segunda-feira, junho 12, 2017

O dia do rafeiro

Em Portugal até os rafeiros têm raça! Ou se não têm arranjam uma, um pedigree qualquer, afinal somos todos filhos de Adão e Eva. Há repartições que registam o facto, paga-se qualquer coisa, e vem-se de lá com uma linhagem de se lhe tirar o chapéu.
E como há dias para tudo resolvemos hoje celebrar o rafeiro, o rafeiro em estado puro, espécie muito frequente nas nossas cidades e onde se reproduz fácilmente. Já não é assim no interior do país, menos acolhedor, desértico, com menos oportunidades para abanar a cauda, gesto de sociabilidade e louvor sem a qual não sobrevivem.
Mas a qualidade mais apreciada é indiscutivelmente a fidelidade! A fidelidade a quem lhe dá a comidinha todos os dias! Também é bom guarda, ladra por tudo e por nada, não vá o prato fugir-lhe! Às vezes acontece mudar de dono e aí as suas qualidades de adaptação vêm mais uma vez ao de cima. Até que surge a frase inevitável – foi com rafeiros deste quilate que chegámos onde chegámos! Esta conclusão sempre me pareceu exagerada pois vejo-os sempre a dormitar e com pouca vontade para aventuras. Mas pronto, é o dia deles, vivam os rafeiros!


Saudações monárquicas


Nota básica: Para escrever este texto inspirei-me no rafeiro que tenho lá em casa, sempre disponível para comer e dormir. Neste sentido qualquer semelhança com outros rafeiros é pura coincidência.

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