superiores, o poder da rua, e finalmente o governo eleito. A este conjunto riquíssimo de governantes há que acrescentar a preciosa colaboração da comunicação social que amplifica as diversas intervenções consoante a análise que faz do seu próprio serviço público!


Remodelemos então:


Não sendo possível remodelar a troika, por ser estrangeira, comecemos pelo poder oculto.


Sei que é tarefa complexa, por ser oculto, mas podemos fazer um esforço, quanto mais não seja, em nome da transparência que se exige aos governantes. Nesse sentido, a obrigatoriedade do registo de interesses já seria um passo importante. Ou seja, o candidato, ou candidata, a cargo público relevante (refiro-me fundamentalmente aos órgãos de soberania) teria que dizer se pertence ou não a organizações discretas, de obediência secreta, para que todos saibamos, em caso de conflito de interesses, para que lado pende o seu coração. Claro que o candidato pode sempre mentir, mas esse já é outro problema. E fica registada a hipotética mentira.



Clarificados os homens, ficam clarificados os órgãos, tornando possível remodelar em nome da equidade e da decência. Assim, talvez fosse necessário ponderar a influência de determinadas ‘irmandades’ em determinados órgãos. Em especial no que toca aos tribunais superiores. É o problema da desconfiança na justiça! Noutra vertente, a duplicação de cargos e a sobreposição de entidades, com as mesmas pessoas, ao melhor estilo leninista, é algo que também necessita de remodelação urgente.


Curiosamente, na assembleia da república, passa-se um pouco o contrário! Aí, existem imensas pessoas que os portugueses desconhecem! Não votaram nelas, nem fazem ideia de como lá foram parar! Isto acontece por causa da lei eleitoral, devido ao sistema de listas, que coloca o poder representativo nas mãos dos chefes partidários! Mudar este sistema (o sistema de listas) é uma prioridade na minha remodelação.



Mas também precisamos de quotas, não de quotas por sexo, mas de quotas de independência e mérito. Por exemplo, todos desconfiamos que há um excesso de advogados na assembleia da república, um excesso corporativo que transformou o parlamento numa fábrica de leis! Também aqui é preciso remodelar. Remodelar para diversificar. Para além disso, temos que chamar para o parlamento pessoas com experiência de vida, pessoas bem sucedidas na sua profissão, sobretudo pessoas que não dependiam do orçamento de estado.


Se calhar, se esta condição fosse hoje aplicada, a actual assembleia da república esvaziava-se rápidamente. Ficavam lá meia dúzia!


Por isso é preciso fazer qualquer coisa. É que se não fizermos nada corremos o risco de estar a alimentar um hemiciclo que funciona em circuito fechado. E assim não é de admirar que as leis que dali emanam sirvam interesses que não coincidem com os interesses da população.



A remodelação já vai longa mas não posso terminar sem uma remodelaçãozinha na comunicação social, em especial nas televisões. Como bem sabem cabe-lhes satisfazer um caderno de encargos bastante exigente, uma vez que operam (todas elas) em regime de concessão. Entre os encargos sobressai a obrigação de serviço público, coisa que raramente cumprem, quando não se transformam elas próprias em agentes de sabotagem desse mesmo serviço!


Ora eu não conheço melhor serviço público do que ter em conta a vontade soberana do povo português, vontade essa que se exprime nas urnas em cada eleição. Por conseguinte a remodelação passa por obrigar as televisões a respeitarem em termos informação política (e de comentário político) os resultados eleitorais. Sem prejuizo naturalmente de algum contraditório mais pertinente. Explico: se o governo diz ‘sim’ e a oposição diz ‘não’ o que devia acontecer no final de cada dia informativo (e de comentário) seria um número de minutos (dedicados à controvérsia) que se assemelhasse à contabilidade eleitoral. Mas não é nada disso que se passa. Os microfones estendem-se generosamente a todos quantos discordam de determinada medida do governo, e os que concordam, que são naturalmente a maioria absoluta, acabam práticamente silenciados! Isto é o quê?! Liberdade de informação?! Serviço anti-público?!


Mas tudo na vida tem remédio. E a solução passa mais uma vez por uma remodelação (corajosa) que pode chegar à suspensão da licença ao concessionário prevaricador.



Como vêm, não custa nada.





Saudações monárquicas

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